Como diagnosticar a Doença de Behçet: critérios ISG de 1990

behçet afta

International Study Group for Behçet’s Disease – ISGBD

O critério diagnóstico para Doença de Behçet da ISGBD é um índice desenvolvido para confirmar a hipótese diagnóstica da doença.

O trabalho foi desenvolvido com 914 pacientes de 12 centros em 7 países em 1990. No estudo, o critério diagnóstico foi relativamente simples de usar, e teve um desempenho discriminatório aprimorado em comparação aos critérios utilizados anteriormente. Os critérios da ISGBD possuem sensibilidade de 92% e especificidade de 97%.

O critério foi proposto pelo Grupo Internacional de Estudo para a Doença de Behçet, e o artigo foi publicado na revista Lancet em 1990. Em 2006, o critério internacional foi proposto como uma atualização, e ambos são utilizados na prática.

 

Critérios, Pontuações e Interpretação

O critério diagnóstico para Doença de Behçet (ISGBD 1990) é composto por 5 critérios, valendo 1 ponto cada.

Durante a anamnese e exame físico completo, quais dos seguintes critérios que se aplicam?

  1. Úlceras orais recorrentes (mínimo três vezes ao ano)
  2. Úlceras genitais recorrentes
  3. Uveíte ou vasculite retiniana
  4. Lesões cutâneas (eritema nodoso, pseudofoliculite, lesões pápula-postulares ou nódulos acneiformes)
  5. Teste de Patergia Positivo

Define-se Doença de Behçet se pelo menos 3 dos 5 critérios propostos forem identificados, sendo que úlceras orais recorrentes devem estar presentes dentre os critérios, obrigatoriamente.

doença de behçet

E por que usar?

Embora antigo, é um critério diagnóstico amplamente utilizado, que une características comuns da doença – e por essa razão, apresentou resultados melhores em comparação aos critérios anteriores.

A análise por estes critérios é uma forma simples e rápida, com alta sensibilidade e especificidade para o diagnóstico. Mesmo o critério internacional de 2006 sendo proposto como atualização, o critério de 1990 continua sendo mais específico.

Saiba das limitações e armadilhas

É importante sempre estar atento aos diagnósticos diferenciais, como síndrome de Neuro-Behçet, pênfigo, ou outras causas úlceras orais/genitais.

Ainda, cerca de 7% da população geral apresenta teste de patergia positivo. Avaliar com cautela quando este critério for positivo.

Quais os próximos passos?

Os pacientes devem ser monitorizados quanto a atividade da doença, além dos possíveis efeitos adversos das terapias associadas. Durante o controle da doença, sugere-se acompanhamento a cada 6-12 meses, e exames oftalmológicos anuais.

diagnostico doença de behçet

A Doença de Behçet possui períodos de remissão e ativação, e as suas apresentações podem ser muito variáveis – o que resulta em diferentes tratamentos. Porém, muitas das propostas terapêuticas ainda não possuem embasamento científico consolidado.

 

Revise sobre a Doença de Behçet

A Doença de Behçet é uma vasculite sistêmica idiopática de pequenos vasos, mas que pode envolver artérias e veias de todos os calibres.

O quadro clínico é tipicamente marcado por períodos de melhora e de piora. Classicamente se apresenta pela tríade úlceras aftosas + úlceras genitais + uveíte. Sintomas inespecíficos incluem: fadiga, febre, perda de peso, dores articulares, musculares.

É uma condição rara (5 pessoas/1 milhão/ano) e de distribuição bastante heterogênea. O pico de incidência é entre 25-35 anos.

Após uma anamnese e exame físico completo com sintomas compatíveis, o médico suspeitará do diagnóstico principalmente em indivíduos ~25 anos com quadro de aftas de repetição.

Um exame que se realiza com frequência, e é muito útil para auxiliar no diagnóstico, é o teste de patergia.

Insere-se uma agulha obliquamente (5 mm de profundidade) na pele do paciente na região do antebraço. Após 48 horas avalia-se o local. Se houver a formação de uma pápula ≥ 2 mm o teste é considerado positivo.

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Esse teste reflete uma resposta exagerada cutânea ao trauma, devido a uma hiperreatividade neutrofílica. Esse fenômeno é positivo em cerca de 50% dos pacientes com Behçet e em 7% da população geral.

De toda forma, esse teste apenas auxilia no diagnóstico. O que de fato vai confirmar a hipótese diagnóstica são os critérios ISGBD (1990).

 

Para saber mais sobre este e outros critérios diagnósticos, acesse o nosso app WeMEDS®. Disponível na versão web ou para download para iOS ou Android.

Referências:

Criteria for diagnosis of Behçet’s disease. International Study Group for Behçet’s Disease. Lancet. 1990 May 5;335(8697):1078-80. PMID: 1970380.

O’Neill TW, Rigby AS, Silman AJ, Barnes C. Validation of the International Study Group criteria for Behçet’s disease. Br J Rheumatol. 1994 Feb;33(2):115-7. doi: 10.1093/rheumatology/33.2.115.

International Team for the Revision of the International Criteria for Behçet’s Disease (ITR-ICBD). The International Criteria for Behçet’s Disease (ICBD): a collaborative study of 27 countries on the sensitivity and specificity of the new criteria. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2014 Mar;28(3):338-47. doi: 10.1111/jdv.12107.

 

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