Novas diretrizes para diagnóstico de Diabetes tipo 2

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Recentemente, a SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) publicou sua diretriz atualizada sobre o diagnóstico de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e pré-diabetes (pré-DM).

Como o diagnóstico era feito até então?

A diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é uma doença endocrinológica progressiva em que há uma resistência periférica à ação da Insulina, e as células beta das ilhotas de Langerhans pancreáticas apresentam um déficit secretório.

Até então, o diagnóstico se baseava nos seguintes critérios:

Critérios DM2
*Sintomas clássicos de hiperglicemia, como poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso. TOTG = Teste Oral de Tolerância à Glicose.

Se apenas um destes exames estiver alterado, é necessário repetir um dos testes para confirmação.

Glicemia ao acaso > 200 mg/dL associada a sintomas típicos e associação de glicemia de jejum ≥ 126 ng/dL e HbA1c ≥ 6,5% simultaneamente não exigem repetição para diagnóstico.

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O que mudou para o diagnóstico?

A dosagem da glicemia 1 hora após o Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG) passa a fazer parte dos critérios diagnósticos.

Segundo a diretriz, é recomendável preferir a dosagem de glicemia 1 hora após TOTG em detrimento das 2 horas anteriormente utilizada, já que esse método é considerado superior e mais prático (algumas evidências a apontaram como uma forma de detecção mais precoce da doença).

Glicemia 1 hora após TOTG:

Normal = < 155 mg/dL.

Pré-DM = entre 155 e 208 mg/dL.

DM = ≥ 209 mg/dL.

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Indicações de rastreamento

Em concordância com o Ministério da Saúde, a diretriz recomenda utilizar o questionário FINDRISC (Finnish Diabetes Risk Score) para definir necessidade de rastreio, além das indicações anteriormente já recomendadas.

Dessa forma, o rastreamento para DM2 deve ser em (1) todos os pacientes com idade superior a 35 anos, ou (2) pacientes até 35 anos com sobrepeso ou obesidade e mais um fator de risco:

mounjaro ou ozempic

Além disso, indica-se o rastreamento em pacientes com (3) pré-DM em exame prévio, (4) diabetes gestacional prévio ou recém-nato grande para idade gestacional, ou (5) FINDRISC alto ou muito alto.

O TOTG não deve ser usado como exame inicial para rastreio. Para isso, deve-se lançar mão da glicemia de jejum e hemoglobina glicada (se disponível).

O TOTG fica recomendado quando glicemia de jejum e HbA1c forem compatíveis com pré-DM. Se glicemia de jejum e HbA1c forem normais, mas o paciente tenha FINDRISC alto ou muito alto, o TOTG deve ser realizado.

 

Como funciona o Finnish Diabetes Risk Score?

O FINDRISC (Finnish Diabetes Risk Score) é um questionário para identificar indivíduos com alto risco de desenvolver DM2. Veja como utilizar:

  1. Idade
    1. Abaixo de 45 anos: 0 pontos.
    2. Entre 45-54 anos: 2 pontos.
    3. Entre 55-64 anos: 3 pontos.
    4. Acima de 64 anos: 4 pontos.

 

  1. IMC
    1. Abaixo de 25 kg/m²: 0 pontos.
    2. Entre 25 e 30 kg/m²: 1 ponto.
    3. Acima de 30 kg/m²: 3 pontos.

 

  1. Circunferência da cintura, medida no umbigo
    1. Homens – Menor que 94 cm: 0 pontos.
    2. Homens – Entre 94-102 cm: 3 pontos.
    3. Homens – Mais de 102 cm: 4 pontos.
    4. Mulheres – Menos de 80 cm: 0 pontos.
    5. Mulheres – Entre 80 e 88 cm: 3 pontos.
    6. Mulheres – Mais de 88 cm: 4 pontos.

obesidade IMC semaglutida

  1. Pratica atividade física diariamente durante pelo menos, 30 minutos, no trabalho e/ou durante o tempo livre (incluindo as atividades da vida diária)?
    1. Sim: 0 pontos.
    2. Não: 2 pontos.

 

  1. Come verdura, legumes e frutas todos os dias?
    1. Sim: 0 pontos.
    2. Não: 1 ponto.

 

  1. Toma ou já tomou regularmente medicação para hipertensão?
    1. Sim: 2 pontos.
    2. Não: 0 pontos.

 

  1. Já apresentou aumento da glicemia alguma vez?
    1. Sim: 5 pontos.
    2. Não: 0 pontos.

 

  1. Tem alguém na família com diagnóstico de diabetes tipo 1 ou tipo 2?
    1. Sim – avós, tia, tio, primo de primeiro grau: 3 pontos.
    2. Sim – pais, irmãos ou filhos: 5 pontos.
    3. Não: 0 pontos.

obesidade

Após a soma dos pontos, avalia-se o risco de desenvolver DM2 nos próximos 10 anos, sendo:

  • Menor que 7 – risco baixo (1%);
  • Entre 7 e 11 – risco levemente elevado (4%);
  • Entre 12 e 14 – risco moderado (16%);
  • Entre 15 e 20 – risco alto (33%);
  • Maior que 20 – risco muito alto (50%).

 

Referências:

https://diabetes.org.br/calculadoras/findrisc/

Melanie Rodacki, et al| Diagnóstico de diabetes mellitus. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2024). DOI: 00.00000/00000.0000-00, ISBN: 000-00-0000-000-0.

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