Como tratar um paciente com Neuroblastoma?

neuroblastoma

Neuroblastomas são tumores heterogêneos, originados a partir de células ganglionares simpáticas primitivas. Surgem principalmente na glândula adrenal, e em crianças até os 5 anos de idade.

A neoplasia é responsável por cerca de 15% dos casos de morte por câncer infantil, e o prognóstico depende de diversos fatores: idade do paciente, estadiamento da doença, classificação de risco, condições biológicas.

Veja algumas das opções de tratamento disponíveis para os pacientes com neuroblastoma.

 

O neuroblastoma é a terceira neoplasia mais comum na infância

O neuroblastoma é uma neoplasia de células ganglionares simpáticas primitivas, que acomete principalmente crianças até os 5 anos. Pode acontecer em qualquer região do sistema nervoso simpático, mas a maioria dos casos é no abdômen. Surge principalmente na glândula adrenal.

É a terceira neoplasia mais comum na infância, e a mais comum em lactentes até 1 ano. As apresentações clínicas são heterogêneas, variando de casos assintomáticos até rápida progressão metastática.

A doença é responsável por cerca de 15% dos casos de morte por câncer pediátrico. Felizmente, entre 1975 e 2020 houve uma redução da taxa de mortalidade em ~50%, e a taxa geral de sobrevivência em 5 anos é de 80%. Quanto mais novo o paciente, melhores os resultados – exceto em recém-nascidos, que geralmente apresentam a doença agressiva.

neuroblastoma

Tratamento

O tratamento depende da estratificação de risco dos pacientes: baixo, médio e alto. Essa classificação é determinada por diversos fatores, como estágio da doença, idade do paciente, presença de alterações genéticas etc.

 

Pacientes de baixo risco

São aqueles com tumor localizado, sem marcadores desfavoráveis (como é o caso da amplificação do gene MYC). Para a maioria destes pacientes, é indicada cirurgia de remoção de tumor, com sobrevida média de 95%.

É possível também realizar um gerenciamento por observação – ou seja, monitorar a evolução por ultrassonografia seriada + catecolaminas urinárias. Muitos dos tumores em pacientes de baixo risco regridem espontaneamente. Em caso de progressão tumoral durante a observação, a cirurgia deve ser considerada.

Em geral, não é necessária quimioterapia adjuvante. Esta é reservada para casos sintomáticos, de moderado a alto risco, ou tumores irressecáveis.

Como tratar um paciente com Neuroblastoma?

Pacientes de risco intermediário

São pacientes em estágios mais avançados em comparação aos de baixo risco, com menos de 50% do tumor ressecável ou pacientes com menos de 1 ano.

Nesses casos, sugere-se a quimioterapia neoadjuvante, visando diminuir o tamanho do tumor e eliminação de metástases (quando existem). A cirurgia pode ser realizada posteriormente, em caso de resposta parcial. A radioterapia é reservada apenas para casos graves e com complicações que ameaçam a vida.

E como fazer a quimioterapia?

São realizados de 2-8 ciclos de tratamento, dependendo do prognóstico do paciente – casos favoráveis, de 2-4 ciclos; casos desfavoráveis, 8 ciclos. Para facilitar, usamos o esquema PACE:

P = platina (cisplatina ou carboplatina).

A = antraciclina (doxorrubicina).

C = ciclofosfamida

E = etoposídeo

neuroblastoma

Pacientes de alto risco

São os pacientes com marcadores desfavoráveis, como amplificação de MYC ou outras alterações genéticas. Em geral, também são pacientes mais velhos.

Para estes casos, a abordagem é agressiva e multimodal, e em 4 etapas:

  1. Para a terapia de indução, utilizamos a quimioterapia, que reduz a carga tumoral e permite as tentativas de controle local (como cirurgia). Nesses casos, o esquema PACE inclui mais dois medicamentos: vincristina e topotecana (PACEVT). Inibidores de ALK também são uma opção.
  2. Após a terapia de indução, sugere-se o controle local, com cirurgia.
  3. Após a redução do volume tumoral, realizar quimioterapia em altas doses + transplante de células tronco hematopoiéticas + radioterapia para prevenção de recorrência.
  4. Por fim, a etapa de manutenção inclui imunoterapia com anticorpo monoclonal anti-GD2 + ácido retinóico (tretinoína).

Para pacientes com recorrência / recidiva, os tratamentos são limitados, e devem ser mais agressivos. Além disso, há maior risco de neoplasias secundárias e diversos efeitos colaterais tardios.

Como tratar um paciente com Neuroblastoma?

Considerações finais

Neuroblastomas são tumores heterogêneos, e o prognóstico depende de diversos fatores: idade do paciente, estadiamento da doença, classificação de risco, condições biológicas.

Tumores de baixo ou muito baixo risco apresentam prognóstico favorável e taxa de sobrevida superior a 95%. Em risco intermediário, o prognóstico geralmente é favorável, mas é necessário cautela e monitorização.

Já em pacientes de alto risco, o prognóstico é reservado, com taxa de sobrevida pode ser inferior a 50%. Frequentemente apresenta metástases e alterações cromossômicas importantes.

Lembrando que crianças com câncer devem ser encaminhadas para centros médicos com equipe multidisciplinar, incluindo oncologista pediátrico, radiologistas, cirurgiões, patologistas, enfermeiros e assistentes sociais. O monitoramento dos pacientes deve ser regular e mantido a longo prazo.

como tratar neuroblastoma

 

Quer saber mais sobre esta e outras condições clínicas na pediatria e na oncologia? O conteúdo completo está disponível no nosso app WeMEDS®, incluindo etiologia e fisiopatologia, sinais e sintomas, diagnóstico e complicações. Disponível na versão web ou para download para iOS ou Android.

 

Referências:

NIH – NATIONAL CANCER INSTITUTE. Neuroblastoma Treatment (PDQ®)–Health Professional Version. Disponível em: https://www.cancer.gov/types/neuroblastoma/hp/neuroblastoma-treatment-pdq#_2398 Acessado em: 09/01/2024.

Jason M Shohet, MD, PhD; Jed G Nuchtern, MD, FACS, FAAP. Treatment and prognosis of neuroblastoma. UpToDate®. Dec, 2023.

Google search engine

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui