Sífilis: principais conceitos, fisiopatologia, sinais e sintomas

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A Sífilis é uma infecção sistêmica, de evolução crônica, causada pela bactéria Treponema pallidum. É a doença sexualmente transmissível (DST) mais comum no mundo. Ao ser transmitida via transplacentária, estamos falando de Sífilis Congênita.

Revise aqui os principais conceitos, fisiopatologia, sinais e sintomas, além de um pouco da microbiologia da T. pallidum.

Sífilis e Sífilis Congênita

A sífilis é uma infecção sistêmica e crônica, que se manifesta com surtos de agudização e latência – com sinais/sintomas variando conforme o estádio da doença. A condição é causada por uma bactéria: a Treponema pallidum.

Segundo a OMS, em 2020 mais de 7 milhões de adultos foram infectados pela T. pallidum, sendo a sífilis a DST mais comum no mundo, e com alta prevalência em países em desenvolvimento.

A sífilis congênita ocorre quando há transmissão transplacentária.  É a infecção congênita mais comum no Brasil, e ainda é uma evidente causa de morte evitável no mundo, acometendo mais de 600 mil bebês/ano.

Porém, graças às iniciativas da OMS, em janeiro de 2023, 16 países e territórios foram validados como tendo eliminado a transmissão de mãe para filho no último ano.

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Treponema pallidum – microbiologia básica e patogênese

A T. pallidum é uma bactéria espiroqueta, anaeróbia facultativa, em forma de espiral. Seu formato permite os movimentos de rotação, flexão e translação.

São bactérias muito finas – 0,15 mícrons de largura. Não é possível visualizá-las por microscopia direta. A visualização é melhor com microscopia de campo escuro. Aparece um “saca-rolhas”, por causa dos espirais.

Como mencionamos, a transmissão geralmente ocorre por contato direto com uma lesão infecciosa durante o ato sexual. Também pode ocorrer transmissão vertical (via transplacentária) e por transfusão de sangue.

A bactéria é capaz de penetrar através da pele e mucosas íntegras, mas a sua penetração é facilitada quando existe soluções de continuidade. O período de incubação é de aproximadamente 3 semanas.

Uma vez dentro do hospedeiro, multiplica-se de forma rápida no epitélio acometido, disseminando-se na sequência por via linfática e corrente sanguínea. Assim, o patógeno invade todo o organismo em poucas horas, mesmo quando a sintomatologia é apenas local.

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Caraterísticas clínicas, sinais e sintomas

Clinicamente, a sífilis é classificada em primária, secundária ou terciária – conforme seu momento de apresentação. Ainda, pode permanecer eventualmente na forma de latência, que corresponde a intervalos sem manifestações clínicas.

A doença precoce corresponde ao quadro que ocorre em até 12 meses, e a forma tardia após esse período. Veja o quadro abaixo:

Sífilis

Na sífilis primária, ~21 dias após o contato sexuais, há formação de uma úlcera, localizada comumente na cérvice, fúrcula ou vestíbulo vaginal, pequenos lábios, colo do útero, ou no homem na glande do pênis. A lesão também pode aparecer na mucosa orofaríngea e a região perianal.

Essas lesões desaparecem espontaneamente entre 3 e 12 semanas, mesmo sem tratamento. Importante lembrar que cerca de 50% dos pacientes poder ser assintomáticos nessa fase.

Na sífilis secundária, as manifestações ocorrem de 4 a 8 semanas após a regressão do cancro duro da doença primária. Aparecem então lesões cutaneomucosas na forma de roséolas e exantemas morbiliformes ulcerados e difusos, que regridem entre 2 e 6 semanas, geralmente sem deixar cicatrizes.

Após o desaparecimento das lesões cutaneomucosas e das outras lesões da fase secundária, a doença entra em fase latente, sem sinais e sintomas – mas sendo detectada pelos exames de sorologia. A duração deste período é de 3 a 20 anos.

Na sífilis terciária, os sintomas podem aparecer entre 3 e 20 anos da infecção. As principais formas de apresentação são a neurossífilis, as lesões cutaneomucosas e as lesões cardiovasculares.

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Como tratar?

O objetivo do tratamento é aliviar os sinais e sintomas do paciente, além de evitar complicações. É curativo com o uso de antibioticoterapia adequada, e as sequelas ficam restritas praticamente ao acometimento de fase terciária e neurossífilis.

O padrão-ouro é a Penicilina. Outras opções em caso de alergia podem ser escolhidas como segunda linha (doxiciclina, ceftriaxona, tetraciclinas), exceto na sífilis congênita, que não responde a outros antibióticos. Logo, em caso de alergia à penicilina, deve-se realizar a dessensibilização da mãe. Na impossibilidade de dessensibilização, é possível tratar com Ceftriaxona, mas lembrar que o feto é considerado não tratado.

Para as fases primária, secundária e latente recente, o uso é dose única. Nos outros casos e em pacientes com HIV, são realizadas 3 doses com intervalos semanais.

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Lembrando que a imunidade para a doença não é permanente. Uma pessoa com a condição tratada pode se infectar novamente se for exposta à bactéria. Ainda, não esquecer que todos os parceiros sexuais devem ser tratados da mesma forma que o paciente. Recomenda-se abstinência sexual de 2 semanas durante o tratamento.

 

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Referências:

UpToDate®. Syphilis: Screening and diagnostic testing.

UpToDate®. Syphilis: Treatment and monitoring.

UpToDate®. Syphilis: Epidemiology, pathophysiology, and clinical manifestations in patients without HIV.

UpToDate®. Congenital syphilis: Clinical manifestations, evaluation, and diagnosis.
WHO – Global Sexually Transmitted Infections Programme. Mother-to-child transmission of syphilis.

 

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