A Doença de Parkinson foi descrita pela primeira vez em 1817, pelo médico inglês James Parkinson. No mundo, mais de 10 milhões de pessoas vivem com a doença, sendo a segunda condição neurodegenerativa mais comum.
A Doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum
A Doença de Parkinson (DP) é uma doença neurológica degenerativa progressiva em que há perda de neurônios em uma região encefálica conhecida como substância negra. Como resultado, há queda de dopamina na área, levando a sintomas principalmente motores, e eventualmente cognitivos e psiquiátricos.
O risco amenta com a idade – acomete cerca de 1% da população acima de 65 anos de idade, e 3% nos maiores de 80 anos. É levemente mais frequente em homens, na proporção 1,5:1.
A etiologia é conhecida?
A etiologia da doença ainda não é conhecida. Hipóteses sugerem a combinação entre fatores genéticos e de meio ambiente:
Fatores Genéticos: várias mutações são descritas, como exemplo nos loci SNA, LRRK2, PRKN, DJ1, PINK1, ATP 13A2.
Fatores Ambientais: exposição à pesticidas, herbicidas, petróleo, manganês, levando à oxidação da dopamina por radicais livres.
Além de causas genéticas e de neurotoxinas ambientais, outras hipóteses sugerem que a gênese da condição pode estar relacionada com a produção de radicais livres endógenos, alterações mitocondriais e envelhecimento cerebral.
A capacidade de realizarmos movimentos depende de um ciclo motor complexo
Quando queremos realizar um movimento, nosso primeiro neurônio motor do córtex cerebral envia uma informação até o segundo neurônio motor para que o ato seja feito. No entanto, esse movimento precisa ser modulado para que seja preciso. Aí que entra dois sistemas: cerebelo e o sistema extrapiramidal.
O sistema extrapiramidal, além de modular o movimento, é responsável por movimentos automáticos (como mexer os braços durante uma caminhada, dirigir) e também auxilia na manutenção do tônus muscular; aqui nos interessa 3 elementos do sistema extrapiramidal: córtex pré-motor frontal, núcleos da base e substância negra.
A substância negra é uma região (no mesencéfalo) com vários núcleos neuronais que produzem melanina (daí ser escura) e dopamina. A substância negra se comunica com os núcleos da base (mais precisamente o núcleo estriado – composto por putâmen + núcleo caudado) através de axônios, em uma via chamada “nigroestriatal”.
A substância negra, através do neurotransmissor dopamina, tem um efeito inibitório sobre o núcleo estriado, que por sua vez, inibe o córtex pré-motor frontal (através do neurotransmissor acetilcolina). O córtex pré-motor em última análise é o responsável pelo controle da atividade motora.
Na Doença de Parkinson há uma degeneração dos neurônios da substância negra; como consequência, há uma queda na produção de dopamina.
Resultado: quando se tem mais de 60% de queda de dopamina, o núcleo estriado não é corretamente inibido, dessa forma, esse núcleo acaba inibindo excessivamente o córtex pré-motor, levando os sintomas motores.
A degeneração neuronal é secundária ao acúmulo de uma proteína pré-sináptica chamada alfa-sinucleína, que é relacionada com a condução de informações. Alterações genéticas fazem com que haja alterações em sua estrutura, levando ao acúmulo anormal dessa proteína na substância negra, formando os chamado “corpo de Lewy” que levam a uma inflamação local “neurite” com posterior morte neuronal.
O quadro de demência no Parkinson, evidentemente, não é explicado pela perda da substância negra. A fisiopatologia não é conhecida; estudos sugerem que seja parecida com a da demência por corpos de Lewy.
Parkinsonismo ou Doença de Parkinson?
O quadro clínico da DP é composto principalmente pela tétrade: tremor em repouso + bradicinesia + rigidez em roda dentada + instabilidade postural.
Leia também: Doença de Parkinson: diagnóstico pelo Critério do Banco de Cérebro de Londres (CBCL).
O Parkinsonismo (ou Síndrome Parkinsoniana) é caracterizado por tremor, hipocinesia, rigidez e instabilidade postural. A causa mais comum é a Doença de Parkinson, considerada como “Parkinson Idiopático”. Porém, outras condições podem evoluir com parkinsonismo, sendo subdivididas em dois grupos: secundário a uma etiologia distinta, ou atípico.
Quer saber mais sobre esta e outras condições clínicas? Acesse o conteúdo completo no app WeMEDS®. Disponível na versão web ou para download para iOS ou Android.
—
Referências:
Hayes M. T. (2019). Parkinson’s Disease and Parkinsonism. The American journal of medicine, 132(7), 802–807. https://doi.org/10.1016/j.amjmed.2019.03.001
Dirkx, M. F., & Bologna, M. (2022). The pathophysiology of Parkinson’s disease tremor. Journal of the neurological sciences, 435, 120196.