O câncer de pâncreas é uma neoplasia maligna agressiva que se origina do tecido glandular pancreático, afetando principalmente a região da cabeça pancreática. Mais de 95% dos casos são do tipo adenocarcinoma.
Entenda mais sobre a doença, como realizar o diagnóstico e opções de tratamento.
Câncer de pâncreas: um câncer raro, mas agressivo
O câncer de pâncreas é uma neoplasia rara, especialmente antes dos 30 anos. Estima-se que até o fim desse ano, cerca de 64 mil pessoas sejam diagnosticadas nos EUA – o que corresponde a 3% dos casos de câncer. No Brasil, o risco estimado é de 5,07 casos para cada 100.000 habitantes, segundo o INCA – ocupando o 14º lugar entre os tipos mais frequentes.
Pacientes predispostos geneticamente, quando entram em contato com algum fator de risco (ou simplesmente têm determinados genes ativados ou suprimidos), iniciam com displasia leve tecidual, evoluindo para moderada e grave, para aí se transformar em adenocarcinoma pancreático. A origem dessa neoplasia se dá quase que totalmente no epitélio ductal, região responsável por produção de enzimas pancreáticas – pâncreas exócrino.
Inicialmente a maioria dos pacientes são assintomáticos
Isso dificulta muito o diagnóstico precoce, bem como o tratamento do câncer pancreático. O prognóstico é extremamente ruim, mesmo para os pacientes que iniciam tratamento. As taxas de mortalidade são de 80% em 1 ano do diagnóstico, e até 96% em 6 anos.
E quando há sintomas?
Os pacientes quando sintomáticos apresentam a tríade clássica: Dor abdominal + Perda ponderal + Icterícia colestática.
A dor abdominal está presente em 80% dos casos de pacientes com câncer de pâncreas, caracterizada inicialmente por dor em região epigástrica. Evolui para dor “em faixa” – irradia para as costas. A perda ponderal ocorre em 85% dos casos, principalmente secundária à anorexia – há secreção tumoral de determinadas substância anorexígenas como caquexina.
Secundário à obstrução tumoral periampular, há compressão colédoco distal, e o quadro de icterícia colestática leva a colúria, acolia fecal e prurido. Observado em neoplasias de cabeça pancreática. Ocorre em 60% dos casos.
Adicionalmente, pode ser evidenciado o desenvolvimento de diabetes mellitus em pacientes sem a comorbidade prévia, bem como tromboflebite superficial (Síndrome de Trousseau). Cerca de 13% dos pacientes com câncer de pâncreas apresentam vesícula palpável e indolor, decorrente da obstrução do ducto biliar comum com a consequente distensão biliar. Conhecido como sinal de Courvoisier-Terrier, e característico de neoplasia de cabeça de pâncreas.
Por fim, outros achados podem incluir hepatomegalia, linfonodomegalia, ascite/massa abdominal, insuficiência pancreática exócrina.
Como diagnosticar?
Após a suspeita diagnóstica, o médico deverá solicitar alguns exames para confirmação:
- Ultrassonografia Abdominal – útil para triagem. Sensibilidade 80%.
- Tomografia Abdominal Total com Contraste – auxilia no estadiamento. Sensibilidade de 90% e especificidade de 95%.
- Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica ou Ultrassom Endoscópic – em caso de dúvida diagnóstica após TC. Sensibilidade e especificidade > 95%.
- RX de tórax – exclusão de metástases pulmonares.
- CA-19-9 – útil para avaliar resposta ao tratamento e identificação de recidivas.
E a biópsia?
A confirmação histológica só é necessária em casos de tumores irressecáveis para direcionar a quimioterapia ou em casos de dúvida diagnóstica. Quando possível, realizar com ecoendoscopia pois a percutânea (auxiliada por métodos de imagem) pode levar à disseminação peritoneal.
Orientações gerais de tratamento
Primeiro, dividimos em lesões ressecáveis ou irressecáveis.
Lesões ressecáveis são aquelas em que não existe a invasão vascular de tronco celíaco ou de artéria mesentérica superior.
Lesões ressecáveis e sem disseminação são tratadas com ressecção cirúrgica total através de pancreatoduodenectomia (Whipple) no caso de a lesão ser na cabeça do pâncreas; e pancreatectomia distal subtotal com esplenectomia se a lesão for em corpo ou cauda.
Pelo fato de grande parte dos pacientes com câncer pancreático terem recorrência após a cirurgia, seja por falha cirúrgica ou progressões locais/distância, é necessária a quimioterapia sistêmica adjuvante com início até 6 semanas após o procedimento cirúrgico.
Tumores irressecáveis são aqueles com metástases ou com invasão vascular de tronco celíaco ou de artéria mesentérica superior. Em doenças primariamente irressecáveis, pode ser realizada quimioterapia neoadjuvante (antes da cirurgia), pois há possibilidade de tornar a lesão ressecável após o uso da quimio/radioterapia.
Pacientes paliativos têm indicação cirúrgica apenas para melhorar os sintomas. Realiza-se, por exemplo derivação biliodigestiva, para que haja correta drenagem do conteúdo hepatopancreático, diminuindo assim a icterícia e a dor.
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Referências:
Sekhoacha M, Riet K, Motloung P, Gumenku L, Adegoke A, Mashele S. Prostate Cancer Review: Genetics, Diagnosis, Treatment Options, and Alternative Approaches. Molecules. 2022 Sep 5;27(17):5730. doi: 10.3390/molecules27175730. PMID: 36080493; PMCID: PMC9457814.