A Dengue é uma doença infecciosa febril causada por vírus da DENV. É considerada uma arbovirose: a transmissão ao homem se dá por intermédio de mosquito.
Ainda estamos no primeiro mês de 2024, e já foi relatado um aumento considerado do número de casos de paciente com a doença – mais do que o dobro do registrado em janeiro do ano passado.
Veja mais quais são os sinais e sintomas de um paciente infectado pelo vírus da dengue, e como diagnosticar o quadro.
Mais de 55 mil casos de Dengue em 2024: e o ano está apenas começando
Anualmente são relatados cerca de 80 milhões de casos de dengue no mundo. Ocorre em várias partes do mundo, inclusive em toda a América, excluindo locais muito frios como Canadá e Chile.
O Brasil é o país com maior número de casos por ano. Esse ano, já foram relatados mais de 55 mil casos prováveis, e ainda estamos em janeiro!
A doença possui um padrão sazonal de ocorrência – maior incidência em verão, pois a chuva e temperaturas mais elevadas permitem o desenvolvimento do mosquito transmissor (Aedes aegypti). Dessa forma, a melhor medida de controle é a erradicação do vetor.
Veja também: Ministério da Saúde incorpora vacina da dengue ao SUS.
Como diagnosticar?
De acordo com a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, um caso pode ser confirmado de acordo com alguns critérios. Cerca de 5 – 6 dias (período de incubação) após a picada do mosquito o paciente começa a ter o quadro. São 3 as apresentações clínicas existentes:
Caso suspeito de dengue
Indivíduo que resida em área onde se registram casos de dengue ou que tenha viajado nos últimos 14 dias para área com ocorrência de transmissão ou presença de Aedes aegypti. Deve apresentar febre, usualmente entre dois e sete dias, e duas ou mais das seguintes manifestações (PROBLEMAS):
P = Prostração.
R = Rash – exantema do tipo morbiliforme, podendo ter prurido, que aparece a partir do terceiro dia dos sintomas.
OB = dor retro OrBitária.
L = Leucopenia às custas da neutropenia.
E = Êmese.
M = Mialgia.
A = Artralgia.
S = Cefaleia (“Sefaleia”).
Em crianças, o quadro pode ser assintomático ou com sinais e sintomas inespecífico como astenia, sonolência, diarreia. Em menores de 2 anos, pode estar presente choro persistente, adinamia, irritabilidade.
Dessa forma, também pode ser considerado caso suspeito toda criança proveniente de (ou residente em) área com transmissão de dengue, com quadro febril agudo, usualmente entre dois e sete dias, e sem sinais e sintomas indicativos de outra doença.
Dengue com sinais de alarme
É definido como um caso suspeito + pelo menos um sinal de alarme. A partir do 3 – 4º dia do caso suspeito, há melhora da febre, porém pode evoluir para esse quadro mais grave. Os ALARMES são:
A = Aumento de hematócrito.
L = Letargia e hipotimia.
A = Dor Abdominal.
R = vômitos (Rauuuuull).
M = Megalia (hepatomegalia).
E = Edema.
S = Sangramento de mucosas.
Dengue grave
Definido como um caso suspeito + pelo menos um sinal de gravidade. São estes: extravasamento plasmático grave (choque), insuficiência respiratória, sangramento grave ou comprometimento grave de órgãos.
Prova do laço
A Prova do Laço deve ser realizada na triagem, obrigatoriamente, em todo paciente com suspeita de dengue e que não apresente sangramento espontâneo. A prova deverá ser repetida no acompanhamento clínico do paciente apenas se previamente negativa.
A prova do laço é realizada da seguinte maneira:
- Verificar a pressão arterial e calcular o valor médio pela fórmula (PAS + PAD) /2.
Por exemplo, PA de 100 x 60 mmHg à 100+60=160 à 160/2=80. Logo, a média de pressão arterial é de 80 mmHg.
- Insuflar o manguito até́ o valor médio e manter durante cinco minutos nos adultos e três minutos em crianças.
- Desenhar um quadrado com 2,5 cm de lado no antebraço e contar o número de petéquias formadas dentro dele.
A prova será positiva se houver 20 ou mais petéquias em adultos e 10 ou mais em crianças. Atenção para o surgimento de possíveis petéquias em todo o antebraço, dorso das mãos e nos dedos.
Se a prova do laço apresentar-se positiva antes do tempo preconizado para adultos e crianças, a mesma pode ser interrompida.
Confirmação diagnóstica laboratorial
O médico deve realizar um exame físico completo, com anamnese questionando fatores de risco relacionado com a doença (exposição a áreas endêmicas). A confirmação diagnóstica é feita por exames.
Sempre devemos pedir exame confirmatório?
Não! Devemos pedir sempre apenas em períodos não-epidêmicos; em períodos epidêmicos, devemos solicitar apenas para pacientes dos grupos C (presença de pelo menos um sinal de alarme) e D (dengue grave).
Pode ser considerado positivo um quadro clínico associado a uma ou mais das seguintes:
- Isolamento viral / PCR nos primeiros 5 dias.
- Sorologia positiva (ELISA) a partir do 6º dia.
- Sorologia positiva para antígeno NS1 até o 9º dia.
- Aumento de pelo menos 4 vezes nos títulos de anticorpos em testes de neutralização por redução de placas (PRNT) e Inibição da hemaglutinação (IH).
Na impossibilidade de realização de confirmação laboratorial específica ou para casos com resultados laboratoriais inconclusivos, deve-se considerar a confirmação por vínculo epidemiológico com um caso confirmado laboratorialmente, após avaliação da distribuição espacial dos casos confirmados.
Quando descartar a doença?
Um caso de dengue deve ser descartado nas seguintes condições:
- Diagnóstico laboratorial não reagente/negativo, desde que as amostras tenham sido coletadas no período oportuno, além de armazenadas e transportadas, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde.
- Diagnóstico laboratorial negativo para dengue e positivo para outra doença.
- Caso sem exame laboratorial, cujas investigações clínica e epidemiológica são compatíveis com outras doenças.
Todo caso suspeito, principalmente gestantes, casos graves e óbitos, deve ser descartado a partir do resultado de duas sorologias não reagentes ou PRNT, em função da possibilidade de reação cruzada entre DENV e ZIKV.
Quer saber mais sobre a dengue, incluindo exames complementares, complicações, prognóstico e tratamento? No nosso app WeMEDS® você encontra o conteúdo completo. Disponível na versão web ou para download para iOS ou Android.
—
Referências:
World Health Organization. Dengue: guidelines for diagnosis, treatment, prevention, and control – new edition. WHO, Geneva 2009. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789241547871
Rothman, AL. et al. – Clinical manifestations and diagnosis of dengue virus infection. In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA.