A variante C.1.2 do coronavírus ainda não é preocupante

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Introdução

Desde sua origem, o novo coronavírus (Sars-Cov-2) encontrou um mundo globalizado e bastante interconectado, o que facilitou sua disseminação. Atualmente, um voo de Pequim chega a Nova Iorque, São Paulo, Londres, ou qualquer outra grande megalópole global em poucas horas. Ainda, o ambiente interno do avião – pressurizado, com diversas pessoas em um local relativamente pequeno – favorece a disseminação de doenças, visto que tais pessoas podem estar fazendo escalas, e vindo/indo, de qualquer lugar do mundo.

Nesse contexto, quanto mais vírus se espalham, maior é a probabilidade de sofrer mutação e formar variantes. Essas variantes se tornam cada vez mais transmissíveis e resistentes.

As variantes são um processo de seleção natural

O Sars-Cov-2 é um retrovírus – ou seja, um vírus que contêm seu material genético armazenado na forma de RNA simples fita. Esta classe de vírus, quando infecta suas células hospedeiras, a força a produzir uma cópia de DNA viral a partir de seu RNA molde. Este DNA contém as informações necessárias para que a células produza diversas partículas virais que serão posteriormente montadas, formando novos vírus.

Este processo ocorre inúmeras vezes durante uma infecção, principalmente se o hospedeiro nunca teve contato com este vírus antes. Até o corpo ser capaz de ativar sua imunidade adaptativa – aquela responsável por gerar anticorpos e células de memória, levam-se algumas horas.

Durante todo processo de replicação há mutações. Quando determinado vírus sofre uma mutação que confere a ele algum tipo de vantagem para infecção de seu hospedeiro e escape do sistema imune, surge a variante. É um processo de seleção natural! Mutações aleatórias são geradas até que uma delas seja vantajosa e selecionada.

No entanto, (em condições “normais”) estas pequenas mudanças dificilmente geram grandes implicações, uma vez que ocorrem de maneira aleatória e esporádica. Ainda, quando medidas de isolamento são adequadas, as mutações acabam sendo contidas.

Durante a pandemia COVID-19, milhares de pessoas estão sendo contaminadas diariamente pelo coronavírus, e neste cenário as mutações virais aumentam – sendo isto por sí só um bom argumento para a defender o isolamento social e medidas de proteção.

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O surgimento da variante C.1.2

É possível identificar variantes sequenciando as informações contidas no material genético original e comparando-as periodicamente com amostras coletadas por pessoas infectadas. Desde o surgimento do novo coronavírus, muito se tem falado sobre variantes: Sul africana, britânica, brasileira, dentre muitas outras.

É importante frisar que a OMS não recomenda a utilização de países na nomenclatura de variantes virais. Por isso, a utilização de siglas ou outros parâmetros é necessária, evitando preconceitos relacionados a determinada região ou etnia.

Atualmente a OMS reconhece as seguintes variantes do coronavírus: Alpha B.1.1.7, Beta B.1.351, Gama P.1 e Delta B.1.617.2. Recentemente, pesquisadores sul africanos detectaram uma nova variante: a C.1.2.

Esta variante foi detectada inicialmente na África do Sul, entretanto também já foi vista em outros 7 outros países. A C.1.2 possui mutações similares as anteriores que a conferem maior facilidade de infectar células hospedeiras e de resistir a tratamentos. No entanto, ainda tem registrado baixa incidência entre os casos totais.

As vacinas atuais protegem contra a C.1.2?

A variante C.1.2. reúne um conjunto das várias mutações já identificadas em outras variantes. Por compartilhar esse perfil genético, as vacinas já desenvolvidas contra o coronavírus parecem proteger de forma eficaz. Inclusive, essa variante ainda não está na lista de “variantes de preocupação” da OMS, razão pela qual não inclui nenhuma letra grega em sua nomenclatura.

 

CONCLUSÃO

O surgimento de variantes pode ser um perigo internacional, uma vez que se alguma variante tiver a capacidade de “escapar” das estratégias utilizadas pelas vacinas desenvolvidas atualmente retornaremos à estaca zero.

Até que tenhamos uma boa cobertura vacinal no mundo inteiro, é de suma importância que tomemos toda a cautela possível para evitar exposição à ambiente de alto risco de contágio sem a devida necessidade. Ainda, insistir no distanciamento social e uso de máscaras é essencial.

 

Você já leu nosso conteúdo “O distanciamento social durante a COVID-19 afetou o padrão de consumo de álcool?”. Acompanhe mais conteúdo sobre COVID-19 no nosso Portal.

 

Referências:

LENNON, Annie. COVID-19: What do we know about the C.1.2 variant? 2021.

DUARTE, Phelipe Magalhães. COVID-19: Origem do novo coronavírus. Brazilian Journal of Health Review, v. 3, n. 2, p. 3585-3590, 2020.

Tegally, H., Wilkinson, E., Lessells, R.J. et al. Sixteen novel lineages of SARS-CoV-2 in South Africa. Nat Med 27, 440–446 (2021). https://doi.org/10.1038/s41591-021-01255-3

WHO (Switzerland). Coronavirus disease (COVID-19) pandemic. 2021.

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