Após a pandemia de COVID-19, ficamos em alerta para qualquer possibilidade de novas epidemias. Nesse mês de maio, casos de varíola de macaco têm sido alvo de destaque, e desde 13 de maio, 92 relatos já foram confirmados e 28 são suspeitos e estão sob investigação
Varíola – já estamos vacinados?
A varíola é uma doença infectocontagiosa causada por um vírus ortopoxvírus. Sua transmissão se dá por gotículas respiratórias ou contato direto. Nos primeiros 7-10 dias, é altamente contagiosa e pode levar a morte em até 30% dos casos.
Não há casos diagnosticados desde 1977, desde o programa de vacinação mundial da Organização Mundial da Saúde (OMS). Agora, os holofotes estão virados para esse tema novamente, com o aumento do número de casos de varíola de macacos ao redor do mundo. Mas é importante destacar: embora seja da mesma classe (vírus pox), não estamos falando da mesma doença!
A varíola de macacos não é inédita
O vírus monkeypox já é um antigo conhecido, causador da varíola dos macacos (CID10 B04). O nome se origina da descoberta inicial do vírus em macacos em um laboratório dinamarquês em 1958. O primeiro caso humano foi identificado em uma criança na República Democrática do Congo em 1970.
O vírus pode ser transmitido de uma pessoa para outra por contato próximo a lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama. O período de incubação da varíola dos macacos é geralmente de 6 a 13 dias, mas pode variar de 5 a 21 dias.
A varíola de macacos é uma zoonose viral com sintomas semelhantes aos observados no passado em pacientes com varíola, embora seja clinicamente menos grave. Lesões cutâneas podem ocorrer com mais frequência.
Geralmente a infecção é autolimitada, mas pode ser grave em alguns indivíduos, como crianças, mulheres grávidas ou pessoas com imunossupressão devido a outras condições de saúde. Não há um tratamento específico atualmente, apenas medicamentos de suporte.
Novos casos em 2022
Desde 13 de maio (2022), novos casos de varíola de macacos foram relatados em 12 Estados que não são endêmicos para o vírus. Até a data de 21 de maio, segundo a OMS, 92 casos já foram confirmados e 28 estão sob investigação. Nenhuma morte foi identificada e, no Brasil, ainda não há casos relatados.
Todos os casos relatados até o momento parecem não ter relação óbvia entre eles, nem relação com viagens para áreas endêmicas. A única observação mencionada pela OMS é pela identificação do vírus principalmente (mas não exclusivamente) em homens que fazem sexo com homens, podendo ter transmissão física. Porém, mais casos são necessários para a confirmação dessas possibilidades.
Os vírus são identificados e confirmados pelo teste de PCR, e o sequenciamento do genoma viral de uma das amostras indicou uma correspondência relativa entre os vírus causadores de varíola em 2018 e 2019 na Nigéria, Reino Unido, Israel e Singapura.
Uma nova pandemia?
É necessário cautela antes de disseminar algumas informações e gerar pânico!
Ainda não está claro quem é suscetível à infecção, e qual a forma precisa de contágio. Os casos confirmados parecem não ter uma relação óbvia para determinar tais padrões.
Ainda, a vacina para varíola humana parece oferecer, mesmo que parcialmente, algum tipo de proteção cruzada. Por não ser um vírus desconhecido, o conhecimento acumulado sobre vacinas e acompanhamento médico aceleram as condutas.
E vamos destacar: a pandemia de COVID-19 permitiu um crescimento exponencial na área de microbiologia, produção de vacinas, imunobiológicos.
Além disso, o vírus da varíola de macacos parece não ser tão capaz de sofrer mutações quando o da influenza, por exemplo. Dessa forma, após os primeiros esforços para contenção do vírus, sua disseminação é limitada.
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Referências:
World Health Organization (WHO). Multi-country monkeypox outbreak in non-endemic countries. Disease outbreak News. 21 May 2022.