Pembrolizumabe em monoterapia para pacientes com carcinoma anal

remédio para febre

Um estudo clínico recente relatou a eficácia e a segurança do uso de Pembrolizumabe em monoterapia para o tratamento de pacientes com carcinoma anal de células escamosas.

Carcinoma de células escamosas do canal anal

O carcinoma de células escamosas é o tipo mais comum dos carcinomas anais invasivos. Sua etiologia dominante é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), e a utilidade das vacinas direcionadas contra os sorotipos oncogênicos do vírus na prevenção do câncer anal é evidente. Fatores de risco adicionais incluem infecção por HIV, sexo anal receptivo, tabagismo e imunossupressão.

O sintoma de apresentação mais comum é o sangramento, mas até um terço dos pacientes podem apresentar-se assintomáticos. Uma vez feito o diagnóstico tecidual, o estadiamento do tumor primário é realizado com ressonância magnética ou ultrassonografia transanal.

As diretrizes da NCCN para carcinoma anal fornecem recomendações para o manejo de pacientes com carcinoma de células escamosas do canal anal ou região perianal. O tratamento padrão-ouro para a doença em estágio I-III continua sendo o protocolo Nigro, descrito pela primeira vez em 1974. A doença em estágio I que não envolve o esfíncter pode ser tratada com excisão local, enquanto a doença à distância é tratada com quimioterapia sistêmica com radiação reservada para sintomas locorregionais.

Na busca de novas opções terapêuticas, um estudo clínico recente relatou e eficácia e segurança do uso de Pembrolizumabe em monoterapia para pacientes com carcinoma anal de células escamosas.

Pembrolizumabe

O pembrolizumabe (Keutryda®) é um anticorpo monoclonal anti-PD-1 altamente específico. Ao se ligar no receptor da proteína de morte celular programada (PD-1), inibe a atividade dessa proteína nas células T. A inibição da cascata de sinalização de PD-1 inibe a regulação negativa do sistema imune, revertendo a supressão das células T, culminando na resposta antitumoral.

Seu uso é indicado para diversas neoplasias, seja em monoterapia ou terapia combinada. Para o tratamento do câncer de pele do tipo melanoma, seu uso já é aprovado e incorporado no Sistema Único de Saúde (SUS). Em setembro de 2021, o medicamento passou a ser indicado no Brasil para o tratamento de primeira linha em câncer colorretal.

Agora, no estudo KEYNOTE-158 foi avaliada a eficácia e segurança do seu uso em carcinoma anal de células escamosas. O trabalho foi publicado na revista The Lancet Gastroenterology & Hepatology no final de janeiro.

Pembrolizumabe
O Pembrolizumabe (Keytruda®) possui apresentação em solução injetável para uso endovenoso. No nosso app wemeds é possível encontrar a bula completa do medicamento.

Estudo KEYNOTE-158

O estudo clínico que avaliou o uso de pembrolizumabe (Keytruda®) em pacientes com câncer anal foi o estudo KEYNOTE-158. Nesse estudo, diversos outros tipos tumorais também estão sendo avaliados. Já falamos anteriormente de outros braços desse estudo, como o KEYNOTE-B49 para câncer de mama (confira aqui).

O KEYNOTE-158 é um estudo multicoorte e multicêntrico, incluindo mais de 1500 participantes de 38 centros diferentes. Destes, 112 pacientes foram inscritos para o estudo com carcinoma anal avançado ou metastático confirmado histologicamente ou citologicamente. Ainda, nesses pacientes houve falha anterior ou intolerância à terapia padrão ou nenhuma opção de terapia padrão, e uma amostra de tecido avaliável por PD-L1.

Os pacientes receberam pembrolizumabe 200 mg por via intravenosa a cada 3 semanas por algum dos desfechos a seguir: 2 anos; progressão da doença; toxicidade inaceitável; decisão do investigador de retirar o paciente do estudo; ou retirada do consentimento do paciente. O desfecho primário foi a resposta objetiva, conforme avaliado pelos Critérios de Avaliação de Resposta em Tumores Sólidos (RECIST).

Os resultados encontrados foram promissores, mostrando atividade antitumoral durável com monoterapia com pembrolizumabe em um subconjunto de pacientes, com respostas objetivas observadas em 11% dos pacientes. Os pesquisadores também relatam uma sobrevida global mediana de quase 12 meses, fornecendo os primeiros dados de eficácia de acordo com a expressão de PD-L1 neste tipo de tumor.

Quanto aos efeitos adversos, 61% dos pacientes apresentaram reações relacionadas ao tratamento, sendo as mais comuns: fadiga, diarreia, hipotireoidismo e náuseas. Eventos adversos graves relacionados ao tratamento ocorreram em 12 pacientes, e nenhuma morte relacionada foi relatada.

 

Esse estudo indica que a monoterapia com pembrolizumabe é uma possível opção de tratamento com uma relação risco-benefício favorável para pacientes com carcinoma anal avançado previamente tratado que não têm opções alternativas de tratamento satisfatórias.

 —–

Referências:

Astrid Lièvre. Anti-PD-1 for pretreated advanced anal carcinoma: which patients will benefit? https://doi.org/10.1016/S2468-1253(22)00002-4

Aurelien Marabelle. Philippe A Cassier, Marwan Fakih et al. Pembrolizumab for previously treated advanced anal squamous cell carcinoma: results from the non-randomised, multicohort, multicentre, phase 2 KEYNOTE-158 study. January 31, 2022. DOI: https://doi.org/10.1016/S2468-1253(21)00382-4

Critérios radiológicos para a avaliação da resposta oncológica de tumores sólidos (RECIST 1.1) – parte 1. Dr.Pixel. Campinas: Dr Pixel, 2020. Disponível em: https://drpixel.fcm.unicamp.br/conteudo/criterios-radiologicos-para-a-avaliacao-da-resposta-oncologica-de-tumores-solidos-recist-1-1-parte-1

Google search engine

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui