Boas práticas em Refluxo Extraesofágico são atualizadas pela Associação Americana de Gastroenterologia

refluxo sindrome de lemierre

Em abril desse ano, a AGA (American Gastroenterological Association) revisou as evidências sobre manejo de pacientes com sintomas de refluxo extraesofágico na Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE).

A atualização inclui 10 direcionamentos práticos que auxiliam na identificação de melhores abordagens para diagnóstico, avaliação e terapia.

Refluxo extraesofágico na DRGE

Os sintomas de refluxo extraesofágico (REE) compreendem um subgrupo da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) que pode ser difícil de diagnóstico devido a sua natureza heterogênea e sintomas que se sobrepõem a outras condições. Isso resulta na necessidade de considerar todos os sintomas para diagnosticar, manejar e tratar essa condição.

Com o aumento da frequência de casos de DRGE, considera-se a maior necessidade de compreensão dos sintomas de REE, estes que podem representar uma dificuldade aos médicos, uma vez que podem variar e não serem exclusivos de DRGE, além de não serem muitas vezes responsivos aos inibidores de bomba de prótons (IBP).

Os sintomas extraesofágicos podem incluir: tosse, rouquidão laríngea, disfonia, fibrose pulmonar, asma, erosões dentárias/cárie, entre outros. Ainda, muitos pacientes não referem azia ou regurgitação, o que dificulta para os médicos determinar se o refluxo ácido está contribuindo para os sintomas.

tosse sintomas extraesofágicos

Para auxiliar os médicos no diagnóstico e manejo dos sintomas do refluxo extraesofágico, foi elaborada a publicação de boas práticas pela AGA, com 10 aconselhamentos baseados em revisão de literatura e em opiniões de especialistas.

Boas práticas para avaliação de refluxo extraesofágico

  1. É essencialmente necessário que os gastroenterologistas estejam cientes de possíveis sintomas extraesofágicos na DRGE. Devem sempre questionar os pacientes nas avaliações.
  2. Considerar a necessidade de uma abordagem multidisciplinar para o refluxo extraesofágico, o que exige muitas vezes a necessidade de outras especialidades e realização de exames como: broncoscopia, exames de imagem na região torácica e laringoscopia.
  3. Ao passo que não há teste diagnóstico para confirmar a associação (se DRGE é a causa de sintomas extraesofágicos), se faz necessária a interpretação dos sintomas do paciente, a resposta à terapia e as informações obtidas de testes endoscópicos.
  4. Preferir primeiramente a realização de testes de refluxo aos estudos de melhora com IBP em pacientes sem sintomas típicos da DRGE.
  5. Lembrar que a resposta terapêutica e os efeitos positivos da terapia com IBP sobre os sintomas extraesofágicos não podem, necessariamente, confirmar o diagnóstico de DRGE. A melhora dos sintomas pode ocorrer por outros mecanismos que não a supressão ácida.
  6. Na suspeita de sintomas extraesofágicos relacionados à DRGE e com um teste com IBP de 12 semanas e melhora inadequada, o médico deve considerar testes para refluxo gastroesofágico patológico.

    doença do refluxo gastroesofagico

  7. Os testes iniciais para avaliar o refluxo devem ser adaptados a apresentação clínica do paciente. Métodos potenciais para avaliar o refluxo incluem estudos de endoscopia digestiva alta e monitoramento ambulatorial do refluxo da terapia ácida supressora, que podem auxiliar no diagnóstico da DRGE, particularmente quando o refluxo não erosivo está presente.
  8. Cerca de 50%-60% dos pacientes com sintomas extraesofágicos não terão DRGE. O teste pode ser considerado para aqueles com um diagnóstico objetivo estabelecido de DRGE que não respondem bem a altas doses de supressão ácida. Estudos de custo-efetividade confirmaram o valor de começar com a monitorização ambulatorial do refluxo, que pode incluir um sensor de pH baseado em cateter, impedância de pH ou cápsula de pH sem fio.
  9. Além da supressão ácida, os sintomas do refluxo extraesofágico também podem ser controlados por outros meios, incluindo modificações no estilo de vida – como evitar comer antes de se deitar, elevação da cabeceira da cama, dormir do lado esquerdo e perda de peso.
  10. Nos casos em que o paciente tem evidência objetivamente definida de DRGE, os médicos devem empregar a tomada de decisão compartilhada antes de considerar a cirurgia anti-refluxo. Se o paciente não respondeu à terapia com IBP, isso prediz uma falta de resposta à cirurgia anti-refluxo.

 

Referência:

CHEN, Joan W. et al. AGA Clinical Practice Update on the Diagnosis and Management of Extraesophageal Gastroesophageal Reflux Disease: Expert Review. Clinical Gastroenterology and Hepatology, 2023. https://www.cghjournal.org/article/S1542-3565(23)00143-X/fulltext

 

Google search engine

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui