A partir dessa semana, o esquema de vacina contra poliomielite passa a ser exclusivamente com a vacina injetável, e não mais com a “gotinha”. Dessa forma, a vacina contra pólio é administrada em 3 doses, aos 2, 4 e 6 meses de idade, seguida por uma dose de reforço aos 15 meses.
Entenda mais sobre a decisão do Ministério da Saúde e como funciona o novo esquema vacinal com a vacina injetável contra poliomielite.
Vacina contra poliomielite: via injetável substitui a gotinha
A Vacina Inativada da Poliomielite (VIP) é a injetável, formada por 3 tipos de poliovírus inativados: tipo 1 (Mahoney), tipo 2 (MEF-1) e tipo 3 (Saukett). Já a Vacina Oral para a Poliomielite (VOP) é a com vírus vivo atenuado – a “Gotinha”.
Recentemente, o Ministério da Saúde anunciou a substituição das duas doses de reforço da vacina oral pela vacina administrada por via injetável. Dessa forma, a partir de 4 de novembro, o esquema vacinal inclui três doses da vacina injetável contra poliomielite, administradas aos 2, 4 e 6 meses de idade, e uma dose de reforço aos 15 meses, também com a VIP.
Esta decisão foi fundamentada em critérios epidemiológicos, evidências científicas e recomendações internacionais, visando aumentar a segurança do esquema vacinal. Diversos países, como os Estados Unidos e nações da Europa, já adotam esquemas de vacinação que utilizam exclusivamente a VIP.
Desde 1994, o vírus selvagem da pólio foi considerado erradicado nas Américas
Vamos lembrar: a vacina injetável contra poliomielite dá origem a uma resposta humoral com produção de IgG, mas não dá origem a IgA secretora de mucosa (uma vez que não é dado via oral) – assim, os não vacinados estão sujeitos a se contaminarem com o vírus selvagem intestinal.
No entanto, essa questão não é um problema no Brasil. A região das Américas é considerada uma área livre de circulação do vírus selvagem da poliomielite desde 1994, e está livre da doença há 34 anos.
A administração de vacinas infantis de rotina tem sido bem-sucedida contra a disseminação da doença em escala global. Desde então, metas foram estabelecidas para a erradicação completa da poliomielite do tipo selvagem (causada pelos sorotipos 1, 2 e 3 do poliovírus).
Atualmente, o tipo 1 é o único tipo selvagem ainda em circulação e é endêmico apenas no Paquistão e no Afeganistão. Os tipos selvagens 2 e 3 são considerados erradicados desde 2015.
O Zé Gotinha continua sendo símbolo nacional de vacinação
Desde 1977, quando a vacina oral contra poliomielite foi oficialmente introduzida, o Brasil tem registrado sucesso nas campanhas de vacinação. Em 2023, a cobertura vacinal contra a poliomielite subiu para 86,55%, comparada a 77,20% em 2022, segundo dados da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS).
O personagem Zé Gotinha, criado nos anos 1980, permanece como um importante símbolo na promoção da vacinação, não apenas contra a poliomielite, mas também para outras doenças imunopreveníveis, como o sarampo.
Além de conscientizar sobre a importância da imunização, o Zé Gotinha tem desempenhado um papel crucial no combate à desinformação sobre vacinas. Em 2024, o personagem foi reconhecido com o prêmio iBest na categoria Brand Persona. Os esforços do Zé Gotinha contribuíram para o aumento da cobertura vacinal em 13 dos 16 principais imunizantes do calendário infantil em 2023, melhorando significativamente os índices de vacinação no Brasil.
Leia também: 24 de outubro: Dia Mundial de Combate à Poliomielite!
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Referências:
BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Vacina oral da poliomielite será substituída por dose ainda mais segura e eficiente. Publicado em 20/09/2024.
BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Informe técnico – RETIRADA DA VACINA POLIOMIELITE 1 E 3 (ATENUADA)(VOPb) E ADOÇÃO DO ESQUEMA EXCLUSIVO COM VACINA POLIOMIELITE 1, 2 E 3 (INATIVADA) (VIP). 2024.
O’Grady M, Bruner PJ. Polio Vaccine. 2023 Jan 16. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2024 Jan–. PMID: 30252295.