O Escore de Lee e o Escore de Lee-Vasc são índices desenvolvidos para auxiliar na identificação de pacientes com maior risco de complicações cardiovasculares. Mas você sabe a diferença entre eles, e como aplicar cada um na prática?
Escore de Lee (1999): o que é, quando e como usar
O escore de Lee (1999) ou Índice Cardíaco Revisado de Lee foi desenvolvido para auxiliar na identificação de pacientes com maior risco de complicações cardiovasculares em cirurgias não cardíacas e não urgentes. Logo, deve ser utilizado em pacientes candidatos a cirurgias não cardíacas, para prever o risco de complicações cardiovasculares no peri- e pós-operatório.
O escore utiliza 6 critérios para a classificação de risco, e deve-se marcar +1 ponto sempre que houver presença de um deles. Veja:
- Tipo de cirurgia planejada de alto risco.
- Presença de doença isquêmica do coração.
- Histórico de insuficiência cardíaca congestiva.
- Histórico de doença cerebrovascular.
- Insulinoterapia para diabetes.
- Creatinina sérica pré-operatória > 2 mg/dL
Após a soma dos pontos, a interpretação se dá da seguinte maneira:
Lembrando que quanto maior a pontuação, maior o risco de complicações cardiovasculares no peri- e pós-operatório.
Escore de Lee-Vasc (2010): o que é, quando e como usar
O escore de Lee-Vasc (2010) é um índice desenvolvido para auxiliar na identificação de pacientes com maior risco de complicações cardiovasculares em cirurgias vasculares. Este escore é composto por 9 critérios de classificação de risco. Veja:
Após a soma dos pontos, a interpretação se dá da seguinte maneira:
Pontuação ≤ 3 – baixo risco (2,6%).
Pontuação = 4 – baixo risco (3,5%).
Pontuação = 5 – risco intermediário (6%).
Pontuação = 6 – risco intermediário (6,6%).
Pontuação = 7 – risco intermediário (8,9%).
Pontuação ≥ 8 – alto risco (14,3%).
Assim como o Escore Lee, quanto maior a pontuação, maior o risco de complicações cardiovasculares no peri- e pós-operatório.
Limitações e armadilhas
O escore de Lee de 1999 pode subestimar o risco cardiovascular quando usado para avaliação peri-operatória de pacientes submetidos a operações de aorta ou vasculares periféricas arteriais. Nestes casos, prefere-se o Lee-Vasc.
Ambos não levam em consideração fatores como o intervalo entre a doença isquêmica do coração e o procedimento cirúrgico, classificação de angina estável, além de outras condições clínicas. Ainda, nenhum dos escores foi validado na população brasileira.
Após a atribuição de risco, o que fazer?
Pacientes de alto risco geralmente são encaminhados para angiografia, caso ainda não tenha sido realizada. Sempre que possível, adiar a operação. Se a natureza do risco foi isquêmica, recomenda-se realizar cateterismo.
Para pacientes de risco intermediário e baixo que não se submetem à angiografia precoce, testes não invasivos antes da alta podem fornecer informações que levem à decisão de realizar a angiografia.
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Referências:
Lee, T. H., Marcantonio, E. R., Mangione, C. M., Thomas, E. J., Polanczyk, C. A., Cook, E. F., Sugarbaker, D. J., Donaldson, M. C., Poss, R., Ho, K. K., Ludwig, L. E., Pedan, A., & Goldman, L. (1999). Derivation and prospective validation of a simple index for prediction of cardiac risk of major noncardiac surgery. Circulation, 100(10), 1043–1049. https://doi.org/10.1161/01.cir.100.10.1043
Sociedade Brasileira de Cardiologia (2013). Atualização e Enfoque em Operações Vasculares Arteriais da II Diretriz de Avaliação Perioperatória da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol, 10(4), 1-32.
Bertges, D. J., Goodney, P. P., Zhao, Y., Schanzer, A., Nolan, B. W., Likosky, D. S., Eldrup-Jorgensen, J., Cronenwett, J. L., & Vascular Study Group of New England (2010). The Vascular Study Group of New England Cardiac Risk Index (VSG-CRI) predicts cardiac complications more accurately than the Revised Cardiac Risk Index in vascular surgery patients. Journal of vascular surgery, 52(3), 674–683.e3. https://doi.org/10.1016/j.jvs.2010.03.031