CHADS2 e CHA2DS2-VASC: estimando o risco de AVC na fibrilação atrial

CHADS2 e CHA2DS2-VASC

Os escores CHADS2 e CHA2DS2-VASc são índices que buscam estratificar o risco de acidente vascular cerebral (AVC) em pacientes com fibrilação atrial, o que permite uma melhor tomada de decisão sobre a necessidade ou não da anticoagulação.

O escore CHADS2 foi sucedido pelo escore CHA2DS2-VASc, com 1 categoria a mais no critério de idade, além de incluir as categorias sexo e histórico de doença vascular.

Veja mais sobre os dois critérios, como utilizá-los e interpretá-los na rotina.

CHADS2: risco de acidente vascular encefálico na fibrilação atrial

O escore CHADS2 e o CHA₂DS₂-VASc são índices desenvolvidos para a identificação do risco de um Acidente Vascular Encefálico (AVE) em pacientes com Fibrilação Atrial (FA) não-valvar e para a avaliação da necessidade de anticoagulação.

Ou seja, o principal objetivo do CHADS2 e do CHA₂DS₂-VASc é avaliar a necessidade de anticoagulação em pacientes com FA não-valvar.

Enquanto o CHADS2 utiliza 5 critérios, o CHA₂DS₂-VASc é composto por 7 critérios para sua avaliação, incluindo avaliação de sexo e doença vascular.

 

Critérios e Pontuações

O escore CHADS é composto de 5 critérios clínicos e fisiológicos, enquanto CHA₂DS₂-VASc possui 7 critérios. Veja cada um deles bem como a pontuação atribuída para cada critério encontrado durante a avaliação do paciente com Fibrilação Atrial não-valvar.

CHADS2 e CHA2DS2-VASC: estimando o risco de AVC na fibrilação atrial

Interpretação dos diferentes escores

Após a atribuição da pontuação individual para cada um dos critérios, é realizado o somatório total. A interpretação dependerá do valor total obtido no paciente avaliado. Assim, temos:

CHADS2

Pontuação total = 0 – Risco baixo de AVE isquêmico (0,8%). Pode ser considerado o uso de AAS para prevenção primária.

Pontuação total = 1-2 – Risco moderado de AVE (2,7%). A decisão sobre a anticoagulação deverá ser individualizada para cada caso e o AAS pode ser considerado em alguns casos.

Pontuação total ≥ 3 – Risco alto de AVE (5,3%). Iniciar anticoagulação. Para pacientes com escore total CHADS2 igual a 6, o risco de AVE é de até 18,2%.

CHA2DS2-VASc

Pontuação total = 0 – Risco baixo de AVE (0,2%). Não necessita de anticoagulação.

Pontuação total = 1 – Risco baixo-moderado de AVE (0,6%). A decisão sobre a anticoagulação deverá ser individualizada para cada caso

Pontuação total ≥2 – Risco moderado-alto de AVE. Iniciar anticoagulação. É importante ressaltar que quanto maior o valor total obtido no escore maior é o risco para ocorrência de AVE (2,2-12,2%) ou eventos tromboembólicos (2,9-17,4%).

CHADS2 e CHA2DS2-VASC

Quais as limitações de cada um dos escores? Quais as vantagens do CHADS-VASC?

Como limitações do CHADS2, é importante lembrar que não seu uso é eficaz na estratificação de risco de pacientes com FA não-valvar que estão recebendo cardioversão elétrica eletiva ambulatorial.

O CHADS2 foi desenvolvido para identificar pacientes de alto risco para AVE. Assim, apresenta baixa sensibilidade para identificar pacientes de baixo risco. Isso ocorre porque o CHADS-2 não inclui alguns fatores e modificadores de risco relevantes para AVE em pacientes com FA não-valvar.

Por sua vez, o escore CHA₂DS₂-VASc inclui mais fatores de risco e, por isso, apresenta alta sensibilidade para pacientes de baixo risco. Ainda, poucos pacientes (cerca de 7%) com mais de 65 anos serão classificados como baixo risco pelo escore CHADS2.

Alguns estudos têm demonstrado que o CHADS2 = 0 não é, necessariamente, de baixo risco (podendo ter incidência de 3,2% de AVE dentro do período de 1 ano). Nesse sentido, o escore CHA₂DS₂-VASc é melhor para identificar os pacientes com risco realmente baixo para AVE e que não necessitam de anticoagulação oral.

remedios prescrição CHADS2 e CHA2DS2-VASC

Quanto ao CHA₂DS₂-VASc, lembramos que a doença arterial coronariana e o tabagismo são fatores de risco adicionais para eventos trombóticos, e não estão inclusos no escore.

Ainda, do estudo original, 31% dos participantes perderam o acompanhamento durante um ano e não foram incluídos na análise final dos resultados. Logo, alguns destes pacientes podem ter apresentados quadros tromboembólicos não registrados no estudo.

Lembre-se: nos pacientes em que a anticoagulação oral é indicada, é possível utilizar os escores de risco de sangramento ATRIA, HAS-BLED ou HEMORR2HAGES para determinar a possibilidade de quadro hemorrágico associado à varfarina.

 

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Referências:

Gage BF, et al. JAMA. 2001. doi: 10.1001/jama.285.22.2864.

Gage BF, et al. Circulation. 2004 doi: 10.1161/01.CIR.0000145172.55640.93.

Olesen JB, et al. Thromb Haemost. 2012 doi: 10.1160/TH12-03-0175.

Yarmohammadi H, et al. Am J Cardiol. 2012. doi: 10.1016/j.amjcard.2012.03.017.

Lip GY, et al. Chest. 2010. doi: 10.1378/chest.09-1584.

Ntaios G, et al. Neurology. 2013. doi: 10.1212/WNL.0b013e318287281b.

 

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