O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, realizada no Brasil durante o mês de setembro. Ela tem como objetivo promover debates, desmistificar o tema e encorajar pessoas a buscarem ajuda. Nesse sentido, trouxemos uma revisão sobre a Ideação Suicida na criança e no adolescente.
O suicídio é a terceira principal causa de morte entre crianças e adolescentes
A ideação suicida diz respeito aos pensamentos recorrentes sobre tirar a própria vida. Há variação de intensidade e frequência, incluindo desde os pensamentos de que seria melhor morrer, até a formulação de planos elaborados.
Em crianças, é menos frequente que a ideação suicida resulte em tentativas de suicídio ou, de fato, o suicídio consumado. Em adolescentes, o risco aumenta, e o suicídio ocorre a cada 50-100 tentativas.
Assim como em adultos, o risco de cometer suicídio é maior em meninos (4:1). Porém, as meninas têm de 2-3 vezes maior probabilidade de pensamentos suicidas e de tentativa de suicídio. As meninas tendem a escolher métodos menos letais, como overdose ou cortes. Já os meninos costumam escolher armas de fogo ou enforcamento, o que aumenta as taxas de sucesso na tentativa.
O principal fator de risco é a presença de transtornos mentais, como esquizofrenia, transtorno bipolar, transtorno depressivo maior. A presença de algum distúrbio mental é observado em mais de 90% das tentativas de suicídio.
Além disso, outros fatores de risco estão envolvidos na ideação suicida em crianças e adolescentes, como história de abuso físico e/ou sexual (aumenta até 8 vezes o risco), perda de parente muito próximo, como um irmão, exposição constante à violência, instabilidade familiar etc.
Como identificar ideação suicida na criança e no adolescente
Em adultos, o diagnóstico da ideação suicida é baseado nas definições (pensamentos em relação a tirar a própria vida já definem ideação suicida). Porém, em crianças e adolescentes, o diagnóstico pode ser mais desafiador.
Na maioria dos casos, crianças e adolescentes costumam falar sobre “ter um futuro sem propósito, negativo”. Relatam sentimentos de desesperança, “sensação de ser um fardo” principalmente para a família, inutilidade, desamparo. Os sinais nem sempre são óbvios, principalmente em crianças menores – pensamentos suicidas podem ser confundidos com uma dificuldade em lidar com as questões diárias.
Ainda, lembre-se dos fatores de risco, que devem ser avaliados na anamnese completa – também permitir que a criança / adolescente tenha um atendimento longe dos pais ou responsáveis, pois podem se sentir desconfortáveis em falar na frente da família. No exame físico, buscar sinais de tentativa de suicídio ou automutilação, bem como sinais de abuso físico e/ou sexual.
Não esqueça: o suicídio é uma condição evitável! Todos os sinais devem ser considerados.
Dia 10 de setembro foi o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio
O dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, data central dentro do Setembro Amarelo. A campanha foi criada em 2015 pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
A campanha visa aumentar a conscientização sobre a importância da saúde mental e encorajar as pessoas a conversarem sobre o tema sem preconceitos, além de informar sobre sinais de alerta e onde procurar ajuda.
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Há diversas terminologias que envolvem o suicídio, como ideação, comportamento suicida, ameaça e tentativa – veja mais no artigo “Ideação suicida: o que é e como identificar os sinais?”
Além disso, o conteúdo completo sobre a condição está disponível no nosso app WeMEDS®, incluindo etiologia e fisiopatologia, tratamento e seguimentos do pacientes. Nosso app está disponível na versão web ou para download para iOS ou Android.
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Referências:
Conselho Federal de Medicina – CFM. Setembro Amarelo: 11 anos de conscientização na prevenção ao suicídio. https://portal.cfm.org.br/noticias/setembro-amarelo-11-anos-de-conscientizacao-na-prevencao-ao-suicidio
Stephanie Kennebeck, MD; Liza Bonin, PhD. Suicidal ideation and behavior in children and adolescents: Epidemiology and risk factors. UpToDate®.