A glomerulonefrite é um distúrbio inflamatório que pode danificar as estruturas de filtração dos rins, ao ponto de comprometer a função e ser necessária hemodiálise ou o transplante renal.
O tratamento com glicocorticoides em alguns pacientes pode não ser suficiente para preservar a função renal. Nesse contexto, um importante estudo demonstrou que derivados da vitamina B2 podem inibir a inflamação renal e colaborar para a preservação de função.
Pesquisadores investigam células MAIT na glomerulonefrite
Os glomérulos são estruturas de filtração nos rins formadas por um emaranhado de capilares. Essas estruturas podem ser acometidas por um distúrbio inflamatório chamado glomerulonefrite que pode danificá-las ao ponto de comprometer a função e ser necessária hemodiálise ou o transplante renal.
Embora o tratamento inclua glicocorticoides, em alguns pacientes isso pode não ser suficiente para preservar a função do rim. Nesse contexto, pesquisadores do Centro Médico Universitário Hamburg-Eppendorf e do Hospital Universitário de Bonn demonstrando que derivados da vitamina B2 podem inibir a inflamação renal e colaborar para a preservação de função.
A publicação do grupo na revista Nature Communications conta que a equipe tinha por objetivo estudar certas células imune conhecidas como células T invariantes associadas à mucosa (células MAIT). Estas raras células imunitárias são normalmente encontradas em tecidos mucosos, como no intestino ou nos pulmões, onde desempenham funções de resposta primária contra infecções.
No estudo, os pesquisadores investigaram as diferenças entre as populações de células MAIT entre amostras renais de pacientes saudáveis e pacientes com glomerulonefrite, além de modelos murinos da doença. Com essa estratégia, os pesquisadores descobriram que nos rins de pacientes e camundongos com glomerulonefrite a células MAIT foram atraídas para a região do glomérulo por moléculas produzidas por fagócitos mononucleares residentes do tecido renal e já associados à progressão da glomerulonefrite.
Por outro lado, a ativação das células MAIT tende a contribuir para a modulação e redução da inflamação e até, a depender de um grande número de células MAIT, proteger esses rins contra a lesão inflamatória. Em camundongos sem células MAIT ou nos quais os fagócitos eram incapazes de atrair as células MAIT, a tendência era ver os animais evoluindo com lesões renais mais severas.
Derivados da vitamina B2 podem amenizar a condição
Visto que nas regiões mucosas onde foram originalmente descritas as células MAIT são ativadas por metabólitos das vitaminas B2 e B9, os pesquisadores decidiram avaliar a eficácia de um tratamento dos animais portadores de glomerulonefrite com um metabólito artificial da vitamina B2 (5-OP-RU).
Como esperado, a estratégia contribuiu para atrair uma população de células MAIT ativadas que inibiram a atividade pró-inflamatória no rim dos camundongos tratados.
Segundo os autores, seus resultados são importantes porque evidenciaram uma estratégia alternativa de abordagem das glomerulonefrites. Eles frisam, contudo, que o efeito não foi suficiente para suprimir totalmente a inflamação, de forma que a estratégia pode se credenciar como uma terapia adjuvante. Por fim, ressaltam que mais estudos e uma progressão para ensaios clínicos é necessária antes que esse tipo de terapêutica se torne viável.
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Referência:
Gnirck, AC., Philipp, MS., Waterhölter, A. et al. Mucosal-associated invariant T cells contribute to suppression of inflammatory myeloid cells in immune-mediated kidney disease. Nat Commun 14, 7372 (2023). https://doi.org/10.1038/s41467-023-43269-0
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