O metanol é um álcool encontrado em anticongelantes de radiadores, tintas, vernizes, combustíveis. A intoxicação por metanol, apesar de poder ocorrer pelo consumo desses compostos, geralmente ocorre em decorrência da ingestão de bebidas clandestinas, isso porque durante o processo de fabricação – sem o controle de qualidade – pode existir a formação desse subproduto extremamente tóxico.
Como é a fisiopatologia da intoxicação por Metanol?
O metanol é um composto com baixa toxicidade, o grande problema é o seu metabólito: ácido fórmico. Assim, após a ingestão do metanol, esse é rapidamente absorvido e metabolizado no fígado. Aí é transformado em formaldeído pela enzima álcool desidrogenase. Na sequência a partir do formaldeído é formado ácido fórmico pela enzima aldeído desidrogenase.
O ácido fórmico tem metabolismo muito lento, sendo acumulado no corpo, o que resulta em uma acidose metabólica. Esse é justamente o principalmente mecanismo da intoxicação por metanol.
Outros processos fisiopatológicos ocorrem concomitantemente. O efeito danoso aos olhos é comumente descrito, e o mecanismo não é totalmente compreendido; acredita-se que haja uma interrupção da função mitocondrial do nervo óptico. Além disso, a intoxicação usualmente leva a comprometimento de gânglios da base cerebrais.
Qual são os antídotos utilizados na intoxicação por Metanol?
O tratamento na intoxicação por metanol direcionado visa bloquear a enzima álcool desidrogenase; dessa forma, o metanol não vai mais produzir seus metabólitos tóxicos. São duas opções principais de antídotos, sendo a primeira opção superior a segunda:
- 1° Opção – Fomepizol: (Nome comercial: Antizol®) – dose inicial de 15mg/kg endovenoso, seguido de 10mg/kg a cada 12 horas, ajustando se fizer hemodiálise. Uma vez iniciado, o medicamento deve ser mantido até que o pH sanguíneo seja normal, e a concentração sérica do álcool em questão seja menor que 20mg/dL
- 2° Opção – Etanol: Diluir 100ml de etanol 100% em 900ml de Soro Glicosado 5%. Dessa solução, iniciar com um bolus de 10ml/kg endovenoso em 60munutos. A dose de manutenção será de 1-2ml/kg/hora endovenosa, devendo ser aumentada em 50% durante a diálise. O medicamento deve ser mantido até que o pH sanguíneo seja normal, e a concentração sérica do álcool em questão seja menor que 20mg/dL
Na ausência dessas drogas, o etanol pode ser dado via oral. Bebidas destiladas com vol 40-50% vol. devem ser diluídas até uma solução de 20%vol, e administradas via oral ou sonda nasogástrica – 5ml/Kg – até chegar a uma concentração sérica de etanol em 100mg/dL, após isso, manter 0,5ml/kg por hora.
Além disso, todos os pacientes com intoxicação por metanol devem receber terapia cofatorial, o que significa dar determinados medicamentos para acelerar o metabolismo da substância. Rotineiramente se associa os dois seguinte:
- Ácido Fólico 50mg endovenoso a cada 6 horas + Tiamina 100mg endovenoso a cada 6 horas
Seguimento e considerações
Após o tratamento da intoxicação aguda, não há necessidade de nenhum acompanhamento específico. Deve-se, no entanto, avaliar o paciente para avaliar a presença de qualquer tipo de sequela.
Conclui-se pelo uso de antídotos que o conhecimento da fisiopatologia, química e farmacologia envolvendo o metanol é de fundamental importância para a sua correta abordagem clínica.
Observações
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