Linfoma não Hodgkin: como tratar?

O Linfoma não Hodgkin representa cerca de 90% de todos os tipos de linfoma, e é a 6ª neoplasia mais diagnosticada no mundo – sendo também a 6ª principal causa de óbito por câncer.

Quanto ao tratamento para essa condição, temos um “paradoxo”: os subtipos indolentes apresentem uma maior sobrevida sem tratamento, porém são os subtipos agressivos que apresentam maior chance de cura.

A grande maioria dos linfomas são do tipo “não-Hodgkin”

linfoma não-Hodgkin é uma neoplasia hematológica em que um linfócito B (ou menos comumente linfócito T ou célula NK – 15% das vezes) se transforma em uma célula maligna, crescendo/multiplicando descontroladamente e capaz de se disseminar pelo corpo.

Embora possa ocorrer em qualquer idade, a incidência é maior em pacientes mais velhos (50 – 65 anos – aumenta de forma logarítmica com a idade). Ainda, a incidência da doença vem aumentando com o tempo, provavelmente por questões como número de pacientes HIV+, advento de terapias imunossupressoras e melhora na capacidade diagnóstica.

A condição recebe o nome de “Linfoma não-Hodgkin” por ter características imunogenéticas distintas do “Linfoma de Hodgkin” – este inicialmente descrito em 1832 pelo médico inglês patologista Dr. Thomas Hodgkin.

linfoma não hodgkin

Antes de falarmos do tratamento para Linfoma não Hodgkin, é importante entender a classificação da doença

O linfoma não hodgkin pode ser classificado em 3 grandes grupos (REAL-OMS), dependendo de aspectos morfológicos, clínicos, imunofenotípicos e genéticos.

De forma geral, temos:

  1. Linfomas indolentes: sem tratamento, o paciente sobrevive por anos.

Dentre os principais tipos específicos dentro desse grupo, temos o linfoma folicular (principal indolente), linfoma MALT (do inglês “Mucosa Associated Lymphoid Tissue“) e micose fungoide / síndrome de Sézary.

Leia também: Escores FLIPI 2 e GELF em pacientes com linfoma folicular.

  1. Linfomas Agressivos: sem tratamento, o paciente sobrevive por meses.

Os principais tipos agressivos são o linfoma difuso de grandes células B (33% dos casos de linfomas não-Hodgkin, sendo o mais comum de todos) e linfoma de manto.

  1. Linfomas Altamente Agressivos: sem tratamento, o paciente sobrevive por semanas.

Os principais tipos altamente agressivos são o linfoma linfoblástico de células pré-T (mais comum na infância, 40% dos casos) e linfoma de Burkitt.

monitoramento do cancer linfoma não hodgkin

O Linfoma não-Hodgkin tem cura?

O tratamento para o linfoma não-Hodgkin apresenta um “paradoxo”: as formas indolentes da doença apresentam sobrevida longa, mas em geral não têm cura. Por outro lado, as formas agressivas apresentam baixa sobrevida se não tratadas – porém, em geral, são curáveis.

linfoma não hodgkin

Como tratar Linfomas Indolentes?

O arquétipo desse grupo é baseado em Linfoma Folicular, Linfoma Linfocítico Pequeno e Linfoma de Zona Marginal. Assim, nessas situações, o tratamento vai depender do estadiamento do paciente:

Estágios I e II (Doença Localizada): se a doença for diagnosticada nos estágios iniciais (o que é difícil), o tratamento adequado faz com que em 50% das vezes haja a cura – que consiste em radioterapia regional exclusiva em doses de 30 – 36 Gy.

Estágios III e IV (Doença Avançada): o pilar terapêutico é a utilização de quimioterapia. No entanto, mesmo após uma aparente remissão, as chances de recidivas de repetição são enormes. Dessa maneira, a conduta vai depender da idade do paciente e sintomas:

  • Paciente idoso e assintomático: conduta expectante.
  • Paciente jovem ou idoso sintomáticos: a base do tratamento é a utilização de quimioterapia endovenosa associada ao anticorpo monoclonal Rituximabe.

A remissão do linfoma ocorre em 50 – 75% dos casos, porém a recidiva é regra. Em pacientes com recidivas recorrentes, pode-se tentar o transplante de medula óssea autólogo (do próprio paciente). O transplante alogênico de medula óssea (de um doador) é possível em casos mais agressivos.

Escores FLIPI 2 e GELF linfoma folicular linfoma não hodgkin

E nos casos de Linfomas Gástricos MALT?

Pode existir recidiva do linfoma através do tratamento de H. pylori, uma vez que esse constitui na maioria das vezes o desencadeador fisiopatológico. Em situações de refratariedade, ou quadros muito avançados, opta-se por radioterapia e/ou procedimentos cirúrgicos (principalmente gastrectomia total).

 

Como tratar Linfomas Agressivos?

O grande representante dos linfomas agressivos é o Linfoma Difuso de Grandes Células, sendo o subtipo de linfoma Não-Hodgkin mais comum.

A base do tratamento é a utilização de quimioterapia endovenosa associada a anticorpo monoclonal (Rituximabe). São diversos os esquemas possíveis, sendo um bastante utilizando o “R-CHOP” (Rituximabe + Ciclofosfamida + Doxorrubicina + Vincristina + Prednisona) em ciclos de 21 dias.

Além disso, em caso de estágios I e II (doença localizada), após os ciclos, tipicamente se realiza uma radioterapia de “campo envolvido” (somente na região envolvida da doença). Em qualquer estágio, recorrências podem ser ainda tratadas (e curadas) com o transplante autólogo de medula óssea.

Leia também: Epcoritamabe é aprovado pela Anvisa para tratar linfoma agressivo.

Linfoma não Hodgkin: como tratar?

Como tratar Linfomas Altamente Agressivos?

Os principais representantes dos Linfomas Altamente Agressivos são o Linfoma de Burkitt e Linfoma Linfoblástico. Nessas situações, a pedra angular do tratamento é a quimioterapia, com profilaxia do sistema nervoso (utilizando por exemplo metotrexato intratecal).

Um esquema muito utilizado é o “Hyper CVAD“, associado com anticorpo monoclonal (Rituximabe), feito em ciclos alternados (total de 8 ciclos).

 

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Referências:

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de Câncer – INCA. Linfoma não Hodgkin. Acessado em 18/11/2024.

ABRALE – Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia. Tratamentos. Linfoma não-Hodgkin – LNH. Disponível em: https://abrale.org.br/doencas/linfomas/lnh/tratamentos/ Acessado em 18/11/2024.

PDQ Adult Treatment Editorial Board. (2023). Non-Hodgkin Lymphoma Treatment (PDQ®): Health Professional Version. In PDQ Cancer Information Summaries. National Cancer Institute (US).

Tilly, H., Gomes da Silva, M., Vitolo, U., Jack, A., Meignan, M., Lopez-Guillermo, A., Walewski, J., André, M., Johnson, P. W., Pfreundschuh, M., Ladetto, M., & ESMO Guidelines Committee (2015). Diffuse large B-cell lymphoma (DLBCL): ESMO Clinical Practice Guidelines for diagnosis, treatment and follow-up. Annals of oncology : official journal of the European Society for Medical Oncology, 26 Suppl 5, v116–v125. https://doi.org/10.1093/annonc/mdv304

Ansell S. M. (2015). Non-Hodgkin Lymphoma: Diagnosis and Treatment. Mayo Clinic proceedings, 90(8), 1152–1163. https://doi.org/10.1016/j.mayocp.2015.04.025

Sehn, L. H., & Salles, G. (2021). Diffuse Large B-Cell Lymphoma. The New England journal of medicine, 384(9), 842–858. https://doi.org/10.1056/NEJMra2027612

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