Um grupo de hospitais na Flórida está testando uma nova conexão entre os pacientes e as equipes de saúde: a Alexa. Através deste novo sistema, apertar botões e esperar por uma resposta estão se tornando obsoletos e, provavelmente, fadados ao esquecimento.
Graças ao surgimento de assistentes pessoais digitais, como o popular dispositivo Alexa da Amazon, os pacientes agora podem simplesmente usar suas vozes para obter o que precisam. Por sua vez, o dispositivo encaminha a solicitação para um funcionário encarregado de responder, por exemplo, com um copo d’água, um acompanhante ao banheiro ou ligar ou desligar a TV.
“Alexa, ajuste a medicação.”
A inovação alimentada por voz foi projetada para conectar melhor os pacientes aos membros da equipe.
Pacientes que estão confinados à cama ou estão se recuperando de uma cirurgia podem usar sua voz para se comunicar digitalmente. Isso é especialmente útil para pacientes que não podem segurar ou pressionar o botão de chamada, mas que, via Alexa, ainda podem ser imediatamente conectados a alguém da equipe de cuidado.
O dispositivo Alexa também permite que os próprios pacientes manuseiem os confortos de suas acomodações, como luzes, persianas ou configurações de cama, tudo sem levantar um dedo. Pode parecer exagero, mas qualquer melhora no bem-estar pode auxiliar no processo de recuperação do paciente.
Usando o dispositivo, os pacientes podem manter contato com suas famílias, conectar-se com membros da equipe de atendimento e acessar facilmente notícias e informações. O uso de inteligência artificial para interpretar a intenção do paciente permite que a mensagem seja enviada ao membro da equipe de atendimento somente quando este for solicitado.
Outro ponto positivo da tecnologia é sua facilidade de uso. A voz é intuitiva para os pacientes, independentemente da idade ou conhecimento de tecnologia, tornando-a acessível e útil para a maioria das pessoas.
Embora promissor, alguns cuidados devem ser tomados, principalmente quanto à privacidade do paciente e da equipe de cuidado. Por enquanto, como forma de minimizar possíveis questões sensíveis, os hospitais que implementaram o programa piloto estão seguindo algumas diretrizes.
Por exemplo, as interações com o dispositivo são excluídas dentro de 24 horas e também após a alta de cada paciente. Além disso, se o paciente se sentir incomodado ou não desejar participar do programa, o dispositivo pode ser removido durante o internamento.
Muito além do conforto
A iniciativa da Amazon em desenvolver o suporte de saúde da Alexa Smart Properties partiu de solicitações de hospitais no início da pandemia da COVID-19, com o intuito de aumentar a segurança e otimizar a comunicação entre paciente e equipe.
O feedback dos hospitais permitiu observar que o programa entrega muito mais que apenas bem-estar ao paciente. Por exemplo, um paciente pode chamar um funcionário do hospital em um quarto para que eles saibam que precisam de um cobertor. Isso exige que a enfermeira se desloque até o quarto do paciente, ouça a solicitação, saia do quarto e volte para entregar o cobertor.
Um estudo de caso em unidades de terapia intensiva (UTIs), frequentemente lotadas durante a pandemia, mostrou que um único profissional, verificando 10 pacientes pelo menos 5 vezes por turno, tem uma economia de 50 viagens até a unidade.
Outra vantagem da utilização do dispositivo durante a pandemia está em conectar os profissionais de saúde com os pacientes, onde os provedores puderam aparecer virtualmente nos quartos de pacientes menos graves e avaliar rapidamente suas necessidades e bem-estar.
Desta forma, se um provedor quiser fazer o check-in, o dispositivo pode facilitar o encontro com o paciente sem a necessidade de viajar ou trocar o equipamento de proteção individual (EPI) entre as interações com pessoas diferentes. Isso permite que os hospitais aumentem a produtividade, conservem suprimentos médicos e equipamentos de proteção, como máscaras, luvas e aventais, e liberem tempo da equipe para fornecer atendimento mais personalizado.
Alexa no manejo hospitalar
Mesmo com grande promessa de inserção nos hospitais, dispositivos virtuais, como a Alexa, não substituem os profissionais da saúde. E este nem é o objetivo desta integração.
Como o próprio nome sugere, estes dispositivos são apenas assistentes virtuais. Não são aptos (e provavelmente jamais serão) a substituir a equipe de profissionais qualificados dentro dos hospitais e clínicas.
Embora muitas questões precisem ser revistas e aprimoradas, os primeiros testes de introdução de assistentes virtuais em âmbito hospitalar trouxeram grandes avanços.
Pacientes passam a ter controle maior sobre seu próprio bem-estar durante o internamento, enquanto a equipe de apoio economiza tempo e viagens até o quarto do paciente, podendo manter maior foco em outras questões. Para a administração do hospital, menores custos com equipamentos de proteção podem ser obtidos, além de maior satisfação do paciente e da própria equipe.
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Referências:
Susan Kreimer. Amazon’s Alexa Is Now a Healthcare Provider. Feb 2022.