

O uso de Estramustina no tratamento do câncer de próstata é uma opção terapêutica especialmente utilizada em casos resistentes à castração.
Trata-se de um agente antineoplásico que combina um derivado de mostarda nitrogenada com estradiol, conferindo-lhe propriedades hormonais e citotóxicas. Estudos indicam que sua adição à quimioterapia pode prolongar o tempo até a progressão do PSA e melhorar a sobrevida global. No entanto, seu uso também está associado a um maior risco de eventos tromboembólicos.
Saiba mais sobre os benefícios e riscos da Estramustina no tratamento do câncer de próstata.
Como funciona a Estramustina no tratamento do Câncer de Próstata?
A Estramustina é um agente antineoplásico utilizado principalmente no tratamento do câncer de próstata resistente à castração.
Este composto é uma combinação de um derivado de mostarda nitrogenada e estradiol, o que lhe confere propriedades tanto hormonais (anti-gonadotrófica, resultando em redução nos níveis de testosterona) quanto não hormonais (efeito antimitótico nas células tumorais, inibindo a formação de microtúbulos na metáfase e diminuindo os microtúbulos na interfase).
Como prescrever Estramustina para câncer de próstata?
O medicamento está disponível comercialmente como Fosfato de Estramustina, em cápsulas de 140 mg (Estracyt®).
A dose inicial recomendada para pacientes com câncer de próstata avançado é de 4-6 cápsulas, de forma a atingir a dose de pelo menos, 10 mg/kg. Como manutenção, sugere-se 7-14 mg/kg/dia, fracionado em 2 ou 3 administrações.
Se após 4-6 semanas não houver efeito, o tratamento deve ser interrompido.
Orientar os pacientes para administrar as cápsulas pelo menos 1 hora antes, ou 2 horas após as refeições. O consumo deve ser apenas com água – leite e produtos lácteos reduzem a absorção do medicamento.
A estramustina para câncer de próstata é contraindicada para pacientes menores de 18 anos, com doença hepática grave, doença cardiovascular grave ou hipersensibilidade aos componentes da fórmula. Além disso, embora de risco C na gestação, lembrar que é um medicamento não indicado para mulheres.
Como monitorar e quais riscos considerar
Estudos demonstraram que a adição de estramustina à quimioterapia pode aumentar o tempo até a progressão do PSA e melhorar a sobrevida global, embora também esteja associada a um risco aumentado de eventos tromboembólicos. Dessa forma, o risco destes eventos deve ser monitorado durante todo o tratamento.
Veja: Escore Khorana – avaliação do risco de TEV em pacientes oncológicos.
Além disso, outros parâmetros devem ser monitorados durante o acompanhamento de um paciente em uso de estramustina no tratamento do câncer de próstata:
- Pressão arterial regularmente.
- Cálcio e fósforo regularmente.
- Função hepática durante o tratamento e pelo menos 2 meses após a finalização.
- PSA regularmente.
- Função endócrina durante o tratamento e pelo menos 2 meses após a finalização.
- Glicemia em pacientes diabéticos.
- Adesão ao tratamento.
Cuidado com as interações medicamentosas!
O fosfato de Etramustina pode interagir com alguns medicamentos, como os antidepressivos tricíclicos, inibidores de ECA, vacinas e sais de cálcio, magnésio e alumínio.
- Antidepressivos tricíclicos: há aumento da atividade e da toxicidade dos antidepressivos, e o uso combinado deve ser extremamente cauteloso.
- Inibidores da ECA: há aumento do risco de angioedema.
- Vacinas: aumento do risco de infecção grave ou fatal em uso de vacinas vivas. Em caso de vacinas de vírus atenuados ou mortos, a resposta à vacinação pode ser menor.
- Sais de cálcio, Magnésio, Alumínio: o fosfato de estramustina precipita na presença do cálcio ou sais de magnésio e alumínio. Uso contraindicado!
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Referências:
Estracyst® (fosfato de estramustina). Laboratórios Pfizer Ltda.
UpToDate – Estramustine: Drug information.
Ravery, V., Fizazi, K., Oudard, S., Drouet, L., Eymard, J. C., Culine, S., Gravis, G., Hennequin, C., & Zerbib, M. (2011). The use of estramustine phosphate in the modern management of advanced prostate cancer. BJU international, 108(11), 1782–1786. https://doi.org/10.1111/j.1464-410X.2011.10201.x
Fizazi, K., Le Maitre, A., Hudes, G., Berry, W. R., Kelly, W. K., Eymard, J. C., Logothetis, C. J., Pignon, J. P., Michiels, S., & Meta-analysis of Estramustine in Prostate Cancer (MECaP) Trialists’ Collaborative Group (2007). Addition of estramustine to chemotherapy and survival of patients with castration-refractory prostate cancer: a meta-analysis of individual patient data. The Lancet. Oncology, 8(11), 994–1000. https://doi.org/10.1016/S1470-2045(07)70284-X