A alfafetoproteína (AFP) é uma glicoproteína produzida normalmente durante a gestação pelo feto e, após o nascimento, os níveis séricos reduzem. Mas além de um marcador fetal, a AFP é um marcador tumoral.
Fora do período gestacional, o aumento da alfafetoproteína se relaciona com frequência com o aparecimento de hepatocarcinoma, principalmente em pacientes com hepatopatia subjacente. Logo, é um exame útil para avaliar carcinoma hepatocelular (e também outros tumores), em que há elevação desse marcador.
Avaliação de Alfafetoproteína em neoplasias
A AFP é usada fora do período gestacional como marcador tumoral, em situações em que há produzido de forma errática essa glicoproteína.
A proteína é produzida quando as células hepáticas passam pelo processo de regeneração, e doenças hepáticas crônicas podem resultar em altas concentrações de AFP. Assim, a identificação deste marcador possui uma sensibilidade de 60% e especificidade de 80% para a detecção do carcinoma hepatocelular (CHC).
Estudos mostram que altas concentrações da glicoproteína estão relacionadas a tumores maiores, com maior agressividade e mais invasivos. Níveis séricos mais altos são específicos, podendo chegar a 95%, porém menos sensíveis, visto que menos de um quinto dos pacientes apresenta níveis maiores que 400 ng/mL.
Após o tratamento, usa-se o monitoramento deste marcador como indicador de resposta ao tratamento. Uma redução aos níveis basais, ou próximos à normalidade, indicam sucesso na terapia, enquanto um aumento posterior pode indicar recidivas.
Ainda, a glicoproteína pode estar elevada em câncer testicular, câncer de ovário e tumores de saco vitelino.
Quais são os valores de referência?
Em pacientes adultos não gestantes, o limite máximo de AFP sérica é 40 ng/mL.
Recém-nascidos podem ter concentrações elevadas em condições normais (10000 ng/mL), com posterior declínio. Em gestantes, os valores de referência dependem da semana de gestação.
Atenção! Veja limitações e possíveis interferentes
Na avaliação de neoplasias, os níveis de referência de pacientes submetidos a quimioterapia podem ser reduzidos temporariamente, não necessariamente em função do sucesso da terapia. Recomenda-se repetir sempre que necessário.
Cuidados na coleta também são importantes, visto que a hemólise pode influenciar nos níveis da proteína, não correspondendo ao valor real. Por fim, lembrar que o resultado pode ser método-dependente, e por essa razão os laudos de diferentes laboratórios não podem ser comparados ou interpretados de forma intercambiável.
Há também limitações para avaliação durante a gestação.
Pacientes que realizarão amniocentese devem fazer a coleta de sangue (soro) antes do procedimento, visto que quantidades significativas de AFP podem passar para a circulação materna durante a amniocentese. Caso a coleta não tenha sido realizada antes, aguardar duas semanas para a realização do exame.
Importante lembrar também que os valores de referência mudam dependendo da semana de gravidez, assim como gestações múltiplas podem aumentar o valor de referência. Cada gestante deve ser avaliada de forma individual.
Você conhece as variações da alfafetoproteína no hepatocarcinoma?
Em geral, ao solicitar o exame AFP, o médico está solicitando a proteína total. Mas você sabia que existem variantes, e que é possível avaliar separadamente?
A AFP total avalia, em conjunto, todas as variantes dessa proteína. Mas é possível realizar o teste AFPL3%. Esse teste compara a quantidade de proteína total em relação a sua variante L3. Estudos indicam que quanto maior esse percentual, maiores os riscos do desenvolvimento do hepatocarcinoma. Além disso, o maior percentual pode ser estar associado a tumores mais agressivos.
No entanto, avaliar proteína total parece ser suficiente para determinar diagnóstico/prognóstico tumoral, ou indicar de anormalidades congênitas.
Avaliação na gestação
Como citamos, a alfafetoproteína é uma glicoproteína produzida pelo feto – no saco vitelino até a 11ª – 12ª semana de gestação, e posteriormente pelo fígado fetal. As concentrações no soro fetal aumentam até a 13ª – 14ª semana gestacional, quando atingem o pico.
Durante a gestação, esse teste é usado como um marcador de triagem, indicando maior risco de defeitos congênitos, como defeitos na parede corporal fetal, defeitos no tubo neural e anormalidades cromossômicas.
Isso porque, se o feto tiver alguma alteração na parede corporal, a proteína sérica fetal vaza demasiadamente para o líquido amniótico e é captada pelo soro materno.
Níveis séricos elevados deste marcador na gravidez também podem indicar gravidez múltipla, sofrimento fetal, anormalidades congênitas fetais ou morte intrauterina. Por outro lado, níveis reduzidos também podem refletir anormalidades genéticas como a Síndrome de Down (trissomia do 21) e Síndrome de Edwards (trissomia do 18).
Quando níveis elevados ou reduzidos de alfafetoproteína no soro materno são identificados, é necessária uma avaliação adicional com níveis repetidos no soro, no líquido amniótico e realização de ultrassom.
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