Seguindo com o objetivo de informação e conscientização sobre o câncer de mama proposto pela campanha “Outubro Rosa”, nesse artigo trouxemos informações relativas ao antígeno CA 15-3. Esse marcador pode ser utilizado no seguimento de pacientes com câncer de mama, para diagnóstico precoce da recidiva, antes dos primeiros sinais clínicos.
Antígeno CA 15-3
O antígeno CA 15-3 é uma glicoproteína da família das mucinas, produzido pelas células epiteliais normais, especialmente as glandulares mamárias. Pacientes com câncer de mama podem produzir uma maior quantidade deste marcador, que é liberado na corrente sanguínea e pode ser utilizado para monitorar a doença.
Afinal, o que é esse marcador?
O CA 15-3 é uma glicoproteína da família das mucinas (produto do gene MUC1) produzido pelas células epiteliais normais, especialmente as glandulares mamárias. Apresenta pouca ou nenhuma concentração encontrada no soro de indivíduos saudáveis.
Com a destruição do tecido epitelial, como em casos de neoplasia de mama, essa proteína pode cair na corrente sanguínea e ser detectada a nível sérico.
Cerca de 10% das mulheres com câncer de mama em fase inicial apresentam altos níveis de CA 15-3, enquanto esse aumento pode ser detectado em 70% dos casos de câncer de mama metastático. Dessa forma, possui sensibilidade de 50-60% e especificidade de 98% para a doença em estágios avançados e, em geral, quanto maiores os níveis de CA 15-3, maior a carga tumoral.
Uma diminuição no nível desse antígeno ou um retorno ao nível normal pode indicar que o câncer está respondendo ao tratamento, enquanto nenhuma alteração ou aumento pode indicar que o câncer não está respondendo.
Quais os valores de referência?
Como mencionamos, indivíduos saudáveis apresentam pouca ou nenhuma quantidade do antígeno CA 15-3 na corrente sanguínea. Logo, um valor normal é abaixo de 30 U/mL (ou 30 kU/L).
Importante ressaltar que outras condições além do câncer de mama podem elevar os níveis séricos de CA 15-3, o que inclui doenças benignas da mama, endometriose, lúpus, cirrose etc.
Além disso, lembrar que pode existir um aumento transitório do CA 15-3 durante as 4-6 semanas iniciais do início do tratamento, e não se correlaciona com a progressão da doença.
Sugestão de monitorização
O marcador tumoral CA 15-3 deve ser solicitado no seguimento de tratamento de câncer de mama, visando diagnóstico precoce de recidiva, precedendo os sinais clínicos.
Sugere-se primeiro a avaliação pré-tratamento, para determinar os níveis basais. Posteriormente, 2-4 semanas após tratamento cirúrgico e/ou início da quimioterapia, para avaliação da resposta. Em seguida, repetir a cada 3-6 meses após o tratamento para seguimento, para avaliar risco de recidiva.
Na prática, observa-se que os níveis do marcador são reduzidos a partir de um tratamento cirúrgico/quimioterápico que refletem sucesso, e aumentam na presença de recidiva ou ausência de resposta.
Como todo teste diagnóstico e de monitoramento, algumas limitações devem ser destacadas. Veja abaixo.
Limitações
Primeiramente, a utilização de CA 15-3 não deve ser para confirmação diagnóstica! É apenas útil no monitoramento do tratamento.
Ainda, lembrar que o resultado pode ser alterado pela presença de anticorpos heterofilos – anticorpos não específicos que podem estar presentes na corrente sanguínea.
Como citamos, os níveis de referência de pacientes submetidos a quimioterapia podem ser aumentados temporariamente durante as 4-6 semanas iniciais do início do tratamento, e não deve ser correlacionado com a progressão da doença. O acompanhamento e monitorização mais frequente são essenciais nesses casos.
Por fim, o resultado pode ser método-dependente, e por essa razão os laudos de diferentes laboratórios não podem ser comparados ou interpretados de forma intercambiável.
E o CA 27.29?
Tanto CA 15-3 quanto CA 27.29 são marcadores tumorais que avaliam epítopos (porções) diferentes da mesma proteína. Assim, não é necessário solicitar os dois exames, ambos apresentam relevância clínica semelhante.
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Referências
Duffy MJ, Evoy D, McDermott EW. CA 15-3: uses and limitation as a biomarker for breast cancer. Clin Chim Acta. 2010 Dec 14;411(23-24):1869-74. doi: 10.1016/j.cca.2010.08.039. Epub 2010 Sep 8. PMID: 20816948.