Diagnóstico de Neurofibromatose tipo 1 utilizando os critérios do NIH

Neurofibromatose tipo I

A Neurofibromatose tipo I (NF1) ou doença de von Recklinghausen é uma condição caracterizada por alterações da pigmentação da pele e o crescimento de tumores ao longo dos nervos da pele, cérebro e outras partes do corpo. Os tumores geralmente não são cancerosos (benignos), mas podem causar uma série de sintomas.

A doença ocorre devido a variantes patogênicas no gene NF1. É herdada de forma autossômica dominante – cada filho de um indivíduo com NF1 tem 50% de chance de herdar a variante causadora da doença. Porém, até 50% dos casos diagnosticados são provocados por mutações de novo ­­– aquelas novas, nas quais os progenitores não apresentam a mesma alteração.

A maior parte dos pacientes não apresenta sintomas. Nos sintomáticos, mais de 90% apresentam lesões cutâneas ao nascimento ou durante a infância. O diagnóstico é clínico, e os critérios do NIH de 2021 podem auxiliar.

neurofibromatose tipo 1 nf1

NIH (National Institute of Health) 2021

O critério diagnóstico de Neurofibromatose tipo I (NIH 2021) é um índice desenvolvido para auxiliar na confirmação diagnóstica da doença em pacientes sob investigação.

Sua elaboração foi proposta com o intuito de revisar os critérios diagnósticos para NF1 de 1987 e 1997, incorporando novas características clínicas e testes genéticos.

Os critérios foram desenvolvidos na National Institute of Health (NIH) Consensus Conference. Foi usado um processo de várias etapas para o desenvolvimento dos critérios clínicos e genéticos mínimos, envolvendo especialistas globais e, posteriormente, envolvendo não especialistas, pacientes e fundações/grupos de defesa de pacientes.

 

Critérios, Pontuações e Interpretação

O critério diagnóstico de NF1 do NIH (2021) é composto por 7 critérios clínicos. É utilizado em pacientes com suspeita diagnóstica, para diagnosticar ou descartar a doença, e possui alta sensibilidade e especificidade para pacientes acima de 1 ano.

Veja cada um dos critérios:

  1. Seis ou mais máculas café-com-leite com mais de 5 mm de maior diâmetro em indivíduos pré-púberes, e mais de 15 mm de maior diâmetro em indivíduos pós-púberes.
  2. Sardas na região axilar ou inguinal.
  3. Dois ou mais neurofibromas de qualquer tipo, ou um neurofibroma plexiforme.
  4. Glioma da via óptica.
  5. Dois ou mais nódulos de Lisch da íris identificados por exame com lâmpada de fenda, ou duas ou mais anormalidades coroidais – definidas como nódulos brilhantes e irregulares fotografados por tomografia de coerência óptica (TOC)/refletância próxima ao infravermelho (RPI).
  6. Uma lesão óssea distinta, como displasia esfenoidal, arqueamento anterolateral da tíbia ou pseudoartrose de um osso longo.
  7. Uma variante heterozigótica do gene NF1 patogênica, com uma fração do alelo variante de 50% em tecido aparentemente normal, como glóbulos brancos.

mutação NF1 neurofibromatose tipo 1

A confirmação do diagnóstico de Neurofibromatose tipo I ocorre da seguinte maneira:

– Caso o indivíduo tenha um dos pais diagnosticado com NF1: pontuação em pelo menos 1 critério diagnóstico.

– Caso o indivíduo não tenha um dos pais diagnosticado com NF1: pontuação em pelo menos 2 critérios diagnósticos.

 

Vantagens vs. Armadilhas do uso dos critérios

Os critérios de NIH 2021 são a versão mais atualizada dos critérios diagnósticos de NF1. Ainda, como vantagem avalia mutações no gene NF1.

Porém, os critérios não apresentam sensibilidade e especificidade satisfatória em pacientes com idade < 1 ano.

NF1 bebe

Após o diagnóstico, quais os próximos passos?

Os exames complementares são importante para avaliação diagnóstica, avaliação de complicações e exclusão de diagnósticos diferenciais.

Crianças pequenas que apresentam apenas uma manifestação clínica e sem história familiar de NF1 devem continuar a ser monitoradas quanto ao aparecimento de outras manifestações, pois o diagnóstico definitivo geralmente pode ser feito até os quatro anos de idade.

Lembre-se: a confirmação diagnóstica de neurofibromatose tipo I permite o monitoramento e manejo precoce de complicações associadas à doença, minimizando seu impacto.

 

Para saber mais sobre este e outros critérios diagnósticos, acesse o nosso app WeMEDS®. Disponível na versão web ou para download para iOS ou Android.

 

Referências:

Legius E, Messiaen L, Wolkenstein P, et al. Revised diagnostic criteria for neurofibromatosis type 1 and Legius syndrome: an international consensus recommendation. Genet Med. 2021 Aug;23(8):1506-1513. doi: 10.1038/s41436-021-01170-5. Epub 2021 May 19. PMID: 34012067; PMCID: PMC8354850.

Friedman JM. Neurofibromatosis 1. 1998 Oct 2 [Updated 2022 Apr 21]. In: Adam MP, Everman DB, Mirzaa GM, et al., editors. GeneReviews® [Internet]. Seattle (WA): University of Washington, Seattle; 1993-2022. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK1109/

Angelova-Toshkina, D., et al. (2022). Neurofibromatosis type 1: A comparison of the 1997 NIH and the 2021 revised diagnostic criteria in 75 children and adolescents. Genetics in medicine: official journal of the American College of Medical Genetics, 24(9), 1978–1985. https://doi.org/10.1016/j.gim.2022.05.013

 

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