O escore de Tokuhashi foi desenvolvido pelo médico Yasuaki Tokuhashi em 1989, a partir de um estudo com 164 pacientes que morreram após a cirurgia e 82 que morreram após o tratamento conservador. Na ocasião, o escore foi útil para a avaliação pré-tratamento de tumor medular metastático independentemente do prognóstico da modalidade de tratamento ou da extensão local da lesão.
Hoje, o escore Tokuhashi é utilizado para definir uma estratégia cirúrgica para pacientes com metástases espinhais, além de ser capaz de estimar a sobrevida do paciente.
Veja como utilizar esse escore na prática clínica e interpretar seus achados.
Escore de Tokuhashi
Os tumores de coluna vertebral são (em 80% dos casos) lesões metastáticas, de origem em mama, próstata, pulmão e rim. As principais indicações para o direcionamento cirúrgico incluem: o desconhecimento da origem do tumor primário, sinais de instabilidade, quadros compressivos com sinais de sofrimento mieloradicular, sinais de recidiva ou progressão ou fratura patológica.
O escore de Tokuhashi é um índice desenvolvido para a definição de estratégia cirúrgica para metástases espinhais, além de estimar a sobrevida do paciente. São utilizados 6 critérios para a determinação de sua pontuação.
Como podemos ver, o escore utilizada a pontuação obtida na Escala Karnofsky (KPS) – que avalia a capacidade funcional de um paciente oncológico e sua sobrevivência à quimioterapia.
Essa escala (KPS) utiliza apenas um critério (a descrição do paciente), e estratifica o resultado em 3 categorias: capaz de realizar atividades normais, incapaz de realizar algumas atividades e completamente incapaz de cuidar de si mesmo. Quanto menor a pontuação, pior o prognóstico.
Além disso, é necessário avaliar o déficit neurológico através da Escala de Frankel – uma avaliação padronizada para determinar o grau de deficiência do paciente com lesão medular.
Frankel A = Completa perda das funções motoras e sensitivas abaixo do nível da lesão.
Frankel B = Sensibilidade parcialmente preservada, mas completo déficit motor.
Frankel C = Motricidade inútil. Função motora parcialmente preservada, mas insuficiente para ser útil.
Frankel D = Motricidade útil. Fraco, mas função motora útil.
Frankel E = Neurologicamente intacto.
Como interpretar o escore Tokuhashi? Qual a conduta para cada paciente?
Após a atribuição da pontuação individual para cada um dos critérios no escore, é realizado o somatório total. A interpretação dependerá do valor total obtido no paciente avaliado.
O escore de Tokuhashi nos fornece uma estratificação de 3 categorias, sendo que quanto maior a pontuação, maior a taxa de sobrevida. Assim, temos:
Pontuação total até 8 – Sobrevida média de até 6 meses. Para estes casos, recomenda-se se tratamento menos invasivo ou paliativo a depender da condição clínica.
Pontuação total entre 9 e 11 – Sobrevida média entre 6 e 12 meses. Recomenda-se cirurgia radical com abordagem anterolateral, máximo de ressecção tumoral, descompressão circunferencial e artrodese.
Pontuação total entre 12 e 15 – Sobrevida média entre 12 e 15 meses. Para estes pacientes, pode ser realizada descompressão posterior e estabilização do segmento acometido. Em seguida instituir tratamento adjuvante com radioterapia local.
E lembre-se: o escore de Tokuhashi (assim como outros escores clínicos e diagnósticos) fornece orientações sobre o manejo do paciente, porém a decisão deve ser tomada levando em consideração as individualidades de cada paciente.
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Referências:
Tokuhashi Y, Kawano H, Ohsaka S, Matsuzaki H, Toriyama S. A scoring system for preoperative evaluation of the prognosis of metastatic spine tumor (a preliminary report). Nihon Seikeigeka Gakkai Zasshi.1989;63(5):482-9. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/2794626/
Tokuhashi Y, Matsuzaki H, Oda H, Oshima M, Ryu J. A revised scoring system for preoperative evaluation of metastatic spine tumor prognosis. Spine (Phila Pa 1976). 2005;30(19):2186-91. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16205345/