Nessa semana, algumas atualizações foram destaque sobre o vírus Monkeypox (causador da “varíola de macacos”). Além da possível alteração de nomenclatura, cinco casos já foram confirmados no Brasil, e oito seguem sob investigação.
Monkeypox, varíola de macacos, e possível alteração de nomenclatura
Em 10 de junho, um grupo de cerca de 30 virologistas redigiu um manifesto quanto a necessidade urgente de alteração do nome do vírus monkeypox (MPXV), atual causador da varíola de macacos.
A infecção por MPXV é causada normalmente por eventos relacionando humanos e animais. No entanto, o vírus também pode ser transmitido de uma pessoa para outra por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados. Segundo os autores, a contagem de casos e os padrões epidemiológicos sugerem que o atual surto global é sustentado pela transmissão de humano para humano.
A questão discutida é sobre a percepção da mídia e da literatura científica quanto a endemicidade do vírus em países africanos, com uma narrativa que vincula o atual surto global à África ou à Nigéria, incluindo o uso de rótulos geográficos para cepas de MPXV (como cepa ou genótipo “África Ocidental” ou “África Ocidental”).
Está bem estabelecido que quase todos os surtos de MPXV na África antes do surto de 2022 foram resultado de transmissão de animais para humanos, e raramente houve relatos de transmissões sustentadas de humano para humano.
No contexto do atual surto global, a referência contínua e a nomenclatura deste vírus como sendo africano não é apenas imprecisa, mas também discriminatória e estigmatizante. Recentemente, a Associação de Imprensa Estrangeira da África emitiu um comunicado pedindo à mídia global que parasse de usar imagens de africanos para destacar o surto na Europa.
Nesse sentido, há a proposta de uma nomenclatura neutra, não discriminatória e não estigmatizante. A nova nomenclatura pode incluir as três cepas principais do vírus (1, 2 e 3), por ordem de detecção, e o nome oficial do vírus, MPXV.
No Brasil, há diversas críticas quanto ao nome “varíola de macacos”. Embora a descoberta inicial tenha sido em macacos em 1958, a maioria dos animais suscetíveis são roedores, além da transmissão de humano para humano. Com a alteração oficial pela OMS, é possível que a nomenclatura brasileira siga os mesmos padrões.
Casos no Brasil
O Ministério da Saúde anunciou no dia 15 de junho novos casos de monkeypox no Brasil. No total, cinco casos já foram confirmados – três em São Paulo, um no Rio Grande do Sul e um no Rio de Janeiro. Ainda, oito casos estão sob investigação. Confira os casos, todos confirmados pelo teste de RT-qPCR:
- São Paulo = três homens (29, 31 e 41 anos), residentes em São Paulo, com histórico de viagem para Europa (sem detalhes), Espanha e Portugal, e retorno ao Brasil no início de junho.
- Rio Grande do Sul = homem, 51 anos, residente em Porto Alegre, com histórico de viagem para Portugal e retorno ao Brasil em 10 de junho.
- Rio de Janeiro = homem, 38 anos, residente em Londres, que veio ao Brasil em 11 de junho para visitar a família.
Durante essa semana, um óbito também esteve sob investigação em Minas Gerais. O caso é de um homem de 41 anos, sem histórico de viagens ou de contatos com casos suspeitos ou confirmados para a doença. Em nota, o Ministério da Saúde declara que foi descartada relação com a infecção por vírus monkeypox.
Em um artigo anterior, falamos sobre a doença e os sintomas relacionados. Se quiser saber mais, clique aqui.
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Referências:
Christian Happi, Ifedayo Adetifa, Placide Mbala et al., Urgent need for a non-discriminatory and non-stigmatizing nomenclature for monkeypox virus. 2022.
Ministério da Saúde. NOTA À IMPRENSA. Atualização sobre os casos de monkeypox no Brasil. Publicado em 15/06/2022 12h00.