O câncer de próstata é a neoplasia mais frequente em homens (excluindo câncer de pele não melanoma), com incidência mundial de mais de 900 mil casos por ano. É a segunda neoplasia que mais leva homens ao óbito no Brasil, ficando atrás apenas do câncer de pulmão.
A grande maioria dos pacientes são diagnosticados entre 55 e 74 anos de idade. Por essa razão, sugere-se o screening anual para todos os homens com mais de 50 anos, ou com mais de 45 anos com fator de risco.
Veja mais sobre os sinais e sintomas e fatores de risco que devem ser considerados na avaliação do paciente, assim como a forma de rastreamento e diagnóstico quando apropriado.
Fatores de risco e o desenvolvimento do câncer de próstata
Pacientes com predisposição genética, quando submetidos a fatores de risco, podem sofrer mutações nas células da próstata. Essas mutações são genéticas ou epigenéticas. Em última análise, isso vai levar à multiplicação desordenada e excessiva da células, constituindo assim a neoplasia.
Na grande maioria das vezes, a célula acometida é do epitélio glandular, refletindo o adenocarcinoma acinar responsável por mais de 95% das neoplasias prostáticas.
E quais são os fatores de risco envolvidos com o surgimento de câncer de próstata? Bom, são diversos, dos quais se destacam:
- História familiar. Há um risco aumentado em quando há um parente de primeiro grau acometido (2,2 vezes quando há 1 parente, 4,9 vezes quando há 2 parentes e 10,9 vezes se três parentes).
- Idade. Quanto maior a idade, maior o risco de acometimento. Mais de 75% dos casos ocorrem em indivíduos com mais de 65 anos de idade.
- Etnia. Indivíduos negros apresentam 2 vezes maior risco que brancos, que por sua vez são mais acometidos que asiáticos
- Alimentação. Dieta rica em lipídios – ácidos graxos saturados – refletem um maior risco.
- Obesidade. Quando maior o IMC (Índice de Massa Corporal) maior o risco.
- Mutações. Presença de algumas mutações como em BRCA-1, BRCA-2 e HPC-1 aumentam o risco.
Importante ressaltar que a hiperplasia prostática benigna não é um fator que aumente o risco. O adenocarcinoma habitualmente se inicia na zona periférica da glândula (de forma multifocal). Isso evidencia uma pobreza sintomática no início do quadro, uma vez que se localiza longe da uretra, não levando precocemente a sintomas obstrutivos – como acontece na hiperplasia prostática benigna.
Como identificar os sinais e sintomas?
Como citamos, uma vez que o adenocarcinoma habitualmente se inicia na zona periférica da glândula, há poucos sintomas no início do quadro. Dessa maneira, sintomas obstrutivos urinários (refletidos por jato fraco, gotejamento terminal, esforço miccional) estão presentes geralmente em doenças mais avançadas.
Não só isso, em quadros avançados como há invasão tumoral local, achados de hematúria e hemospermia (sangue na ejaculação) podem estar frequentemente presentes.
Ainda em quadros mais avançados podem existir comprometimento linfonodal pélvicos, levando a um desconforto pélvico e edema de membros inferiores. O envolvimento ósseo pelas metástases pode levar à dores ósseas como dor lombar e compressão medular.
Rastreamento e diagnóstico
Apesar de alguns trabalhos evidenciarem uma controvérsia, aceita-se pela maioria das sociedades e livros-textos que o screening é uma importante ferramenta para a detecção e redução da morbimortalidade dos pacientes, por fazer um diagnóstico precoce da condição.
De forma geral, são dois principais grupos rastreados: (1) todos os homens acima de 50 anos e (2) todos os homens acima de 45 anos com fator de risco. O rastreio deve se dar de forma anual, associando toque retal e antígeno prostático específico (PSA).
Algumas particularidades de cada sociedade: de acordo com a American Urological Association, o rastreamento não deve ser realizado em homens < 40 anos ou > 70 anos, nem se a expectativa de vida for inferior a 10 anos. Já de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, sugere-se que não seja realizado em maiores de 75 anos.
O INCA não recomenda o screening. Segundo o Ministério da Saúde, “não há evidência científica até o momento de que essa prática traga mais benefícios do que riscos”.
A partir de um toque retal “positivo” e/ou com valores de PSA alterados, o paciente deverá ser submetido ao ultrassom transretal com realização de biópsia, e avaliação pelo Escore de Gleason.
Tal escore é baseado no fato da doença ser multifocal, ou seja, graus diferentes de diferenciação do tumor podem estar presentes em uma mesma amostra. O escore de Gleason também avalia sobrevida média em 10 anos – veja mais detalhes em “Escore de Gleason no prognóstico do Câncer de Próstata”.
Classificação PI-RADS
Pacientes com suspeita de câncer de próstata (p.ex. PSA elevado) que realizaram uma biópsia prostática que se mostrou negativa, porém persiste a dúvida, procede-se à realização da Ressonância Magnética. Com os achados de imagem, determina-se a classificação PI-RADS – um sistema de classificação desenvolvido pela Sociedade Europeia de Urorradiologia.
De acordo com os achados, classifica-se em:
PI-RADS 1 – é altamente improvável que o câncer clinicamente significativo esteja presente.
PI-RADS 2 – é improvável que o câncer clinicamente significativo esteja presente.
PI-RADS 3 – a presença de câncer clinicamente significativo é incerta.
PI-RADS 4 – é provável que o câncer clinicamente significativo esteja presente.
PI-RADS 5 – é altamente provável que o câncer clinicamente significativo esteja presente.
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Referências:
Klein, EA. – Prostate cancer: Risk stratification and choice of initial treatment. In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA.
Sartor, AO. – Risk factors for prostate cancer. In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA.
Kantoff, PW. et al – Clinical presentation and diagnosis of prostate cancer. In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA.