Critérios ICA-AKI para diagnóstico de Síndrome Hepatorrenal

Critérios ICA-AKI para diagnóstico de Síndrome Hepatorrenal

Os critérios ICA-AKI (International Club of Ascites – Acute Kidney Injury) são uma definição e classificação amplamente utilizadas para diagnosticar e monitorar a lesão renal aguda em pacientes com cirrose hepática.

Veja quais são estes critérios, e como utilizá-los na prática clínica diante de um paciente com síndrome hepática renal.

A Síndrome Hepatorrenal é um tipo específico de lesão renal aguda em pacientes com cirrose

A Síndrome Hepatorrenal é uma complicação comum em pacientes com hepatopatia crônica avançada, insuficiência hepática grave e hipertensão portal, que cursa com uma forma de insuficiência renal funcional.

A condição é caracterizada pela perda progressiva da função renal, secundária à vasoconstricção renal e vasodilatação extra-renal, havendo queda da resistência vascular periférica e, eventualmente, hipotensão arterial.

No geral, a mortalidade de pacientes com insuficiência hepática é substancialmente pior se eles desenvolverem síndrome hepatorrenal. As taxas de mortalidade de 1 e 12 meses relatadas nesses pacientes são de 58% e 63%, respectivamente. Mesmo aqueles que sobrevivem à internação são mais propensos a complicações de cirrose, incluindo ascite e encefalopatia hepática.

Critérios ICA-AKI para diagnóstico de Síndrome Hepatorrenal

Como fazer o diagnóstico da síndrome hepatorrenal?

Em dezembro de 2012, o ICA (International Club of Ascites) organizou uma reunião de desenvolvimento de consenso, a fim de chegar a uma nova definição de Lesão Renal Aguda (AKI, do inglês Acute Kidney Injury) em pacientes com cirrose.

Em 2015, os critérios de diagnóstico e estadiamento de Síndrome Hepática Renal do ICA foram revisados para incorporar a definição mais atual de lesão renal aguda, o que configura o seu diagnóstico.

Dessa forma, o diagnóstico de Síndrome Hepatorrenal é composto por 6 itens (critérios ICA-AKI), que devem ser utilizado em pacientes com suspeita diagnóstica, para diagnosticar ou descartar a doença.

  1. Cirrose com ascite / Insuficiência hepática aguda.
  2. Creatinina sérica > 1,5 mg/dL ou aumento ≥ 0,3 mg/dL em 48 horas ou ≥ 50% do valor basal em até 7 dias.
  3. Ausência de melhora da creatinina sérica após 2 dias de retirada de diuréticos e expansão volêmica com albumina (1 g/kg/dia).
  4. Ausência de choque.
  5. Ausência de uso recente ou atual de drogas nefrotóxicas (aminoglicosídeos, AINEs, meios de contraste iodados etc.).
  6. Ausência de doença parenquimatosa renal, definida por:
    1. Proteinúria > 500 mg/dia;
    2. Hematúria > 50 hemácias/campo; e/ou
    3. Ultrassonografia renal anormal.

Para a confirmação do diagnóstico de Síndrome Hepatorrenal, todos os critérios ICA-AKI devem estar presentes.

Critérios ICA-AKI para diagnóstico de Síndrome Hepatorrenal

Como fazer o estadiamento a partir dos critérios ICA-AKI?

A partir do diagnóstico, classifica-se o paciente em 3 diferentes estágios:

Estágio 1 (ICA-AKI 1): aumento da creatinina sérica ≥ 0,3 mg/dl ou aumento de creatinina sérica ≥ 1,5 a 2 vezes da creatinina basal. Pode ser subdividido em:

  • ICA-AKI 1a: sérica < 1,5 mg/dL.
  • ICA-AKI 1b: creatinina sérica ≥ 1,5 mg/dL.

Estágio 2 (ICA-AKI 2): aumento de creatinina sérica > 2 a 3 vezes da creatinina basal.

Estágio 3 (ICA-AKI 3): aumento de creatinina sérica > 3 vezes da creatinina basal ou creatinina sérica ≥ 4,0 mg/dl com um aumento agudo ≥ 0,3 mg/dl ou início de terapia renal substitutiva.

Critérios ICA-AKI para diagnóstico de Síndrome Hepatorrenal

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Referências:

Angeli P et al. Diagnosis and management of acute kidney injury in patients with cirrhosis: Revised consensus recommendations of the International Club of Ascites. Journal of Hepatology. v. 62. Elsevier, 2015. p. 968-974.

Amin AA, Alabsawy EI, Jalan R, Davenport A. Epidemiology, Pathophysiology, and Management of Hepatorenal Syndrome. Seminars in Nephrology. v. 39, n. 1. Elsevier, 2019. p. 17-30.

Acevedo JG, Cramp ME. Hepatorenal syndrome: Update on diagnosis and therapy. World J Hepatol. 2017 Feb 28;9(6):293-299. doi: 10.4254/wjh.v9.i6.293. PMID: 28293378; PMCID: PMC5332418.

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