

A Bailisascaríase é uma doença infecciosa rara causada por Baylisascaris procyonis, um nematoide ascarídeo intestinal de guaxinins. A transmissão acidental ao ser humano ocorre pela ingestão de ovos embrionados presentes no ambiente contaminado, resultando em migração larval sistêmica.
Devido ao seu tropismo por tecido neural e ocular, a infecção pode levar a manifestações clínicas devastadoras, como meningoencefalite eosinofílica e neurorretinite.
Embora a incidência de Bailisascaríase humana permaneça baixa, a gravidade de seus desfechos torna essencial o conhecimento da sua fisiopatologia, apresentação clínica e condutas terapêuticas e preventivas.
Veja mais sobre os principais aspectos dessa zoonose emergente, com ênfase na patogênese, quadro clínico, diagnóstico e estratégias terapêuticas.
As larvas Baylisascaris procyonis também são conhecidas como “lombriga do Guaxinim”
A Bailisascaríase (ou Baylisascaríase) é uma infecção causada pela ingestão de larvas Baylisascaris procyonis. As larvas são encontradas principalmente no intestino de guaxinins infectados.
Os ovos não embrionados são eliminados no ambiente, onde levam de 2 a 4 semanas para embrionar e se tornarem infecciosos. Nos humanos, os ovos são ingeridos por via fecal-oral, os quais eclodem e as larvas penetram na parede intestinal e migram para vários tecidos.
Os seres humanos são hospedeiros paratênicos do parasita – hospedeiros intermediários, nos quais o parasita não se desenvolve, mas pode se acumular até ser transmitido ao hospedeiro definitivo.
Diferente de outros parasitas, a forma larval não morre nos hospedeiros paratênicos, de forma que a multiplicação e migração é contínua.
A Bailisascaríase é uma infecção rara em humanos
Em seres humanos, a infecção por Baylisascaris procyonis é considerada extremamente rara, porém potencialmente grave. Acomete principalmente crianças, geralmente por exposição acidental a ambientes contaminados com fezes de guaxinins.
Após a ingestão dos ovos embrionados, as larvas eclodem no trato gastrointestinal e migram por diferentes tecidos, resultando em manifestações clínicas compatíveis com síndromes de larva migrans, cuja apresentação depende do órgão acometido.
Na forma visceral, os sintomas incluem erupções cutâneas maculares, dor abdominal, hepatomegalia e pneumonite. A forma ocular, por sua vez, é caracterizada por neurorretinite subaguda unilateral difusa, podendo causar comprometimento visual irreversível. A forma neural é a mais grave e frequentemente letal, sendo usualmente associada à meningoencefalite eosinofílica. Os sinais e sintomas incluem letargia, irritabilidade, convulsões, ataxia e coma.
O prognóstico da baylisascaríase humana é geralmente reservado.
A forma neural apresenta alta taxa de mortalidade, enquanto a forma ocular, mesmo quando diagnosticada precocemente, tende a evoluir para perda permanente da visão. A natureza progressiva e a dificuldade diagnóstica precoce reforçam a importância da profilaxia e do reconhecimento clínico rápido.
Como tratar um caso de Bailisascaríase?
A primeira linha para o tratamento da Bailisascaríase é o uso de Albendazol, na dose de 400 mg via oral a cada 12 horas. Para crianças, a dose indicada é de 25-50 mg/kg via oral por dia. O tratamento deve ser mantido durante 3-4 semanas no mínimo.
É importante destacar que os medicamentos anti-helmínticos comuns são capazes de tratar vermes adultos que vivem no intestino (do hospedeiro definitivo), mas são menos eficazes contra a migração de larvas. O tratamento costuma ser efetivo apenas quando empregado de forma agressiva e precoce.
Dessa forma, a melhor opção contra os parasitas é profilática. Medidas sanitárias devem ser sempre empregadas, principalmente em relação a redução da contaminação ambiental por ovos infecciosos e o contato com essas áreas por humanos.
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Referências:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
Centers for Disease Control and Prevention. Laboratory Identification of Parasites os Public Health Concern. Baylisascariasis. 2019.
Graeff-Teixeira, C., Morassutti, A. L., & Kazacos, K. R. (2016). Update on Baylisascariasis, a Highly Pathogenic Zoonotic Infection. Clinical microbiology reviews, 29(2), 375–399. https://doi.org/10.1128/CMR.00044-15