Creatinina: afinal, sabemos o que é?

creatinina
Na rotina médica o exame de creatinina é, sem dúvidas, um dos mais solicitados. Mas sabemos o que realmente é a creatinina? Ou solicitamos esse exame no automático sem saber o que é? Nesse artigo vamos tentar explicar de forma didática justamente isso. Vamos lá.

Nossos músculos necessitam de energia para se movimentar. O “combustível” para isso é a proteína chamada Fosfocreatina (PCr) – produzida no fígado a partir da ingestão de proteínas na dieta.

A enzima creatinofosfoquinase (CPK) catalisa a conversão de Fosfocreatina (PCr) em Creatina (Cr), o que gera ATP (energia) a partir de ADP:

creatinina

A Creatinina é um subproduto posterior da degradação da Creatina, sendo produzida em uma taxa relativamente constante.

  • A Creatinina, sendo inócua na corrente sanguínea, é eliminada exclusivamente pelos rins. Nos rins é livremente filtrada na região dos glomérulos, não sendo reabsorvida em condições fisiológicas, com uma pequena secreção tubular proximal.

Assim, sendo constantemente produzida e eliminada pelos rins, a Creatinina é um importante parâmetro para avaliar a função renal: caso os rins não estejam funcionando adequamente, a creatinina não é eliminada e acaba se acumulando na corrente sanguínea, aumentando seus níveis séricos.

  • Como a creatinina é produzida nos músculos, indivíduos musculosos apresentam taxas basais maiores: p.ex um jovem musculoso pode ter 1,4 mg/dl de creatinina e ter os rins com função normal, ao passo que uma idosa magra com 1,2 mg/dl de creatinina pode ter os rins comprometidos. Assim, não se deve interpretar o exame de forma absoluta: deve-se levar em conta a idade, sexo, peso do paciente. De toda maneira, valores acima de 1,6 mg/dl já refletem sinais de comprometimento renal na maioria dos casos.
    • Quanto maior o nível de creatinina sérica, maior será o comprometimento renal: quando se dobra o valor de referência da creatinina, a taxa de filtração glomerular caiu para a metade

Além disso, importante ressaltar que pode-se ter alguma variação diurna na creatinina, com menores níveis às 7h e pico à 19h. Refeições ricas em proteínas também podem elevar

Como visto, a creatinina é um metabólito filtrado exclusivamente pelo rim, por isso, a partir dela podemos estimar com certa exatidão a taxa de filtração glomerular. Importante ressaltar que os valores obtidos superestimam em 10-15% a real taxa de filtração glomerular, uma vez que há uma pequena secreção ativa de creatinina pelos túbulos renais conforme comentado acima. Valores normais se mantém entre 91-130 ml/min. E como se calcula?

  • Clearance da creatinina = (Concentração da Creatinina Urinária de 24 horas x Volume de Urina de 24 horas)/ (Creatinina sérica x 1440)

Por fim, na prática médica utiliza-se fórmulas que estimam o clearance da creatinina, sem a necessidade da realização de urina de 24 horas, são três as mais utilizadas atualmente:

  • a) Fórmula de Cockcroft-Gault = (140-idade) x peso/ (72x Creatinina sérica). Para mulheres, multiplicar o resultado por 0,85
  • b) Fórmula de MDRD = 1,86 x (Creatinina elevado a -1154) x (Idade elevado a -0,203). Para mulheres, multiplicar o resultado por 0,742; em negros, multiplicar o resultado por 1,212
  • c) Fórmula CKD-EPI = 141 * min(Cr/κ,1)α * max(Cr/κ, 1)-1.209 * 0.993Idade * 1.018 (se mulher) * 1.159 (se negro) – em que α= -0.329 para mulheres e -0.411 para homens;  κ é 0.7 se mulher e 0.9 se homem

 


Observações

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Referências Bibliográficas

 

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