Moduladores positivos podem potencializar os efeitos dos broncodiladores na asma

broncodilatadores na asma

No mês passado, um trabalho publicado na revista PNAS trouxe resultados empolgantes para pacientes que sofrem com asma e crises frequentes.

Pesquisadores da Universidade de Vermont descobriram moduladores que pode aumentar a potência de drogas β-agonistas broncodilatadoras. Se implementado, o uso pode melhorar a eficácia do tratamento, limitar os efeitos adversos e reduzir a necessidade de aumento de dose a longo prazo.

Asma e o uso de broncodilatadores

A asma é uma doença inflamatória crônica em que há graus de obstrução das vias aéreas inferiores (traqueia, brônquios e bronquíolos pulmonares), sem acometer os alvéolos pulmonares). Caracteriza-se por uma hiperresponsividade a estímulos potencialmente não nocivos. Os sintomas são episódicos, geralmente decorrentes de alguma exposição ambiental.

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Diferentemente da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), na qual o infiltrado é neutrofílico e monocitário, na asma há predominância de linfócitos e eosinófilos com espessamento da lâmina reticular.

No processo inflamatório, há uma resposta exagerada do próprio corpo, levando a contração da musculatura brônquica/alveolar, edema e secreção exagerada de muco. Esse mecanismo leva a um estreitamento do calibre das estruturas, levando a graus de obstrução. Isso pode ocorrer de forma aguda (ataques) e/ou de forma mais crônica.

Sem um tratamento adequado, a longo prazo pode haver uma evolução para um Remodelamento Brônquico, o que pode cursar com um estreitamento permanente da árvore respiratória.

O uso de β- agonistas é a abordagem farmacológica mais comum para alívio da broncoconstrição na asma. Porém, a ativação crônica dos receptores β2 resultam em uma dessensibilização específica do agonista, o que contribui para a perda da função e diminuição da eficácia dos β-agonistas no controle da asma.

Com isso em mente, um grupo de pesquisa da Universidade de Vermont propôs, através de métodos computacionais e celulares, uma forma de driblar essa resistência.

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Alterando a conformação dos receptores β2 para potencializar a ação de agonistas

Primeiro, o grupo utilizou análises de bioinformática para selecionar possíveis regiões nos receptores β2 (sítios alostéricos) que poderiam modular a atividade dos β-agonistas. Assim, alteração a afinidade com o receptor, seria possível superar as limitações de resistência.

Escolhidas essas regiões, alguns compostos foram testados como modulares positivos e negativos, a fim de estabilizar a ação dos β-agonistas. De forma geral, foi visto que os moduladores positivos:

  1. Aumentaram a sinalização mediada pela via de ativação β2;
  2. Aumentaram o relaxamento do musculo liso;
  3. Aumentaram a dilatação das vias aéreas, induzidas por β2-agonistas.

Ainda, um dos mecanismos de resistência conhecidos é a degradação do receptor, pois uma vez que a droga atua no receptor, ele pode parar de funcionar (é como se “já tivesse feito seu papel”).

Isso não é um grande problema quando a droga é usada ocasionalmente, mas com o uso crônico, a célula do paciente não tem tempo suficiente para produzir novos receptores entre as inalações. Além da perda da eficácia da droga, com o tempo, pode haver a degradação ou redução da expressão desse receptor.

No trabalho proposto, os moduladores positivos também atuaram nesse sentido, pois não houve perda ou redução da expressão dos β-receptores na superfície celular.

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Esses resultados ainda precisam ser muito explorados, visto que é um artigo preliminar e de seleção inicial de compostos moduladores. No entanto, são dados animadores! Podemos pensar em estudos futuros evidenciando a melhora de eficácia, redução de efeitos adversos, de dose e de resistência dos β2-agonistas.

Referências:

Sushrut D. Shah, Christoffer Lind, Francesco De Pascali et al. In silico identification of a β2-adrenoceptor allosteric site that selectively augments canonical β2AR-Gs signaling and function. PNAS. Vol 119. No 49. Nov 2022. https://doi.org/10.1073/pnas.2214024119

A way to make asthma drugs last longer. by Thomas Jefferson University. Dec 2022.

Gans MD, Gavrilova T. Understanding the immunology of asthma: Pathophysiology, biomarkers, and treatments for asthma endotypes. Paediatr Respir Rev. 2020 Nov;36:118-127. doi: 10.1016/j.prrv.2019.08.002.

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