Câncer de mama em homens?
Os homens também possuem glândulas mamárias e produzem hormônios femininos como o estrogênio, porém em baixa quantidade. Devido a essas características é possível sim que o homem desenvolva um câncer de mama.
Apesar dessa possiblidade esse câncer é muito mais raro do que em mulheres, representando cerca de 1% dos casos, ou seja, a cada 100 mulheres diagnosticadas com câncer de mama, há 1 homem com o mesmo diagnóstico. Apesar de raro, sua incidência está aumentando ao longo dos últimos anos. Segundo a Sociedade Americana do Câncer, em 2019 foram diagnosticados 2670 novos casos de câncer de mama masculino, com uma taxa de mortalidade de 18%. Em geral, a taxa de mortalidade em homens é mais alta devido à demora no diagnóstico.
Porque o diagnóstico é tardio?
O diagnóstico inicial geralmente ocorre em um estágio posterior do que no câncer de mama feminino. Sendo assim, o câncer de mama masculino costuma exibir características de doença mais avançadas, como tumor de tamanho maior, envolvimento de linfonodos e metástases distantes no momento do diagnóstico. Mas porque esse diagnóstico é tão tardio?
Acredite ou não, os maiores problemas são: falta de informação e preconceito!
As campanhas destinadas a prevenção do câncer de mama são totalmente voltadas ao publico feminino e em poucas ocasiões citam a possibilidade de o homem também desenvolver o câncer de mama.
Homens tem uma maior dificuldade em procurar um auxilio médico quando observa aumento da mama ou algum caroço na região do peito, muitas vezes acreditando ser apenas algo passageiro. Sendo assim, a procura de um profissional ocorre somente com a piora do quadro, o que leva ao diagnóstico tardio da doença.
A comprovação do diagnóstico segue os mesmos protocolos do câncer de mama feminino, como ultrassom, mamografia e biopsia do tecido.
O que é importante observar?
- Surgimento de um caroço próximo ao mamilo
- Retração do mamilo
- Dor unilateral na mama
- Secreção pelo mamilo
E como é esse câncer?
Por ser uma doença rara, o câncer de mama masculino ainda não é muito bem entendido. Sendo assim, a classificação, prognóstico e tratamento, são feitos através da extrapolação de dados e conhecimento do câncer de mama feminino.
O que se sabe até então é que os cânceres de mama masculino apresentam uma maior expressão de receptores hormonais de estrogênio, progesterona e androgênio, e tem menor probabilidade de apresentarem uma amplificação de HER2.
Um estudo em 2011 classificou o câncer de mama masculino em dois tipos principais: o subtipo complexo masculino, que é semelhante ao câncer de mama luminal feminino (maior expressão de receptores hormonais); e o subtipo simplex masculino, que não compreende as mesmas características do câncer de mama feminino. Apesar da existência dessa classificação, ela é pouco utilizada na prática clínica.
Informações como mutações em genes específicos e alterações de expressão dos receptores hormonais são os maiores aliados no diagnóstico e prognóstico desse tipo tumoral.
Existe algum fator de risco?
Em geral os fatores de risco são os mesmos no desenvolvimento de diversos tipos tumorais, principalmente àqueles ligados à qualidade de vida do indivíduo, como uso de álcool e drogas, sedentarismo e má alimentação.
Já falamos sobre alguns hábitos que podem ser mudados e que ajudam na prevenção contra o câncer aqui.
Em relação a fatores de risco intrínsecos ao câncer de mama masculino, podemos citar dois de maior importância: fatores hormonais e genéticos.
Os fatores hormonais envolvem na maioria dos casos o aumento do estrogênio no corpo, seja de forma endógena ou exógena. Por exemplo, o uso de estrogênios exógenos para o tratamento do câncer de próstata e na terapia hormonal para os transexuais de homem para mulher aumenta o risco de câncer de mama masculino.
Já o aumento endógeno de estrogênios pode ocorrer em casos de obesidade, cirrose, orquite de caxumba, testículos que não desceram ou lesão testicular. Um caso especial de níveis aumentados de estrogênio acontece na síndrome de Klinefelter. Essa síndrome é uma condição genética rara caracterizada pela presença de um cromossomo X extra (genótipo XXY) e associada a disgenesia testicular, ginecomastia, equilíbrio alterado de andrógenos e estrógenos e aumento de gonadotrofinas. Indivíduos com a síndrome de Klinefelter tem um risco aumentado em até 50 vezes de desenvolver câncer de mama masculino.
O fator de risco genético é observado em casos de câncer hereditário ou familial, onde se observa uma alta frequência de casos de câncer na família. Nesses tipos de câncer são encontradas mutações em genes específicos como BRCA1. Mas o que isso quer dizer?
Uma maneira de explicar é: se um membro da família possui essa mutação, a chance de outro membro dessa mesma família também ter a essa mutação é maior, indicando uma maior probabilidade de desenvolver o câncer. Sendo assim, o homem deve ficar atento a sinais de aumento ou caroço na mama, caso na sua família existam mulheres diagnosticadas com câncer de mama e também câncer do colo de útero.
Qual o melhor tratamento?
O tratamento é o mesmo do câncer de mama feminino podendo variar entre quimioterapia, radioterapia, bloqueio de hormônios e mastectomia. A escolha do tratamento dependerá das características clínicas e moleculares do tumor. Quando se faz a mastectomia ela é total com a retirada da aréola e mamilos, pois a mama masculina é pequena e os nódulos estão atrás dos mamilos.
Tanto homens quanto mulheres podem desenvolver câncer de mama. Estar atento aos sinais e sintomas é essencial para um diagnóstico precoce, garantindo a melhora no prognóstico e sobrevida dos pacientes.
Nesse mês de outubro a campanha Outubro Rosa se dedica a divulgar o conhecimento sobre o câncer de mama. Fique de olho nas notícias e atualizações na área de Oncologia do nosso Portal.
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Referências:
A.C.CAMARGO Cancer Center. Cancer de Mama em homens: fique atento.
GUCALP, Ayca et al. Male breast cancer: a disease distinct from female breast cancer. 2019.
KONDURI, Santhi et al. Epidemiology of male breast cancer. Breast, 2020
SALOMON, Marcus Felippe Bopp et al. Câncer de mama no homem. Revista Brasileira de Mastologia,2015.
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