O Ministério da Saúde anunciou no dia 6 de junho que o medicamento Tafenoquina foi incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento de pacientes com Malária por Plasmodium vivax.
O medicamento é administrado via oral em dose única, o que aumenta a adesão ao tratamento.
Tafenoquina: nova aprovação do uso no SUS
No último dia 6 foi publicado no Diário Oficial da União uma Portaria que incorpora o uso da tafenoquina no SUS para o tratamento de pacientes com Malária por P.vivax.
Considerando o ciclo de vida do P.vivax, a reativação periódica dos hipnozoítos induz a recorrência clínica repetida. Esta forma é geralmente indetectável, e constitui um reservatório silencioso de transmissão.
Em um estudo recente de fase 3, a tafenoquina em dose única não foi inferior ao uso de primaquina por 14 dias, permitindo a cura radical – eliminação dos hipnozoítos. Seu uso em dose única aumenta a adesão dos pacientes ao tratamento, reduzindo o risco de recidivas.
Lembrando que, assim como a primaquina, a tafenoquina não deve ser utilizada em pacientes com deficiência de G6PD, pelo risco de hemólise. Deve ser realizado teste de identificação da deficiência enzimática antes da prescrição – presente em cerca de 3% da população brasileira.
Malária: definição, epidemiologia, sinais e sintomas e tratamento
A malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários do gênero Plasmodium, transmitidas pelo mosquito Anopheles. No Brasil são 3 espécies principais, sendo o Plasmodium vivax responsável por 90% dos casos.
São cerca de 300 milhões de novos casos por ano no mundo, sendo que durante a pandemia de COVID-19, foram relatados cerca de 13 milhões de casos a mais, aumentando em mais de 60 mil o número de mortes.
A região da África subsaariana continua carregando uma parcela desproporcionalmente alta dos casos da doença – 90-95%. No Brasil, quase a totalidade dos casos estão concentrados na região Amazônica: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Sinais e sintomas
O período de incubação depende da espécie de plasmódio, e para P. vivax é de 13 a 17 dias. Durante o período de incubação, ocorrem sintomas inespecíficos, como mal-estar, náuseas, cefaleia, febre baixa, fadiga (pródromos).
A crise febril pode ocorrer a cada 48 horas (afebril-afebril-febre, febre terçã) ou a cada 72 horas (afebril-afebril-afebril-febre, febre quartã). Inicialmente, o paciente tem um intenso frio (com febre + náuseas + mialgia + tremores) que dura de 30-60 minutos. Apesar da sensação de frio a febre supera os 38°C.
Na sequência, apresenta grande sensação de calor que dura de 4-8 horas. Há hemorragias subconjuntivais, fascies congestas e cefaleia. A febre pode chegar a 41°C. Por fim, há um período de sudorese, com queda de temperatura, muito suor e uma sensação de alívio. Caso não haja tratamento, essas crises podem ocorrer por semanas.
Orientações gerais de tratamento
Os medicamentos antimaláricos são disponibilizados de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e a prescrição e dispensação dos medicamentos antimaláricos no Brasil deve ser feita apenas com resultado laboratorial confirmado.
Algumas questões importantes para não esquecer:
- É necessário indicar a realização do teste para detecção da deficiência de G6PD (medição da atividade) para os pacientes que irão usar a Primaquina. Agora, o mesmo vale para ou Tafenoquina.
- Saber a espécie do plasmódio – escolha correta do esquema terapêutico.
- Idade do doente – crianças e idosos têm toxicidades com algumas drogas.
- Presença de comorbidades ou gravidez.
- Gravidade para internar ou não.
- Saber se já houve infecção anterior – pacientes que tem a primeira infecção, geralmente apresentam formas mais graves.
- Orientar o paciente para ingestão dos medicamentos durante as refeições. Em casos de vômitos até 60 minutos após a ingestão do medicamento, deve-se repetir a dose. Caso passe mais de 60 minutos, não é necessário repetir a dose.
O objetivo do tratamento é curar tanto a forma sanguínea quanto a forma hepática (cura radical), prevenindo assim a recaída. Para isso, utiliza-se a associação de Cloroquina para tratamento das formas sanguíneas com primaquina para o tratamento das formas latentes. Agora, há também a opção da Tafenoquina no SUS.
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Referências:
2021 Ministério da Saúde. TAFENOQUINA PARA TRATAMENTO DE PACIENTES COM MALÁRIA POR PLASMODIUM VIVAX. RELATÓRIO PARA SOCIEDADE.
Junho de 2023 Ministério da Saúde. Ministério da Saúde incorpora medicamento inovador para malária ao SUS.
DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO. Publicado em: 06/06/2023 | Edição: 107 | Seção: 1 | Página: 94. Órgão: Ministério da Saúde/Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde. PORTARIA SECTICS/MS Nº 27, DE 5 DE JUNHO DE 2023
Llanos-Cuentas A, et al. Tafenoquine versus Primaquine to Prevent Relapse of Plasmodium vivax Malaria. N Engl J Med. 2019 Jan 17;380(3):229-241. doi: 10.1056/NEJMoa1802537. PMID: 30650326; PMCID: PMC6657225.