Carcinoma hepatocelular (CHC) avançado
O carcinoma hepatocelular (CHC) é um tumor agressivo que geralmente ocorre no contexto de doença hepática crônica e cirrose. Normalmente, é diagnosticado no final do curso da doença hepática crônica, o que resulta em uma sobrevida média após o diagnóstico de 6-20 meses.
O câncer de fígado é a quinta neoplasia mais comum e a terceira causa de morte no mundo. A idade média de acometimento da doença é entre 50-60 anos de idade, ocorrendo cerca de 5x mais em homens do que em mulheres.
As opções de tratamento para CHC são divididas em terapias cirúrgicas e terapias não cirúrgicas. No entanto, grande parte dos pacientes não é elegível à cirurgia devido à extensão do tumor, ou por disfunções hepáticas adicionais. As terapias não cirúrgicas podem ser direcionadas ao próprio fígado, ou de forma sistêmica, como quimioterapia, terapia alvo molecular, imunoterapia.
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Lenvatinibe – o que é e para que serve?
O Lenvatinibe (Lemvima®) é um agente antineoplásico que tem como alvo diversos receptores do tipo tirosina-quinase. A inibição destes receptores leva à diminuição do crescimento do tumor e da progressão do câncer.
A combinação de com Everolimo (Certican®) já demonstrou aumento da atividade antiangiogênica e antitumoral e é utilizada em pacientes com carcinoma de células renais avançado. Ainda, o uso de Lenvatinibe é indicado para pacientes com carcinoma diferenciado de tireoide e carcinoma endometrial em associação ao Pembrolizumabe (Keytruda®).
Em CHC avançado e inoperável, o uso de Lenvatinibe em monoterapia é bem tolerado e com boas taxas de resposta, porém seus benefícios ainda são um tanto quanto limitados. Ainda, faltam dados específicos ou biomarcadores que ajudem os profissionais na escolha entre Lenvatinibe vs. Sorafenibe, por exemplo.
Novo estudo, novas perspectivas
Cerca de metade dos pacientes com CHC avançado possuem altos níveis do fator de crescimento epidérmico (EGFR). Esse aumento de EGFR induz ainda mais o crescimento e proliferação tumoral.
Um novo estudo sugere que o Lenvatinibe em combinação com a inibição de EGFR pode ser uma estratégia promissora para melhorar o quadro clínico de alguns pacientes. No estudo, os autores viram que a inibição de EGFR pela associação de Gefitinibe (Iressa®) resultou em aumento da sensibilidade das células hepáticas ao Lenvatinibe, tendo aumento dos efeitos anti-proliferativos.
Embora os resultados brilhem aos olhos, todas as alterações precisam ser consideradas, como o consenso que CHC costuma ocorrer em pacientes com doença hepática pré-existente. Ainda, é importante destacar que alguns dos pacientes possam ter receberido adicionalmente imunoterapia, o que pode influenciar nos resultados encontrados.
Estudo clínico
Para validar os achados desse trabalho, os autores propuseram um estudo clínico (NCT04642547) que encontra-se ativo e ainda recrutando pacientes. A estimativa é de avaliar 30 pacientes com CHC inoperável e altas taxas de EGFR até outubro de 2022, submetidos à terapia combinada de Lenvatinibe + Gefitinibe.
Segundo os autores, após 4-8 semanas de uso combinação dos medicamentos em 12 pacientes, 4 estabilizaram a doença, 4 tiveram uma resposta parcial e 4 progrediram. Esses dados sugerem que o tratamento em combinação com as duas drogas é promissor em pacientes com CHC.
CONCLUSÃO
Tumores são, por sua definição, heterogêneos. Melhorar a compreensão sobre a tumorigênese ainda representa um desafio em casos de carcinomas como o CHC avançado. Explorar a combinação de terapias-alvo ajuda a controlar e direcionar o tratamento do câncer, visando a melhora na qualidade de vida dos pacientes.
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Referências
Jin et al. EGFR activation limits the response of liver cancer to Lenvatinib. Nature. 2021.
Marilynn Larkin. Lenvatinib Plus Gefitinib Promising in Liver Cancer. 2021.