Desigualdade no Cuidado Parental: impactos na saúde materna e na sociedade

desigualdade no cuidado parental

A desigualdade no cuidado parental reflete a persistente disparidade na participação masculina no cuidado com os filhos em relações heterossexuais. Apesar dos avanços nos direitos das mulheres, elas continuam sobrecarregadas, dedicando mais que o dobro do tempo dos homens às tarefas domésticas e ao cuidado com pessoas, segundo a PNAD Contínua. Essa desigualdade impacta negativamente a saúde mental das mães, o desenvolvimento infantil e a sociedade como um todo.

A desigualdade no cuidado parental impacta a saúde das mulheres

É fundamental que pesquisas evidenciem uma verdade muitas vezes negligenciada: pais e mães, em relações heterossexuais, têm uma responsabilidade compartilhada no crescimento e bem-estar dos filhos.

Embora direitos, posições sociais e rendimentos das mulheres estejam se equiparando aos dos homens, ainda persiste um desequilíbrio significativo na participação masculina no cuidado com os filhos.

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Sobre esse tema, no ano passado a CNN Brasil publicou um texto que explora essa disparidade de forma clara e detalhada.

O texto aborda a sobrecarga materna e seus impactos na saúde mental das mulheres, no desenvolvimento infantil e na sociedade. Segundo dados da PNAD Contínua, do IBGE, as mulheres dedicam mais que o dobro do tempo dos homens ao cuidado com a casa e pessoas, o que gera desgaste físico e emocional.

A ONG Think Olga revela que 86% das mulheres se sentem sobrecarregadas, com uma em cada seis enfrentando ansiedade. Fatores como insegurança financeira e jornadas múltiplas intensificam o problema.

A psicanalista Elisama Santos descreve o “ciclo do caos”, em que mães frustradas e cansadas lidam com práticas parentais inconsistentes, agravando sua frustração. Esse cenário prejudica a qualidade do vínculo entre mãe e filho, aumentando a irritabilidade e comprometendo o desenvolvimento infantil.

O psicólogo Filipe Colombini alerta que mães sobrecarregadas podem apresentar Burnout, afetando habilidades sociais, regulação emocional e desempenho escolar das crianças.

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A pandemia de COVID-19 aumentou (ainda mais) a sobrecarga materna

A desigualdade de gênero agrava a sobrecarga materna. Em 2019, 45% das mulheres com crianças de até 3 anos não trabalhavam, comparado a 10% dos homens. Mulheres pretas e pardas enfrentam desafios ainda maiores.

A pandemia de COVID-19 exacerbou a situação, resultando em perda de empregos e aumento de acidentes domésticos. Entre 2020 e 2021, mais de 1.600 crianças e adolescentes morreram devido a acidentes domésticos, reflexo da sobrecarga parental e da falta de suporte adequado.

Além disso, o Brasil enfrenta desafios estruturais na educação infantil. Apenas 26% das crianças mais pobres de 0 a 3 anos estão em creches, e a pandemia reduziu o número de matrículas.

A precariedade atinge principalmente famílias vulneráveis, onde quase 80% das mulheres com baixa escolaridade não realizam consultas pré-natal suficientes, aumentando os riscos de violência, doenças e desnutrição.

Especialistas concordam que é necessário fortalecer redes de apoio, que vão além de familiares ou babás, e implementar políticas públicas para reduzir a sobrecarga. Mariana Luz, CEO da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, defende programas de suporte aos pais para diminuir o estresse parental e a violência contra crianças.

Segundo Elisa Altafim, pais em situação de insegurança alimentar ou desemprego têm menos condições de proporcionar interações saudáveis e educativas.

Saúde dos pais e desenvolvimento fetal

Primeira Infância e Suporte Materno: a base para um futuro próspero e igualitário

A Primeira Infância, fase crucial para o desenvolvimento infantil, é destacada pela psicóloga Elisa Altafim. Durante esse período, conexões neurais se formam rapidamente, impactando habilidades motoras, sociais, emocionais e cognitivas.

Investir em educação infantil de qualidade reduz criminalidade e desemprego, gerando benefícios sociais e econômicos. Segundo o economista James Heckman, cada dólar investido na Primeira Infância pode trazer até 13% de retorno à sociedade.

Por fim, o texto da CNN ressalta que o autocuidado das mães, embora importante, não é suficiente sem uma rede de suporte adequada. Elisama Santos enfatiza que, além de se cuidarem, as mães precisam ser cuidadas, e a sociedade tem um papel essencial nesse processo.

Investir em suporte à maternidade e na Primeira Infância é, portanto, investir em um futuro mais próspero e igualitário.

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Leia também: Mulheres invisíveis – os riscos de excluir mulheres dos estudos clínicos

Referências:

Aline Sgarbi. Desigualdade de gênero gera sobrecarga materna e impacta desenvolvimento de crianças, dizem especialistas. CNN Brasil. Publicado em 12/10/2023.

 

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