A Tirzepatida (Mounjaro®) é um agonista duplo dos receptores GIP/GLP-1, atualmente aprovada para tratamento de diabetes tipo 2.
Recentemente, a droga foi estudada como opção para tratar pacientes obesos e não diabéticos, e os resultados foram promissores. Assim, a tirzepatida parece ser superior à Semaglutida tanto em relação ao controle da DM2 quando para redução de peso corporal.
Estudo SURMOUNT-1
A Tirzepatida é um agonista duplo dos receptores GLP-1 (peptídeo-1 semelhante ao glucagon) e GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose). Ambos são hormônios peptídicos secretados pelas células enteroendócrinas do intestino delgado e do cólon. Seu efeito é incretínico, ou seja, aumenta a secreção de insulina estimulada pela glicose e por isso, é aprovada para tratamento de diabetes mellitus tipo 2 (DM2), com o nome comercial de Mounjaro®.
Devido aos seus impressionantes efeitos sobre o peso, a droga foi também estudada em pacientes obesos, não diabéticos. O estudo SURMOUNT-1 demonstrou uma perda de peso média de 20%, com 26% de redução no percentual de gordura corporal. Além disso, também reduziu pressão arterial sistólica e diastólica, triglicerídeos, LDL e aumentou HDL.
Nos EUA, a tirzepatida já foi aprovada pela FDA (Food and Drug Administration) para tratamento da obesidade com o nome comercial de Zepbound®. No Brasil, ainda aguarda aprovação para esse fim.
Mounjaro ou Ozempic: qual a diferença? Qual é melhor?
Todas essas medicações pertencem ao grupo de agonistas dos receptores de GLP-1 (a-GLP1), porém apenas a Tirzepatida é um agonista duplo – além do receptor de GLP-1, atua também nos receptores GIP. Isso acaba intensificando seus efeitos, o que gera maior potência de ação.
Então pode-se afirmar que o agonista duplo é melhor?
O grupo de estudos SURPASS demonstrou superioridade da Tirzepatida em relação ao controle do DM2 com redução da hemoglobina glicada (HbA1c) e redução do peso corporal (fator que influencia diretamente na fisiopatologia dessa doença) em comparação com outras medicações utilizadas no tratamento. A Tirzepatida é superior à Semaglutida (Ozempic®, Wegovy® e Rybelsus®) em relação à redução da HbA1c e redução de peso corporal (quase o dobro). Porém, não dispomos ainda de estudos que comparem diretamente as duas moléculas em relação ao emagrecimento em pacientes não diabéticos.
Ainda assim, uma análise da eficácia das doses máximas recomendadas, com base nos principais estudos clínicos, revela diferenças significativas: a Tirzepatida demostra perda de peso média de 20,9% enquanto a Semaglutida demonstra perda média de 14,9%.
Qual a diferença na forma de administração?
A Semaglutida está disponível no Brasil sob forma de injeção subcutânea semanal (Ozempic®) e por comprimidos diários por via oral (Rybelsus®). Já a Tirzepatida, ainda não disponível no Brasil, está nas farmácias americanas sob a forma de injeção subcutânea semanal.
Qual tem mais efeitos colaterais?
O perfil de reações adversas é semelhante, efeitos gastrointestinais como náuseas, vômitos, diarreia ou constipação. Ainda podem ocorrer fadiga, dores abdominais e refluxo. Para isso, tanto no uso da Semaglutida como da Tirzepatida, é necessária a titulação de dose de acordo com a tolerabilidade do paciente.
A escolha do tratamento adequado deve ser baseada no paciente levando em consideração suas necessidades específicas, indicações e contraindicações. O alto custo dessas medicações também deve ser avaliado.
—
Referências:
Jastreboff, A. M., Aronne, L. J., Ahmad, N. N., Wharton, S., Connery, L., Alves, B., Kiyosue, A., Zhang, S., Liu, B., Bunck, M. C., Stefanski, A., & SURMOUNT-1 Investigators (2022). Tirzepatide Once Weekly for the Treatment of Obesity. The New England journal of medicine, 387(3), 205–216. https://doi.org/10.1056/NEJMoa2206038
Frías, J. P., Davies, M. J., Rosenstock, J., Pérez Manghi, F. C., Fernández Landó, L., Bergman, B. K., Liu, B., Cui, X., Brown, K., & SURPASS-2 Investigators (2021). Tirzepatide versus Semaglutide Once Weekly in Patients with Type 2 Diabetes. The New England journal of medicine, 385(6), 503–515. https://doi.org/10.1056/NEJMoa2107519
