Medo de agulha? Adesivo de impressão 3D pode substituir a administração subcutânea de vacinas.

vacina contra vírus zika

É inegável a importância das vacinas na história da humanidade: no passado foi responsável por eliminar a varíola e o sarampo; e hoje está nos ajudando no controle da pandemia COVID-19.

De forma sucinta, as vacinas são desenvolvidas para fornecer um antígeno alvo (um vírus causador de uma doença, por exemplo) ao sistema imunológico humano. Desta forma, o organismo é capaz de desencadear uma resposta imunológica protetora e duradoura contra o patógeno, prevenindo (ou atenuando) infecções futuras.

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“Vacinação” rima com “impressão (3D)”

Sabe-se que a formulação e local de aplicação da vacina podem impactar na sua eficácia. Normalmente, a aplicação é muscular ou subcutânea. Mas estudos têm focado na aplicação intradérmica como forma de aumentar a eficácia da vacina. Isso se deve à presença de grande quantidade de células imunes na pele humana, capazes de prolongar a apresentação do antígeno e aumentar a resposta imunológica. Entretanto, injeções por esta via podem ser muito dolorosas e, por isso, pouco atrativas.

Mas, uma equipe formada por membros da University of North Carolina e Stanford University, desenvolveu um método de aplicação de vacinas de forma intradérmica. O que eles fizeram? Microagulhas utilizando impressão 3D.

Adesivo de microagulhas

A proposta do grupo foi desenvolver agulhas pequenas, capazes de perfurar a epiderme e aplicar a vacina de forma indolor. Isso, inclusive, poderia ser feito pelo próprio paciente.

A impressão 3D das microagulhas foi baseada na tecnologia CLIP (em português, produção de interface líquida contínua), que garante alta precisão e consistência no produto. Foram construídos adesivos de matrizes de 10 x 10 microagulhas de dimetacrilato de polietilenoglicol, com 700µm de altura, revestidas com componentes vacinais para o teste em camundongos. A estrutura das microagulhas foi feita de duas maneiras: piramidal (lisa) e facetada (com pequenos sulcos).

A forma facetada aumentou a área das microagulhas, sendo capaz de “carregar” até 36% mais dos componentes da vacina. O estudo mostrou que nas primeiras duas horas, ocorre a maior parte da liberação da vacina, mas persiste por até 72h (3x mais que a aplicação convencional). Desta forma, a aplicação da vacina pelas microagulhas foi capaz de entregar maior carga de antígenos, além de recrutar, ativar e diferenciar células imunes nos linfonodos de forma mais eficiente.

Conclusão

Embora os resultados sejam animadores, o estudo testou a eficácia das microagulhas apenas em camundongos. Ainda há um longo caminho a ser percorrido antes da utilização em massa desta metodologia. Mas, se estes resultados se confirmarem em humanos, o aprimoramento da tecnologia de impressão 3D e sua utilização na vacinação pode fornecer uma plataforma para melhorar e agilizar a imunização global. Assim, o combate à doenças infecciosas pode ganhar um aliado de fundamental importância.

 

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Referências:

Tara Haelle. Scientists Use 3D Printing to Create Injection-Free Vaccine Patch. 2021. 

Shantell M. Kirkendoll. A 3D-printed vaccine patch offers vaccination without a shot. 2021.

Transdermal vaccination via 3D-printed microneedles induces potent humoral and cellular immunity. Cassie Caudill, Jillian L. Perry, Kimon Iliadis, Addis T. Tessema, Brian J. Lee, Beverly S. Mecham, Shaomin Tian, Joseph M. DeSimone. Proceedings of the National Academy of Sciences Sep 2021, 118 (39) e2102595118; DOI: 10.1073/pnas.2102595118

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