Cortisol salivar no diagnóstico da Síndrome de Cushing

Cortisol salivar no diagnóstico da Síndrome de Cushing

A dosagem do cortisol salivar é um excelente teste para avaliar a concentração do cortisol no corpo, principalmente no que tange seu aumento sérico por longos períodos, o que constitui o diagnóstico da Síndrome de Cushing.

Como funciona a liberação de cortisol?

O hipotálamo recebe estímulos como luz solar, hipoglicemia, estresse (físico ou emocional) e produz CRH (hormônio liberador de corticotrofina).

O CRH chega então até a hipófise anterior pelo sistema porta-hipofisário. Isso faz com que a hipófise secrete ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) que estimula as três zonas do córtex da adrenal; porém, apenas duas delas são dependentes do ACTH: a zona fasciculada e a zona reticulada. A zona fasciculada produz glicocorticoides e a zona reticulada androgênios.

Há um feedback negativo apenas com a produção de glicocorticoides, com o cortisol inibindo a síntese de ACTH e CRH quando estiver em níveis elevados.

O cortisol é um potente glicocorticoide produzido na zona fasciculada do córtex da adrenal. É um hormônio envolvido com o metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras. Apresenta um importante impacto no aumento dos níveis da glicose sérica, uma vez que é um hormônio contrainsulínico: além de estimular a gliconeogênese, também inibe o efeito insulínico.

O cortisol apresenta nível circadiano: com valores mais elevados próximo das 6-8 horas, caindo gradualmente no decorrer do dia, com valores mais baixos próximos da meia noite.

Cortisol salivar ciclo circadiano

Quando avaliar cortisol salivar?

A dosagem do cortisol na saliva é uma das formas de avaliar as concentrações deste corticoide no corpo, sendo utilizado para auxiliar no diagnóstico da Síndrome de Cushing. Além disso, o exame salivar é mais sensível e específico do que o cortisol plasmático ou urinário para detectar casos leves da doença.

Importante lembrar que o exame de cortisol salivar não é útil para avaliação da insuficiência adrenal.

 

Quais as orientações para coleta?

A coleta para avaliação do cortisol na saliva deve ser realizada com alguns preparos.

Primeiramente, por um período de 30 minutos antes da coleta não será permitido qualquer tipo alimentação ou bebida (com exceção de água). Imediatamente antes da coleta, orientar o paciente para lavar a boca com água através de bochechos leves.

Além disso, orientar o paciente que evite escovar os dentes pelo menos duas horas antes da coleta para evitar sangramento gengival. Em caso de lesões orais com sangramento ativo ou potencial, não realizar a coleta – amostras contaminadas com sangramento gengival evidenciam valores falsos e devem ser desprezadas.

Cortisol salivar no diagnóstico da Síndrome de Cushing

As amostras devem ser coletadas entre 23:30 e 00:30 horas, e guardadas na geladeira para entregar ao laboratório no dia seguinte.

Em uso de tubo simples de coleta, orientar o paciente para que mastigue cuidadosamente uma pequena quantidade de algodão (2 a 3 cm) durante no mínimo 3 minutos, para que ele fique totalmente saturado com saliva. Em seguida, apertar este algodão dentro de um tubo de transporte para a retirada da saliva, e desprezar o algodão.

Em uso de salivette®, retirar o cotonete de coleta do respectivo tubo e orientar o paciente que mastigue cuidadosamente durante cerca de 2 minutos para que o algodão fique totalmente saturado com saliva. Em seguida, colocar a amostra no tubo e tampar.

Cortisol salivar no diagnóstico da Síndrome de Cushing

Cuidados adicionais

Antes da realização do exame de cortisol salivar, alguns cuidados são essenciais. Além dos já mencionados, é preciso estar ciente de que, eventualmente, pode existir reação cruzada com outros esteroides, fazendo com que haja valores falsamente elevados. Ainda, alguns medicamentos podem aumentar ou reduzir os níveis basais de cortisol.

Em geral, os níveis de cortisol na saliva, após coleta salivar realizada entre 23:30 e 00:30, são inferiores a 0,180 microgramas por decilitro.

A interpretação do exame de cortisol salivar com amostra única deve ser feita com muita cautela, não só pelas diversas possibilidades de alteração, como também devido a importante variação do cortisol.

Leia também: Cortisol capilar pode ser um potencial biomarcador de estresse crônico.

 

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Referências:

Pagana, KD; Pagana TJ. Mosby’s Manual of Diagnostic and Laboratory Tests. 6 ed. – Elsiever – 2017.

Caquet, René. 250 exames de laboratório: prescrição e interpretação / René Caquet; tradução de Laís Medeiros, Bruna Steffens e Janyne Martini – 12. Ed. – Rio de Janeiro – RJ: Thieme Publicações, 2017.

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