Remdesivir reduz o risco de hospitalização em pacientes com COVID-19

remdesivir

Desde o surgimento da COVID-19, muitos estudos buscam opções terapêuticas para reduzir a carga viral, os sintomas dos pacientes, e também aliviar a sobrecarga dos sistemas de saúde. Aqui no nosso Portal, já mencionamos diversos estudos, e você pode acessá-los clicando aqui.

Dois trabalhos em maio de 2020 já haviam mostrado que, em pacientes hospitalizados em decorrência da COVID-19, o uso de Remdesivir reduz o tempo de recuperação. No entanto, agora em dezembro deste ano foi publicado o primeiro trabalho que evidenciou o uso do antiviral de início precoce em ambulatórios, em pacientes de alto risco não hospitalizados.

Remdesivir

O antiviral remdesivir é um medicamento na forma de pró-farmaco. Quando metabolizado em nucleosídeo trifosfato (sua forma ativa), atua como um análogo de adenosina, competindo pela incorporação nas cadeias de RNA pela polimerase dependente de RNA. Dessa forma há o término tardio da cadeia durante a replicação do RNA viral.

Seu espectro de ação é amplo contra vírus de RNA, e inclui ação contra Sars-Cov-2. Em 2020, o FDA aprovou seu uso emergencial – foi o primeiro dos antivirais.  Sua indicação de uso é via intravenosa, em pacientes com ou sem ventilação mecânica, em geral hospitalizados em decorrência da COVID-19.

No nosso app WeMEDS você pode conferir mais detalhes sobre o medicamento, indicações de uso, posologia, efeitos adversos e suas interações medicamentosas.

 

Uso ambulatorial

Não é de hoje que o Remdesivir vem sendo estudado no tratamento da COVID-19. O estudo ACTT-1 (Adaptive Covid-19 Treatment Trial) começou a ser desenvolvido em fevereiro de 2020, avaliando o uso de remdesivir vs placebo.

Nesse primeiro estudo, 1062 participantes hospitalizados foram incluídos em um ensaio multicêntrico randomizado. Aqueles tratados com remdesivir tiveram um tempo menor de recuperação e um menor risco de progressão para doença respiratória mais grave.

Em dezembro deste ano, um novo estudo publicado na The New England Journal of Medicine indicou que o uso de Remdesivir também pode ser benéfico em pacientes com COVID-19 não hospitalizados, mas com alto risco de progressão.

Os pesquisadores estudaram 562 pessoas não vacinadas de setembro de 2020 a abril de 2021. O grupo de participantes incluía pacientes com alto risco de desenvolver COVID-19 grave: cerca de um terço tinha idade igual ou superior a 60 anos. Ainda, a maioria dos pacientes apresentava comorbidades associadas, como diabetes, hipertensão ou obesidade.

O estudo determinou que o risco de hospitalização ou morte foi 87% menor nos participantes que receberam remdesivir em comparação ao grupo placebo.

O tratamento com remdesivir teve um perfil de segurança aceitável. Dentre as reações adversas, tanto o grupo de tratamento quanto placebo relataram náuseas, dor de cabeça e tosse.

Ainda, diferente dos estudos anteriores com pacientes hospitalizados, o tratamento com remdesivir nesse trabalho foi de 3 dias. Somado ao uso ambulatorial, há um grande avanço na redução do número de pacientes e tempo de permanência nos hospitais.

Como todo trabalho, algumas limitações são pontuadas pelos autores, como o fato de só terem estudado pacientes não vacinados. Além disso, menos de 2% dos pacientes estudados tinham menos de 18 anos.

Apesar disso, os dados apresentados são de extrema relevância, e trazem mais uma opção terapêutica no combate ao coronavírus, especialmente em pacientes com alto risco de progressão para a doença grave.

 

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Referências:

John H. Beigel, et al. Remdesivir for the Treatment of Covid-19 — Final Report. The New England Journal of Medicine. 2020.

Jason D. Goldman, et al. Remdesivir for 5 or 10 Days in Patients with Severe Covid-19. The New England Journal of Medicine. 2020.

Robert L. Gottlieb, et al.  Early Remdesivir to Prevent Progression to Severe Covid-19 in Outpatients. The New England Journal of Medicine. 2021.

Ralph Ellis. Remdesivir May Keep Unvaccinated Out of the Hospital: Study. Medscape. Dec 2021.

 

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