Cortisol capilar pode ser um potencial biomarcador de estresse crônico

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Embora muito usado de forma informal, estresse é um termo clínico usado para descrever reações cognitivas, emocionais e fisiológicas resultantes de um desequilíbrio entre demandas e recursos percebidos pelo indivíduo.

Porém, os mecanismos biológicos da via estresse-doença em humanos são pouco compreendidos, em parte devido às complexidades inerentes de medir a resposta ao estresse. Nesse sentido, o cortisol é foco de muitos estudos.

Um grupo de pesquisadores propôs o estudo do cortisol como biomarcador de estresse, mas de uma forma inovadora: por análise capilar.

Cortisol: o hormônio do estresse

O cortisol é um hormônio continuamente secretado pelo eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) em ritmo diurno, e pode ser medidos no sangue, urina e saliva. É capaz de afetar o metabolismo de proteínas, carboidratos e gorduras.

Seu efeito é pronunciado nos níveis séricos de glicose, pois tende a aumentar a glicose ao estimular a gliconeogênese dos estoques de glicose. Também inibe o efeito da insulina e, portanto, inibe o transporte de glicose para as células.

A liberação deste hormônio funciona por um mecanismo regulado de feedback. O hormônio liberador de corticotropina (CRH) é produzido no hipotálamo, e estimula a produção do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) na glândula pituitária anterior. Por sua vez, o ACTH estimula o córtex adrenal a produzir cortisol. Os níveis crescentes de cortisol atuam como um feedback negativo para reduzir a produção adicional de CRH e ACTH.

O melhor método de avaliação da atividade adrenal é medindo diretamente os níveis de cortisol plasmático. Normalmente os níveis aumentam e diminuem durante o dia (variação diurna). Os níveis de cortisol são mais elevados por volta das 6h às 8h da manhã e caem gradualmente durante o dia, atingindo seu ponto mais baixo por volta da meia-noite. O primeiro sinal de hiperfunção adrenal pode ser apenas a perda dessa variação diurna.

Essas medidas podem ser mais adequadas para medir respostas agudas ao estresse, pois sua concentração muda rapidamente – o que pode contribuir para resultados conflitantes na literatura.

A medição da concentração de cortisol no cabelo foi proposta como uma forma alternativa de avaliar consistentemente a exposição cumulativa a esse hormônio relacionado ao estresse por um período de semanas a meses, bem como um método de avaliação muito mais simples e não invasivo.

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Cortisol capilar?

Um estudo recente buscou avaliar a associação entre estresse percebido e cortisol capilar em duas amostras cultural e geograficamente distintas de mulheres adultas. Foi levantada a hipótese de que o hormônio capilar pode ser um biomarcador viável para estresse psicológico crônico entre mulheres nessas duas culturas diferentes.

Para as participantes de ambos os países (México e Islândia), amostras de cabelo foram coletadas durante a visita clínica para medir os níveis de cortisol. As amostras foram retiradas do vértice posterior, se houvesse pelo menos 3 cm de crescimento de cabelo (o cabelo foi puxado, e não cortado!). Como o cabelo cresce cerca de 1 cm por mês, os 3 cm mais próximos do couro cabeludo representam os três meses anteriores.

O nível de estresse das participantes foi avaliado pela Escala de Percepção de Estresse. A Escala de percepção de estresse (EPE) inclui 10 perguntas a respeito de sentimentos e pensamentos nos últimos 30 dias, com respostas que variam de “nunca” a “muito frequente”. O objetivo é avaliar o grau em que os entrevistados acharam suas vidas imprevisíveis, incontroláveis e sobrecarregadas.

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Em seguida, uma pontuação é estabelecida e quanto maior a pontuação, maior o nível de estresse. E já é conhecido que quanto maior o nível de estresse, maiores sintomas associados como sintomas de depressão e ansiedade, aumento da suscetibilidade a infecções e doenças cardiovasculares.

Os pesquisadores dividiram os resultados em cinco grupos representando os níveis de estresse dos participantes, com pontuações numéricas para permitir a comparação entre os grupos. Embora a estatística tenha sido modesta, foi notável a associação entre o estresse percebido os níveis de cortisol capilar. As mulheres no quintil mais alto da escala EPE tiveram níveis de cortisol capilar significativamente maior em comparação com o quintil mais baixo.

Embora com limitações, os pesquisadores sugerem que suas descobertas indicam o uso do cortisol capilar como um possível biomarcador de estresse.

Referências:

Rebekka Lynch et al. Perceived stress and hair cortisol concentration in a study of Mexican and Icelandic women. PLOS Global Public Health (2022). DOI: 10.1371/journal.pgph.0000571. https://journals.plos.org/globalpublichealth/article?id=10.1371/journal.pgph.0000571

Bob Yirka, Medical Xpress. Cortisol concentrations in your hair may reveal how stressed you have been. August 2022. https://medicalxpress.com/news/2022-08-cortisol-hair-reveal-stressed.html

 

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