Variante Ômicron: o quanto devemos nos preocupar?

OMICRON

Com o aumento da cobertura vacinal contra COVID-19 e a redução das medidas restritivas, as chances de mutações no genoma viral aumentam. Recentemente a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou uma nova variante do SARS-Cov-2: a Ômicron (B.1.1.529).

Ômicron

Caracterizada por 50 mutações, a variante Ômicron foi classificada pela OMS como uma variante de preocupação. Diferente das variantes de interesse, para atender aos critérios de variante de preocupação (ou VOC, do inglês variant of concern), as mutações devem gerar importantes mudanças para a saúde pública global. Em geral, há um aumento da transmissibilidade, da virulência ou da apresentação clínica da doença, podendo reduzir a eficácia de vacinas e tratamentos.

Já falamos um pouco sobre como surgem as variantes virais em um post anterior (se você ainda não viu, vale a pena conferir, clicando aqui). Novamente identificamos o padrão: mutações que conferem vantagem ao vírus são selecionadas e mantidas.

Das mutações identificadas na nova variante, a maioria se encontra na proteína Spike, essencial para a entrada do vírus na célula hospedeira e alvo de grande parte das vacinas atualmente disponíveis. Ainda, cerca de 10 foram identificadas na proteína ACE2, também essencial para a infecção viral.

 

Qual a origem?

Os cientistas ainda não têm certeza de onde ou quando a variante Omicron se originou. Até agora, a primeira amostra conhecida da variante foi coletada em 9 de novembro na África do Sul.

Em 26 de novembro, 624 pessoas retornando da África do Sul foram testadas para SARS-CoV-2, e 61 deles testaram positivo. No total, a variante Omicron foi encontrada em 14 dessas pessoas. Ainda, foram identificadas cepas diferentes da variante. Isso significa que muito provavelmente as pessoas foram infectadas de forma independente, por diferentes fontes e em diferentes locais.

Embora tenha sido anunciado que a variante foi detectada inicialmente na África do sul, o Instituto Nacional de Saúde Pública e Meio Ambiente encontrou a variante em amostras colhidas na Holanda no início de novembro. Foi identificada uma alteração na proteína spike, levantando a hipótese do envolvimento da variante Omicron – confirmada em duas amostras.

 

Restrições

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) recomendou a restrição de voos com origem/destino para África do Sul, Botsuana, Suazilândia, Lesoto, Namíbia, Zimbábue, Angola, Malawi, Moçambique e Zâmbia. União Europeia, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos também anunciaram medidas restritivas a viagens e voos.

 

Devemos entrar em pânico?

Embora tenha sido classificada como uma variante de preocupação, a situação (ainda) se mantêm sob controle. Até o momento, houve a identificação de apenas 3 casos da variante no Brasil: todos em São Paulo. O primeiro e segundo caso são de um homem de 41 anos e uma mulher de 37 anos – missionários na África do Sul que vieram visitar familiares no dia 23 de novembro. O terceiro caso é de um homem de 29 anos que chegou da Etiópia em 23 de novembro. Todos passam bem e permanecem em isolamento.

Aqui cabe um parênteses: a CoronaVac é uma vacina desenvolvida a partir do vírus inteiro inativado, e não apenas a partir da proteína spike – o grande alvo das modificações da Ômicron. Assim, a eficácia dela não é alterada em praticamente nada. As demais vacinas, apesar de visarem a proteína spike, são constantemente atualizadas.

Dessa forma, não há motivo para pânico. Isso porque, além de aparentar ser uma variante menos letal, atualizações das vacinas são desenvolvidas e testadas a todo momento.

A disseminação da Ômicron está sendo monitorada de perto em todo o mundo. Ainda não sabemos com precisão quão infecciosa e virulenta é a variante.  Em todo o mundo, especialistas estão em contato diário para responder a essas perguntas. Por hora, nos resta aguardar e manter as medidas de segurança, como uso de máscara e distanciamento social sempre que possível.

 

________________________________________________________________________

Referências:

Carolyn Crist. Omicron Variant Present in Europe a Week Ago: Dutch Officials. 2021.

National Institute for Public Health and the Environment, Ministry of Health, Welfare and Sport. RIVM Committed to health and sustainability. Omicron variant found in two previous test samples. 2021.

James Gallagher. Ômicron: o que se sabe sobre a nova variante do coronavírus detectada na África do Sul. BBC News. 2021.

World Health Organization (WHO). Classification of Omicron (B.1.1.529): SARS-CoV-2 Variant of Concern. November. 2021.

 

 

 

 

 

Google search engine

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui