O escore Glasgow-Blatchford (GBS) é um índice de 8 critérios desenvolvido para a estratificação de risco e a identificação da necessidade de tratamento para pacientes com hemorragia digestiva alta.
Veja como utilizar e interpretar os critérios do escore, identificando os pacientes de baixo e que podem ser tratados em ambiente ambulatorial.
Escore Glasgow-Blatchford (GBS)
O escore GBS (do inglês, Glasgow-Blatchford Score) é composto por 8 critérios clínicos e laboratoriais, que devem ser utilizados durante a avaliação de um paciente adulto com Hemorragia Digestiva Alta (HDA). O principal objetivo do escore é identificar a necessidade de tratamento para controle de hemorragia nestes pacientes.
- Ureia no sangue (mmol/L).
- Hemoglobina (g/L).
- Pressão arterial sistólica (mmHg).
- Pulso ≥ 100 (por min).
- Apresentação com melena.
- Apresentação com síncope.
- Doença hepática.
- Insuficiência cardíaca.
Como interpretar os resultados?
Após a atribuição da pontuação individual para cada um dos critérios, é realizado o somatório total. A interpretação dependerá do valor total obtido no paciente avaliado. O risco estimado pode ser avaliado em uma estratificação de 2 categorias. Assim, temos:
Pontuação total = 0. Baixo risco.
Pontuação total > 0. Alto risco. Há necessidade de intervenção (transfusão, endoscopia ou cirurgia). O risco de necessitar intervenção endoscópica aumenta com o aumento da pontuação, assim como o aumento da pontuação está associado ao aumento do risco de mortalidade.
Uma vez tomada a decisão de admissão, os esforços devem se concentrar em estratificar os pacientes em categorias de alto e baixo risco para determinar quais pacientes precisam de internação na UTI e endoscopia urgente.
E lembre-se: a avaliação inicial de um paciente com suspeita de hemorragia digestiva alta (HDA) começa com a avaliação do estado hemodinâmico, identificação de fatores de risco potenciais e triagem adequada do nível de atendimento. Todos os pacientes devem ser questionados sobre a ingestão de AINEs, anticoagulantes, agentes antiplaquetários e inibidores seletivos da recaptação de serotonina, visto que esses medicamentos aumentam o risco de sangramento.
Vantagens e desvantagens da Escala GBS
A utilização da escala Glasgow-Blatchford auxilia na identificação de pacientes com risco baixo ou alto de precisar de tratamento para controlar o sangramento, auxiliando no manejo clínico de pacientes com hemorragia digestiva alta. O escore estratifica pacientes de alto risco a partir de 1 ponto (no entanto, alguns estudos consideram entre 0-1 ainda de baixo risco).
Além disso, o GBS tem melhor predição que o escore AIMS65 para necessidade de intervenção ou recorrência de sangramento. No entanto, variáveis como idade, creatinina, coagulopatia, estado mental e comorbidades não são levadas em consideração, embora possam impactar a tomada de decisões médicas. As outras ferramentas de avaliação de risco (como Rockall e AIMS65) levam em conta essas variáveis.
Por fim, o escore de Glasgow-Blatchford não deve ser utilizado em pacientes pediátricos ou em pacientes com suspeita de sangramento do intestino delgado ou sangramento gastrointestinal inferior.
Saiba mais com WeMEDS®
O escore de Glasgow-Blatchford foi desenvolvido em 2000, a partir de dois estudos.
No primeiro estudo, dados de 1.748 pacientes admitidos com Hemorragia Digestiva Alta (HDA) foram utilizados para o desenvolvimento de um escore de risco para predição da necessidade de transfusão de sangue ou intervenção para controlar o sangramento, risco de recorrência de hemorragia ou risco de morte. No segundo estudo, o escore foi validado prospectivamente com dados de 197 pacientes.
Quer saber mais sobre este e outros escores clínicos e diagnósticos? Acesse o conteúdo completo no nosso app WeMEDS®. Disponível na versão web ou para download para iOS ou Android.
—
Referências:
Blatchford O, Murray WR, Blatchford M. A risk score to predict need for treatment for upper-gastrointestinal haemorrhage. Lancet. 2000;356(9238):1318-1321. doi:10.1016/S0140-6736(00)02816-6
Blatchford, O., Davidson, L. A., Murray, W. R., Blatchford, M., & Pell, J. (1997). Acute upper gastrointestinal haemorrhage in west of Scotland: case ascertainment study. BMJ (Clinical research ed.), 315(7107), 510–514. https://doi.org/10.1136/bmj.315.7107.510
Wakatsuki T, Mannami T, Furutachi S, et al. Glasgow-Blatchford score combined with nasogastric aspirate as a new diagnostic algorithm for patients with nonvariceal upper gastrointestinal bleeding. DEN Open. 2022;3(1):e185. Published 2022 Nov 14. doi:10.1002/deo2.185