Como ocorre a Paralisia de Bell?

A Paralisia de Bell é uma condição em que há uma paralisia unilateral de forma aguda do nervo facial, sem que haja ao exame físico ou na anamnese achados que justifiquem tal quadro. Tem esse nome por ter sido descrita pela primeira vez no século 19 pelo médico Charles Bell.

Acomete anualmente cerca de 13 – 34 /100.000 indivíduos, mais comum entre 15-45 anos, e não há predisposição por raça, gênero ou localização geográfica. A condição é responsável por 80% de todas as paralisias faciais periféricas.

Veja mais sobre a condição, incluindo sinais e sintomas, etiologia, fisiopatologia e prognóstico.

Paralisia Facial de Bell: paralisia unilateral aguda do nervo facial

Os pacientes com Paralisia Facial de Bell apresentam uma paralisia facial unilateral de início súbito (em horas), devido ao acometimento do nervo facial. O lado direito e o esquerdo são igualmente afetados, e em menos de 1% dos casos há acometimento bilateral.

Lembre-se: o nervo facial é o VII par craniano, sendo responsável pelo controle de músculos faciais – mímica/expressão (ramo motor) e percepção gustativa dos dois terços anteriores da língua (ramo sensorial).

Tipicamente o acometimento do nervo facial leva a achados que acometem a hemiface paralisada, podendo estar presente em diferentes graus – incapacidade de fechar o olho, de levantar a sobrancelha, de franzir a testa e/ou de sorrir, formigamento dos músculos faciais, redução de lágrimas e saliva, alteração de paladar nos 2/3 anteriores da língua. Além disso, pode haver aumento à sensibilidade ao som, cefaleia e dor ao redor da mandíbula.

paralisia de bell
“Bell’s palsy and partial hypoglossal to facial nerve transfer: Case presentation and literature review.” (Socolovsky M, Páez 2012)

O que sabemos sobre a Etiologia e a Fisiopatologia da Paralisia de Bell?

A etiologia é definida como desconhecida. No entanto, fortes evidências sugerem que a condição seja decorrente de uma infecção/reativação viral por Herpes Simples tipo 1 no nervo facial. Outros vírus, com menos frequência, talvez também possam estar envolvidos, o que inclui herpes zoster, citomegalovírus, Epstein-Barr vírus, adenovírus e rubéola.

Uma vez que a etiologia não é totalmente compreendida, o mecanismo envolvido na Paralisia de Bell também é apenas sugerido.

Acredita-se que haja um reação imune no nervo facial pela infecção do vírus do Herpes simples tipo 1 (HSV-1) localmente. Dessa forma, há disseminação viral axonal com multiplicação, culminando com um processo inflamatório, desmielinizante, refletindo-se em uma paralisia nervosa. Associado a isso há um edema neuronal, o que leva à neuropatia compressiva e consequente lesão neural isquêmica.

Como ocorre a Paralisia de Bell?

Histologicamente, observa-se uma infiltrado difuso inflamatórias com edema no nervo, associado com degeneração da bainha de mielina.

Grávidas do terceiro trimestre e primeira semana pós-parto apresentam risco aumentado de desenvolvimento, provavelmente secundário a alterações imunes da gestação que levam a uma reativação viral, associada a compressão do nervo por edema devido à retenção de líquidos e alterações hormonais.

Há também outras teorias, mas menos aceitas, que defendem que a Paralisia de Bell seja secundária a diversas outras causas: predisposição genética, isquemia do nervo facial, doenças autoimunes, condições metabólicas etc.

 

Qual é o prognóstico?

Como citamos, os pacientes costumam ter o pico da apresentação até 72 horas após o início do quadro. De forma geral, há melhora durante as primeiras 3 semanas, e quadros de menor gravidade têm melhor recuperação.

Sem tratamento, cerca de 70% dos pacientes evoluem sem sequelas, outros 13% com sequelas mínimas e 16% com sequelas importantes. Caso o paciente apresente diversos sintomas e não melhore após 21 dias, a chance de sequelas permanentes é grande.

O parâmetro que melhor revela a possibilidade de recuperação completa dos movimentos da face após a paralisia é a evolução do quadro após 72 horas do início: pacientes que apresentam paralisia incompleta apresentam 94% de chance de recuperação total, ao passo que aqueles com paralisia completa apresentam 61%. Idade avançada, diabetes mellitus, e distúrbio de paladar durante a apresentação também são fatores de mal prognóstico.

A melhora completa pode levar até 6 meses, e a recorrência do quadro pode ocorrer em 7 – 15% dos pacientes em um período médio de 10 anos.

Como ocorre a Paralisia de Bell?

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