IMC: Associação Americana de Medicina aponta viés não inclusivo e desencoraja uso isolado

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O viés da utilização do IMC na obesidade e sobrepeso

A utilização do Índice de Massa Corporal (IMC) possui diversas vantagens, como ter fácil medição, baixo custo, apresentar pontos de corte padronizados para obesidade e excesso de peso, e ser fortemente correlacionada com os níveis de gordura corporal de acordo com os métodos mais acurados. Então, qual seria o problema?

De acordo com a Associação Americana de Medicina (AMA, ou American Medical Association), a classificação atual de IMC não condiz corretamente com os efeitos da gordura corporal nas taxas de mortalidade, pois não avalia diretamente a gordura corporal.

Segundo um relatório do Conselho de Ciência e Saúde Pública da AMA, apresentado na Reunião Anual da AMA em Chicago desse ano, a interpretação do IMC é influenciada por inúmeros fatores, como: comorbidades, estilo de vida, gênero, etnia, histórico familiar, bem como quanto tempo um indivíduo permanece em determinada categoria de IMC e o acúmulo esperado de gordura corporal de acordo com a idade.

Há um destaque importante quanto ao prejuízo histórico, sendo a utilização do IMC podendo ser considerada uma exclusão racista. Os pontos de corte são baseados em dados coletados de gerações prévias de populações brancas não hispânicas, e não consideram o gênero ou ancestralidade do indivíduo.

Além disso, a utilização do índice é problemática quando usada para diagnosticar e tratar indivíduos com desordens alimentares, pois não captura todo o espectro de transtornos alimentares.

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Se a utilização do IMC não é o melhor caminho, qual seria?

Para adultos, a medição do IMC e da circunferência abdominal pode ser uma maneira melhor de predizer o risco relacionado ao peso. Para crianças, entretanto, não há bons dados de referência para circunferência abdominal, o que faz com que o índice de acordo com a idade siga sendo o padrão ouro.

Leia também: Obesidade Infantil: novas diretrizes da Academia Americana de Pediatria

Embora muitos médicos considerem a medição do IMC uma boa alternativa em certos cenários, há muitas preocupações com relação ao uso para medir gordura corporal e diagnosticar obesidade, de acordo com o ex-presidente da AMA Jack Resneck. Ele afirma que os médicos devem levar em consideração os benefícios e as limitações da utilização do IMC na clínica médica, para que seus pacientes tenham o melhor cuidado possível.

 

O que o relatório da AMA recomenda?

O relatório indica que o IMC seja utilizado em conjunto com avaliação de outros parâmetros, como:

  1. Gordura visceral;
  2. Índice de adiposidade corporal;
  3. Composição corporal;
  4. Massa gorda relativa;
  5. Circunferência abdominal;
  6. Fatores genéticos ou metabólicos.

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O relatório também afirma que o IMC possui uma correlação significativa com a quantidade de massa gorda na população geral, mas perde previsibilidade quando aplicado a um nível individual.

Além disso, as diferenças no formato e na composição corporal entre as raças e grupos étnicos, sexos, gêneros e idades devem ser consideradas na aplicação do IMC como uma medida de adiposidade.

A AMA indica que haja pesquisas futuras na aplicação de percentis e escores Z e sua associação com outras medidas antropométricas, fatores de risco e condições de saúde. Além disso, também deve haver um esforço para educar médicos nas questões relacionadas ao IMC e medidas alternativas para diagnosticar obesidade.

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Em resumo, quais foram as modificações propostas pelo relatório?

O relatório modificou a indicação vigente para indicar uma ênfase maior na diferença de risco dentro e entre os grupos demográficos em diferentes níveis de adiposidade, IMC, composição corporal e circunferência abdominal, além de destacar a importância de monitorar esses parâmetros em todos os indivíduos.

A diretriz com relação a transtornos alimentares também foi modificada, com indicação a encorajar treinamento de médicos, conselheiros, treinadores, professores e enfermeiros a reconhecer padrões anormais de alimentação, dieta e comportamentos restritivos com relação ao peso em crianças e adolescentes.

Também deve-se oferecer educação e referências adequadas a adolescentes e suas famílias para um aconselhamento intervencional que seja informado culturalmente e baseado em evidência.

 

Referências:

AMA. AMA: Use of BMI alone is an imperfect clinical measure. Disponível em https://www.ama-assn.org/delivering-care/public-health/ama-use-bmi-alone-imperfect-clinical-measure. Acesso em 26 de junho de 2023.

AMA. AMA adopts new policy clarifying role of BMI as a measure in medicine. https://www.ama-assn.org/press-center/press-releases/ama-adopts-new-policy-clarifying-role-bmi-measure-medicine. Acesso em 26 de junho de 2023.

 

 

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