Quais são os Testes de Triagem Neonatal?

Testes de triagem neonatal

Os testes de triagem neonatal são exames realizados em recém-nascidos, geralmente nas primeiras horas ou dias de vida, buscando detectar de forma precoce diversas doenças – genéticas, metabólicas, infecciosas ou endócrinas.

A triagem neonatal permite iniciar tratamentos precoces, muitas vezes prevenindo complicações ou até salvando vidas.

Teste do Pezinho

O Teste do Pezinho é um exame de triagem neonatal para diversas doenças, realizado usualmente com amostra de sangue do calcanhar do bebê.

testes de triagem neonatal teste do pezinho

Quando realizar?

O momento da coleta deverá ser após 48 horas do nascimento, até no máximo 30 dias de vida. Idealmente, entre 3 e 5 dias de vida.

Para pacientes prematuros, o ideal é que coletem próximo do 7º dia de vida. Já para pacientes que receberam transfusões, sugere-se repetir exames de hemoglobinopatias cerca de 90 dias após o nascimento.

 

Quais as doenças rastreadas no Teste do Pezinho?

O Ministério da Saúde propôs metas para a ampliação dos rastreios das doenças pelo teste do pezinho no SUS (Sistema Único de Saúde). Para isso, dividiu em “fases” de implementação. Da seguinte maneira:

  • Fase I: Fenilcetonúria + Hipotireoidismo Congênito.
  • Fase II: Fenilcetonúria + Hipotireoidismo Congênito + Doença Falciforme e outras hemoglobinopatias.
  • Fase III: Fenilcetonúria + Hipotireoidismo Congênito + Doença Falciforme e outras hemoglobinopatias + Fibrose Cística.
  • Fase IV: Fenilcetonúria + Hipotireoidismo Congênito + Doença Falciforme e outras hemoglobinopatias + Fibrose Cística Hiperplasia Adrenal Congênita + Deficiência de Biotinidase.

A grande maioria dos estados do Sul, Sudeste, assim como Distrito Federal e Bahia já estão na fase IV. Demais regiões do Nordeste, Norte, Centro-Oeste estão na fase III. Outros como Tocantis e Amapá ainda na fase II.

Importante ressaltar que a partir de março de 2020 o teste do pezinho passa a incluir o rastreio para Toxoplasmose Congênita para todo o território nacional.

testes de triagem neonatal bebê

Além das doenças rastreadas pelo SUS, existem outras condições que podem ser avaliadas no teste do pezinho. Por serem mais caras, são disponíveis apenas no setor privado. A escolha dos rastreios ampliados deve levar em conta os riscos da criança, a partir de características familiares e gestacionais. No total, existem mais de 50 condições para serem avaliadas.

 

Teste da Linguinha

A língua presa é um achado comum, e muitas vezes ignorado, estando presente desde o nascimento. Ocorre pela permanência de tecido no freio lingual que deveria ter sido “reabsorvido” durante o desenvolvimento fetal.

A língua presa pode comprometer diversas funções realizadas pela língua, como sugar, engolir, mastigar, falar.

 

Quando e como realizar?

O Teste da Linguinha é um exame bem simples e fácil de fazer, em o profissional (médico pediatra, fonoaudiólogo ou odontopediatra) busca detectar a presença de língua presa (anquiloglossia). Deve ser realizado nas primeiras 48 horas de vida, repetindo no final da primeira semana de vida.

Ao examinar clinicamente a boca do recém-nascido (abrindo a boca, elevando a língua), é possível verificar a presença de um freio curto e anteriorizado. Muitas vezes quando a criança tenta colocar a língua para fora, essa fica no formato de um “coração” – com a formação de um sulco no dorso da língua.

Quais são os Testes de Triagem Neonatal

Teste da Orelhinha

Ao nascimento, cerca de 1-6 crianças/1000 nascidos vivos apresentam algum grau de déficit auditivo. Deficiências auditivas não tratadas precocemente levam à grande morbidade ao recém-nascido: redução da capacidade cognitiva, redução no desenvolvimento de linguagem e comunicação.

Quando e como realizar?

O Teste da Orelhinha é um exame de triagem neonatal que busca detectar deficiência auditiva de forma precoce. Pode ser feito a partir do segundo dia de vida, preferencialmente antes do 1º mês de vida. É um teste obrigatório (e gratuito) por lei no Brasil desde 2010.

Habitualmente, um fonoaudiólogo que realiza o exame. O método de rastreio vai depender basicamente da presença ou não de fatores de risco:

Ausência de fatores de risco: usar o EOA (Emissões Otoacústicas Evocadas).

Consiste em colocar um fone de ouvido na criança, emitir estímulo sonoro, e captar o retorno da onda – os dados são plotados em um gráfico. Avalia apenas o sistema de condução e a cóclea (sistema auditivo pré-neural). Pode apresentar falso positivo na presença de secreções no condutivo auditivo. Em resultados alterados, repetir até o 3º mês de vida.

Presença de Fatores de Risco: usar o BERA (Potencial Auditivo de Tronco Encefálico). Sedar a criança e colocar fones para estímulos sonoros. Eletrodos posicionados na cabeça captam alterações eletrofisiológicas. É capaz de avaliar alterações da via neural, até a região do tronco. Pode apresentar falso positivo na presença de imaturidade do Sistema Nervoso. Em resultados alterados, repetir após o 4º mês de vida.

Quais são os Testes de Triagem Neonatal

Diante da manutenção das alterações nos testes de triagem, é necessário investir a etiologia subjacente. Os tratamentos propostos incluem desde uso de aparelhos auditivos até implantes cocleares.

 

Teste do Coraçãozinho

Cardiopatias congênitas incidem em 1-2/100.000 nascidos vivos. O problema é que em aproximadamente 30% dos casos, o diagnóstico não é feito em ambiente hospitalar. Assim, esses bebês podem evoluir com quadro de choque, hipóxia e óbito.

O teste do coraçãozinho busca detectar de maneira precoce as chamadas “cardiopatias congênitas críticas” – ou seja, cardiopatias em que fluxo sistêmico ou pulmonar depende do canal arterial.

O canal arterial fecha-se tipicamente entre 3 e 10 dias de vida. Assim, muitas dessas cardiopatias podem passar desapercebidas, uma vez que os sintomas podem não estar presentes – como cianose e sopros. Daí a necessidade de se detectar antes da clínica para melhorar a sobrevida.

testes de triagem neonatal

Quando e como realizar?

Todo recém-nascido ≥ 35 semanas gestacional deva passar pelo rastreio, em 24-48 horas de vida.

O teste do coraçãozinho é feito utilizando um aparelho de oximetria, colocados nas extremidades aquecidas: membro superior direito (saturação pré-ductal) e qualquer membro inferior (saturação pós-ductal).

Deve ressaltar que o teste apresenta uma especificidade de 99% e sensibilidade de 75% – pode ter falso positivo devido a permanência do canal arterial/forame oval comum nas primeiras 48 horas de vida.

Ainda, eventualmente é incapaz de detectar algumas cardiopatias críticas, como coarctação da aorta – por isso fundamental sempre a realização de um exame físico completo no recém-nascido, buscando detectar sopros ou demais alterações sugestivas de cardiopatias.

Diante de achados alterados no teste de triagem, o recém-nascido deverá realizar avaliação neonatal e cardiológica completa (exame clínico e ecocardiograma em até 24 horas).

Quais são os Testes de Triagem Neonatal

Teste do Olhinho

Mais da metade das causas de sequelas visuais podem ser evitadas se o tratamento for instituído precocemente. O teste do olhinho (ou teste do reflexo vermelho) avalia alterações no eixo visual do olho, como: catarata, glaucoma congênito, retinoblastoma, coriorretinite, hemorragias intravítreas.

A retinopatia da prematuridade também pode ser detectada, mas apenas em casos avançados. Dessa forma, quando o recém-nascido é prematuro, realizar um mapeamento da retina no período entre 4 e 6 semanas de vida.

 

Quando fazer?

O teste do olhinho deve ser conduzido pelo pediatra nas primeiras 72 horas de vida ou antes da alta da maternidade, preferencialmente até o 28º dia de vida (primeiro mês). Recomenda-se repetir o teste durante as consultas de puericultura, pelo menos três vezes ao ano, nos primeiros três anos de vida.

testes de triagem neonatal

Idealmente deve-se fazer o teste em todos os recém-nascidos. Não há uma lei federal que obrigue; no entanto, leis estaduais de alguns estados podem exigir. Para os planos de saúde é obrigatória a realização desde 2010 – segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Na presença de alterações, deve-se encaminhar para oftalmologista para melhor investigação.

 

Saiba mais sobre os Testes de Triagem Neonatal com WeMEDS®

No nosso aplicativo WeMEDS® você encontra o conteúdo completo dos testes de triagem neonatal, incluindo a forma de realização e quais as condutas em casos de alteração.

WeMEDS® está disponível na versão web ou para download para iOS ou Android.

Referências:

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Programa Nacional da Triagem Neonatal.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cuidado Neonatal.

SECRETARIA DA SAÚDE DO PARANÁ. Triagem Neonatal. Disponível em: https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Triagem-Neonatal. Acessado em 25/11/2024.

Google search engine

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui