H3N2: uma epidemia em meio à pandemia de COVID-19

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O padrão de comportamento atual, exigido pela pandemia de COVID-19, com certeza desempenhou um papel na transmissão do vírus da gripe. Rotinas diárias, uso de álcool em gel, distanciamento social e máscaras, de fato influenciaram, e foi possível observar uma redução significativa do número de casos de influenza sazonal em comparação aos anos anteriores.

Com o retorno as atividades presenciais, estamos vivenciando um aumento do número de casos do vírus influenza, em especial da variante H3N2.

Gripe (influenza)

A gripe é uma doença infectocontagiosa causada por diversos vírus da família Orthomyxoviridae, e os sintomas são popularmente conhecidos: febre alta, cefaleia, tosse, dor de garganta, fadiga.  Atualmente, são conhecidos três tipos de vírus dessa família: INFLUENZAVÍRUS A, B, C e D (esse último não causa gripe em humanos).

Uma curiosidade: o termo influenza é de origem italiana, pois em meados de 1700 acreditava-se que a epidemia de gripe que estava ocorrendo na Itália era por “influências” astrológicas.

A influenza sazonal afeta indivíduos em todos os países e, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada ano resulta em até um bilhão de casos, três a cinco milhões de casos graves e até 650.000 mortes relacionadas.

Devido a alta circulação viral, a ocorrência de mutações é considerável, e todos os anos novas “versões” virais são identificadas. Por essa razão, todos os anos as vacinas são atualizadas.

No ano de 2020 (e até meados de 2021) houve uma redução significativa do número de casos de influenza sazonal em comparação aos anos anteriores. Provavelmente, as medidas sociais impostas pela pandemia de COVID-19 participaram desse processo – uso de máscaras, álcool gel e distanciamento social.

Porém, com a redução das restrições, era esperado um retorno no aumento do número de casos de gripe. Ainda, a redução da exposição ao vírus durante a pandemia de COVID-19 potencialmente reduz a imunidade contra influenza. E aí há uma vantagem para os vírus!

 

INFLUENZAVÍRUS A, variante H3N2

O tipo A inclui os patógenos mais virulentos e que resultam nas formas mais graves da doença. Podem infectar tanto humanos quanto animais (diferente dos tipos B e C, que só infectam humanos).

Sua nomenclatura é baseada pelas principais proteínas de membrana, hemaglutinina (H, de 1 a 16) e neuraminidase (N, de 1 a 9). Das variantes mais conhecidas, temos a H1N1, responsável pela gripe espanhola em 1918 e pela gripe suína em 2009.

As notícias mais recentes têm chamado atenção para uma variante do vírus influenza A: a H3N2 – batizada de variante Darwin.

O contágio se dá da mesma forma que a COVID-19 ou o resfriado comum. Sua transmissão é por gotículas liberadas no ar por pessoas infectadas, e o distanciamento físico, uso de máscara e higiene das mãos evita a disseminação viral.

Os sintomas aparecem entre 3-5 dias e incluem febre alta, inflamação na garganta, calafrios, perda de apetite, irritação nos olhos, vômito, dores articulares, tosse, mal-estar e diarreia. As crianças, em geral, são mais afetadas.

Embora a chance de transmissão seja maior em indivíduos sintomáticos – desde o primeiro dia até, em média, 14 dias para crianças e 7 para adultos; pessoas infectadas e sem apresentação de sintomas podem transmitir H3N2.

 

Casos registrados

Em 20 de dezembro (2021), o Paraná já havia confirmado 20 casos de H3N2; uma semana depois, esse número quase dobrou (38 casos). Ainda, um óbito foi registrado – uma senhora de 77 anos.

Bahia, Ceará, Recife somam quase 2 mil casos. No Ceará, 6 óbitos já foram identificados em decorrência da H3N2. Em São Roque, São Paulo, um homem de 83 anos morreu no último dia 22 de dezembro. Uma semana depois, em Brusque, Santa Catarina, foi confirmada a morte de uma paciente de 12 anos.

Com as festividades recentes de Natal e Ano Novo, as estimativas são de um aumento desses números. Provavelmente ao final da leitura dessa matéria o número de casos já vai ter aumentado, resta aguardar as notificações.

 

Quais as recomendações?

Sem pânico! De imediato, pessoas com sintomas gripais devem procurar atendimento médico. Além do tratamento sintomático, é importante realizar a diferenciação entre Sars-Cov-2 e o vírus influenza H3N2. Embora a COVID-19 tenha apresentado maior letalidade (até agora), os casos de H3N2 podem evoluir de forma grave, em especial em grupos de risco.

Além disso, as vacinas atuais para influenza ainda não incluem proteção contra a variante H3N2. Mas a estimativa é de que a nova atualização (em março de 2022) já seja mais específica. Por enquanto, os países estão sendo encorajados a melhorar a vigilância integrada para monitorar influenza e Sars-CoV-2 ao mesmo tempo.

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Referências:

WHO. Influenza Update N° 409. Dec 2021.

WHO. Update 69 – What we know about COVID-19 and influenza. Nov 2021.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Biblioteca Virtual em Saúde. H3N2: novo vírus influenza em circulação no país. 2021.

NSC total. SC confirma primeira morte por H3N2; vítima tinha 12 anos. 30 dez 2021.

São Roque registra primeira morte por Influenza A H3N2

Paraná confirma 20 casos da Influenza H3N2 e um óbito; Estado não está em surto de gripe

CNN. Influenza H3N2: o que explica o aumento dos casos de gripe no Brasil. Dez 2021.

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