Aquecimento global: 5 impactos diretos na saúde humana

O Prêmio Nobel!

O Prêmio Nobel de Física desse ano de 2021 foi anunciado em 5 de outubro e três pesquisadores dividiram o prêmio. A primeira metade foi para Syukuro Manabe e Klaus Hasselmann “pela modelagem física do clima da Terra, quantificando a variabilidade e prevendo o aquecimento global de forma confiável”. A outra parte foi à Giorgio Parisi, “pela descoberta da interação de desordem e flutuações em sistemas físicos de escalas atômicas a planetárias”.

Juntos, os trabalhos destes pesquisadores elucidaram um pouco mais a interação complexa entre alterações climáticas e seres humanos.

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Um breve histórico

As atividades humanas sempre impactaram no ambiente em que o ser humano está inserido. Desde que se fixou, o ser humano aprendeu a cultivar o solo, alterando assim a paisagem, criando aldeias e posteriormente cidades e estradas. Entretanto, a maior repercussão na dinâmica do clima global começou a ocorrer em meados do século 19, com a revolução industrial na Inglaterra.

Desde o início da revolução industrial, combustíveis fosseis foram utilizados para substituir a mão de obra humana e animal. Eram utilizados carvão, gás natural, petróleo e seus derivados. Como consequência, houve um aumento na emissão de gases como dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. Tais gases possuem um efeito de contenção dos raios UV pela atmosfera, o que proporciona maior retenção de calor pela atmosfera, e por sua vez, leva ao aquecimento global.

O aumento da temperatura global, associada a outros fatores, leva a danos como: degradação do solo (resultando em perdas agrícolas e baixa produtividade), desertificação, perda de biodiversidade, redução de reservas de água doce e acidificação dos oceanos. Tais danos ao planeta afetam diretamente a saúde humana, uma vez que fazemos parte deste ecossistema.

O impacto na saúde humana

A mudança no cenário das dinâmicas naturais implica diretamente em mudanças para nossas vidas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os pesquisadores preveem que os efeitos das mudanças climáticas podem vir a contribuir com um aumento de cerca de 250.000 mortes por ano.

Listamos aqui alguns dos impactos que o aumento da temperatura global pode causar:

1.     Riscos da exposição excessiva ao calor

Eventos climáticos extremos como ondas de calor podem levar a morte, especialmente de populações mais sensíveis e vulneráveis. Estima-se que a onda de calor ocorrida na Europa em 2003 e que afetou principalmente a França, ocasionou cerca de 14.800 mortes.

Mudanças extremas de temperatura tendem a afetar mais diretamente crianças, idosos, ou pessoas com condições crônicas de saúde. Além dos danos já conhecidos como insolação, aumento dos riscos de câncer de pele e exaustão, a exposição excessiva ao calor pode agravar diversos problemas de saúde já existentes, como doenças respiratórias e cardíacas.

2.     Aumento de doenças infecciosas

Patógenos que utilizam de vetores para serem transmitidos possuem relação sensível e especial com o ambiente, uma vez que seus hospedeiros possuem temperatura corporal semelhante à do ambiente. Um clima mais quente é um ambiente mais favorável para sobrevivência destes invertebrados. Logo, aumentam-se as chances de transmissão de doenças a humanos.

3.     Aumento de doenças respiratórias

Com o aumento da temperatura, há também níveis mais altos de poeira, ozônio e partículas finas no ar. Além disso, temperaturas mais altas podem levar a um aumento na produção de pólen. Em uma combinação com chuvas, pode levar ao aumento da umidade e de fungos – incluindo mofo, o que pode ser alérgeno para pessoas suscetíveis.

Dessa forma, a redução da qualidade do ar pode causar ou agravar uma série de problemas de saúde; desde tosse e irritação na garganta até asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

4.     Danos à saúde mental

Eventos de estresse pós-traumático podem estar diretamente conectados com situações as quais as pessoas foram submetidas, podendo estes se tornarem crônicos. Pesquisadores relatam um aumento de cerca de 17% na taxa global de psicopatologias durante desastres naturais. Tais alterações podem afetar não somente pessoas que sofreram com perdas materiais ou imateriais em desastres, mas também equipes de resgate, com uma prevalência entre 10 e 20%.

5.     Alteração no padrão alimentar e agricultura

Com as alterações climáticas, as safras e produções de alimentos também são alteradas. O provável aumento de ervas daninhas e pragas implica em maior uso de herbicidas e pesticidas. Além disso, períodos de seca também contribuem para a migração da população rural para os centros urbanos.

Dessa forma, as alterações climáticas têm impacto direto no valor final do produto que consumimos. E com isso, os especialistas preveem que as pessoas adotem dietas menos saudáveis e sem valor nutricional (McDonalds por 1 dolar!) conforme a temperatura global aumente.

Conclusões

É evidente e indiscutível que o aquecimento global e as mudanças climáticas podem afetar a saúde humana de inúmeras maneiras. Discutir essa questão deve ser encarado não apenas como uma pauta ambiental, mas sim como de saúde pública.

Referências:

ROSSATI, Antonella. Global warming and its health impact. The international journal of occupational and environmental medicine, v. 8, n. 1, p. 7, 2017.

TREZZA, Viviana; CAMPOLONGO, Patrizia. The endocannabinoid system as a possible target to treat both the cognitive and emotional features of post-traumatic stress disorder (PTSD). Frontiers in behavioral neuroscience, v. 7, p. 100, 2013.

LEONARD, J. How does climate change affect human health? 2020.