Obesidade Infantil: novas diretrizes da Academia Americana de Pediatria

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Em fevereiro desse ano, a Academia Americana de Pediatria publicou um Guia de Prática Clínica para Avaliação e Tratamento de Crianças e Adolescentes com Obesidade. A diretriz é resultado de um trabalho de profissionais de diversas áreas, com objetivo de ultrapassar as barreiras que os pacientes e suas famílias enfrentam ao buscar tratamento para essa doença crônica.

Obesidade em crianças e adolescentes

Mais de 14 milhões de crianças e adolescentes são afetados pela obesidade, fazendo com que essa seja uma das doenças crônicas pediátricas mais comuns. A doença ainda é muito estigmatizada, sendo considerada por uma parte da população como uma consequência de escolhas pessoais, quando na realidade é uma patologia decorrente de fatores genéticos, fisiológicos, socioeconômicos e ambientais (que vem se tornando cada vez mais obesogênicos).

É necessário considerar que indivíduos que passaram por adversidades podem apresentar alterações nos processos metabólicos, imunológicos e epigenéticos, que alteram a regulação de energia e, consequentemente, aumentam o risco para obesidade.

Essas influências tendem a ser mais prevalentes entre crianças que presenciaram um ambiente negativo como experiências de racismo e pobreza. O guia inclui esses fatores na análise das causas da obesidade, além de considerar muitas outras visões a respeito dessa patologia.

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Saiba mais sobre as diretrizes para obesidade infantil

Entre os diversos fatores que influenciam na obesidade, estão:

obesidade infantil nova diretriz

O guia também explora o papel do pediatra e demais profissionais da saúde, e recomenda abordagens como mudanças de comportamento que podem ser adotadas pela criança e pela família. Além disso, também aponta situações em que se pode indicar a utilização de medicamentos para perda de peso e, em alguns casos, a cirurgia bariátrica.

 

FOCO 1: Diagnóstico e medidas:

  1. Medir peso e altura.
  2. Calcular IMC e avaliar IMC percentil.
  3. Comunicar peso e IMC ao paciente e família.

 

FOCO 2: Avaliação dos fatores de risco:

  1. Avaliar fatores de risco individuais, estruturais e contextuais.
  2. Avaliar histórico do paciente de uma maneira compreensiva.
  3. Realizar exame físico.
  4. Avaliar para comorbidades.
  5. Pedir exames diagnósticos e laboratoriais que sejam relevantes.
  6. Avaliar vontade de mudança.

 

FOCO 3: Tratamento:

  1. Tratar comorbidades.
  2. Manejar o tratamento do sobrepeso e obesidade considerando o modelo de cuidado crônico e cuidado domiciliar.
  3. Entregar cuidado não estigmatizante.
  4. Engajar o paciente e a família no tratamento, estabelecendo objetivos e promovendo a utilização de recursos e programas locais.
  5. Para os pacientes elegíveis, oferecer farmacoterapia de perda de peso, em conjunto a uma mudança intensiva de comportamento e estilo de vida (feita em conjunto com profissionais de saúde).
  6. Para pacientes elegíveis com obesidade severa, oferecer avaliação cirúrgica em centros de cirurgia bariátrica.

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No exame físico, quais são os parâmetros que devem ser avaliados?

  1. Sinais vitais: pressão arterial, frequência cardíaca.
  2. Medidas antropométricas: mudanças no crescimento, alteração de peso (ganho).
  3. Gastrointestinais: aumento do fígado.
  4. Geniturinário: acúmulo de gordura suprapúbica.
  5. Musculoesquelético: lordose, dor nos quadris.
  6. Cutâneo: acantose, hirsutismo, acne, estrias.

 

Lacunas e Limitações

Existem algumas lacunas no manejo da obesidade em crianças e adolescentes, que ainda dificultam a ação do pediatra e dos demais profissionais da área da saúde e que necessitam contínua atenção dos pesquisadores:

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Quanto as limitações, o guia não inclui instruções para a prevenção da obesidade, e inclui como amostra apenas crianças a partir dos dois anos de idade (visto que em crianças abaixo dessa etária é difícil medir a adiposidade).

Segundo os autores, informações a respeito dessas questões serão fornecidas em próximos guias. Ficaremos atentos!

Referências:

NEWSMED. Novas diretrizes para a obesidade infantil recomendam intervenções precoces e intensivas. Disponível em: https://www.news.med.br/p/saude/1432880/novas-diretrizes-para-a-obesidade-infantil-recomendam-intervencoes-precoces-e-intensivas.htm. Acesso em 05 de junho de 2023.

HAMPL, S. E. et al. Clinical Practice Guideline for the Evaluation and Treatment of Children and Adolescents With Obesity. y. Pediatrics. 2023;151(2):e2022060640. DOI: 10.1542/peds.2022-060640

 

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