

O critério diagnóstico para Mieloma Múltiplo IMWG foi desenvolvido em 2014, em um consenso internacional do International Myeloma Working Group. É um índice que deve ser utilizado em pacientes com suspeita diagnóstica, para diagnosticar ou descartar a doença.
Mieloma múltiplo: segundo câncer hematológico mais comum
O mieloma múltiplo é a segunda neoplasia hematológica mais comum. Nesses pacientes, há acometimento de plasmócitos (glóbulos brancos responsáveis pela produção de anticorpos), fazendo com que esse se transforme em uma célula maligna, crescendo/multiplicando descontroladamente na medula óssea.
Tipicamente os pacientes acometidos têm mais de 50 anos (média de 65 anos), sendo raro em indivíduos com menos de 40 anos. É mais comum em homens do que em mulheres, e em negros, a doença representa 33% das neoplasias hematológicas.
Pacientes com a condição apresentam sintomas inespecíficos como mal-estar, náuseas, cefaleia, perda de peso. Além disso, o paciente pode apresentar achados mais específicos, como dor óssea (70% dos casos), anemia, infecções de repetição, hipercalcemia e comprometimento renal.
A confirmação diagnóstica do mieloma múltiplo se dá pelos critérios diagnósticos IMWG.
Como utilizar o IMWG?
O critério diagnóstico IMWG foi desenvolvido em 2014, com o objetivo de atualizar a definição do mieloma múltiplo, incluindo biomarcadores adicionais na análise diagnóstica, baseando-se nos critérios estabelecidos em 2003.
Dessa forma, é composto por 3 critérios, que auxiliam na confirmação do diagnóstico de Mieloma Múltiplo em pacientes sob investigação. É de fácil e rápida utilização – na avaliação, apenas um critério definidor ou biomarcador é suficiente.
Veja os critérios:
- Critério obrigatório: ≥ 10 % da medula preenchida por plasmócitos e/ou plasmocitoma (avaliado por biópsia).
- Critérios definidores – marcar todos que se aplicam:
- Hipercalcemia (Ca > 11 mg/dL).
- Lesões líticas.
- Anemia (Hb < 10 g/dL ou redução > 2 g/dL do normal).
- Insuficiência Renal (Creatinina > 2 mg/dL ou ClCr < 40 mL/min).
- Critérios biomarcadores – marcar todos que se aplicam:
- Plasmocitose Medular ≥ 60%.
- Lesões líticas.
- Relação entre cadeias leves no sangue ≥ 100.
- Mais de 1 lesão focal visualizada por Ressonância Magnética (≥ 5 mm).
O diagnóstico de Mieloma Múltiplo é fechado se o critério obrigatório está presente e se há pelo menos um dos critérios definidores ou um dos critérios biomarcadores.
Atenção às limitações
O critério IMWG é uma opção interessante para identificar o mieloma múltiplo. No entanto, a não confirmação diagnóstica não implica, necessariamente, em exclusão diagnóstica. A possibilidade da neoplasia indolente deve ser considerada.
Lembrando que os pesquisadores sugerem uma atualização dos biomarcadores dentro de 2 anos para manter a acurácia dos critérios. Logo, embora o critério de 2014 seja o mais utilizado, há outras propostas de critérios mais atualizadas.
Diagnóstico confirmado: o que fazer?
O objetivo do tratamento é controlar a doença, além de manejar corretamente as complicações. Isso melhora a qualidade de vida, e prolonga a sobrevida. O transplante alogênico de medula óssea é potencialmente curativo. No entanto, não é feito de rotina por refletir alta mortalidade (~50%).
São diversos esquemas quimioterápicos possíveis. Porém, infelizmente, o prognóstico em geral é ruim: a sobrevida em 5 anos é em torno de 35%, sendo o mieloma múltiplo responsável por 20% de todos os óbitos por câncer hematológico. A principal causa de óbito nesses pacientes são as infecções. Estatisticamente, infecção bacteriana reflete 45% dos óbitos nos primeiros 60 dias do diagnóstico.
É importante reavaliar os pacientes em cada ciclo do tratamento para ver se há resposta ao esquema proposto. Na presença de recidivas em período inferior a 6 meses, deve-se realizar um novo esquema quimioterápico; por outro lado, se a recidiva for após 6 meses, pode-se repetir o esquema utilizado previamente. Na recidiva, para pacientes candidatos, novos transplantes de medula óssea podem ser realizados.
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Referências:
Rajkumar SV, et al. International Myeloma Working Group updated criteria for the diagnosis of multiple myeloma. Lancet Oncol. 2014 Nov;15(12):e538-48. doi: 10.1016/S1470-2045(14)70442-5. Epub 2014 Oct 26. PMID: 25439696.