Influenza: subtipos virais, sinais e sintomas, diagnóstico e tratamento

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A infecção pelo vírus Influenza (gripe) é uma infecção respiratória viral aguda que afeta todas as faixas etárias e está associada a alta mortalidade durante pandemias, epidemias e surtos esporádicos.

Quase 10% da população mundial é afetada pela gripe anualmente, com cerca de meio milhão de mortes a cada ano. Esse vírus tem alta capacidade de adaptação e mutação, e espalha-se rapidamente, resultando em uma constante preocupação para a saúde pública.

Etiologia e transmissão

Os vírus Influenza, pertencentes à família Orthomyxoviridae, são um conjunto de vírus de RNA, divididos em três tipos principais: A, B e C. O subtipo A é o mais comum e preocupante em termos de saúde humana, pois é responsável por epidemias sazonais e pandemias.

INFLUENZA A: patógeno de maior virulência, infectam tanto humanos quanto animais. As proteínas de superfície do vírus, hemaglutinina (H1-19) e neuraminidase (N1-6), são essenciais para a classificação dos subtipos do vírus Influenza A. A variação dessas proteínas é a base para a diversidade viral e a capacidade de evadir a imunidade existente.

São responsáveis por grandes surtos e epidemias ao longo da história:

  • H1N1 → gripe espanhola (1918) e gripe suína (2009).
  • H5N2 → gripe aviária (2004).

INFLUENZA B: menos comum que tipo A, infectam apenas humanos. Apresenta mutações mais lentas, dificilmente causando epidemias.

INFLUENZA C: tipo menos comum de todos, ligado a casos leves/moderados em crianças.

influenza

O período de incubação dura em média de 1-4 dias. O período de transmissibilidade dura cerca de 1-6 dias após contato inicial com o vírus.

A principal forma de transmissão do vírus Influenza ocorre por meio de gotículas respiratórias expelidas por pessoas infectadas. Quando uma pessoa com gripe tosse, espirra ou fala, pequenas partículas de saliva ou muco contendo o vírus são liberadas no ar. Essas gotículas podem ser inaladas por pessoas próximas, especialmente se estiverem a uma distância de até um metro do indivíduo infectado.

Além da transmissão por gotículas, o vírus Influenza também pode ser transmitido indiretamente por meio do contato com superfícies contaminadas. Se uma pessoa infectada tocar em uma superfície, como maçanetas, corrimãos ou objetos de uso compartilhado, e outra pessoa tocar nesses mesmos objetos e, em seguida, tocar o rosto (olhos, nariz ou boca), o vírus pode ser transferido e causar infecção (transmissão por contato).

Ainda, o influenza A pode ser transmitido pelo contato com animais infectados. Essa interação pode criar cepas mais virulentas, dando início a epidemias. Contudo, esse contato usualmente é autolimitado.

 

Sinais / sintomas e como fazer o diagnóstico

Os sintomas gripais surgem subitamente. A gravidade dos sintomas depende da virulência da cepa, sendo pior em extremos de idade e em pacientes com comorbidades. De maneira geral, os sintomas são:

  • Coriza / congestão nasal
  • Febre alta (acima de 38 graus)
  • Calafrios
  • Tosse seca ou produtiva
  • Dor de garganta
  • Dores musculares
  • Cefaleia
  • Astenia

Em crianças os sintomas podem ser mais inespecíficos, incluindo sintomas gastrointestinais, como diarreia e vômitos.

febre

Gripe x resfriado

Apesar de serem condições semelhantes, existem algumas características para diagnóstico diferencial.

gripe influenza

O diagnóstico é geralmente clínico. Considera-se diagnóstico de síndrome gripal em todo paciente com quadro respiratório agudo, com pelo menos 2 dos sinais/sintomas: febre, calafrios, dor de garganta, cefaleia, tosse, coriza/congestão nasal e alteração de olfato.

Ainda, exames confirmatórios (RT-PCR, cultura viral por swab nasal/orofaríngeo, teste rápido) podem ser solicitados de forma a guiar a terapia adotada. Esses testes são reservados para ocasiões específicas: extremos de idade com febre > 5 dias, pacientes imunodeprimidos, pacientes internados ou profissionais da saúde.

 

Tratamento

Primeiramente, deve-se avaliar quem deve ser internado. Os critérios devem ser individualizados para cada paciente. Considerar dispneia importante, com sinais de hipoxemia (SpO2 < 94% necessitam de oxigênio complementar), persistência ou aumento da febre > 3 dias, desidratação, exacerbação de doença pulmonar prévia (DPOC, asma), exacerbação de doença de base, disfunções orgânicas e também instabilidade hemodinâmica.

Todos os pacientes devem permanecer em repouso, com hidratação vigorosa. Podem ser prescritos sintomáticos para alívio dos sintomas, porém não alteram o curso da doença.

O tratamento antiviral de primeira linha é o Oseltamivir (Tamiflu) 75 mg 1 comprimido de 12/12h por 5 dias. Pode-se realizar quimioprofilaxia de contactantes próximos com fatores de risco com Oseltamivir 75mg/dia por 10 dias.

No entanto, lembrar que o uso de antiviral não é realizado de rotina, apenas para aqueles com fatores de risco, independentemente da situação vacinal, e deve ser iniciado precocemente (nas primeiras 48h). São eles: gestantes, adultos > 60 anos, crianças < 5 anos, imunodeprimidos, nefropatas/cardiopatas/hepatopatas, obesidade (IMC > 40), e pacientes com pneumopatias, doenças autoimunes ou SARA.

criança com febre com gripe

Vacina

A vacinação é a principal medida para prevenção da doença, principalmente de suas formas graves. É disponibilizada gratuitamente pelo SUS de forma sazonal anualmente.

Devido à alta taxa de mutação do vírus, a vacina não confere imunidade permanente, apresentando duração de até 12 meses. A principal contraindicação é para alérgicos a ovo.

 

Referências:

JAVANIAN, Mostafa et al. A brief review of influenza virus infection. Journal of Medical Virology, v. 93, n. 8, p. 4638-4646, 2021. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33792930/

HUTCHINSON, Edward C. Influenza virus. Trends in microbiology, v. 26, n. 9, p. 809-810, 2018. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29909041/

KALIL, Andre C.; THOMAS, Paul G. Influenza virus-related critical illness: pathophysiology and epidemiology. Critical care, v. 23, p. 1-7, 2019. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31324202/

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