A estimativa é que até 2035, mais de 1 milhão de médicos estejam em atividade no Brasil!
Segundo o Demografia Médica no Brasil, publicado em janeiro deste ano mais de 560 mil médicos estavam inscritos em algum Conselho Regional de Medicina (CRM). Isso corresponde a 2,6 médicos para cada 100.000 habitantes, e esses dados dobraram desde os anos 2000.
Confira os dados.
Estimativas para 2035: mais de 1 milhão de médicos, a maioria mulheres e mais jovens
Segundo as estimativas, espera-se que até o ano de 2035, entre 1.016.121 e 1.032.753 médicos estejam com registros ativos no país, o que corresponde a mais de 4,4 médicos para cada 100.000 habitantes. Essa população de profissionais deve ser mais jovem e composta por mais mulheres já a partir de 2024.
A população brasileira é composta por uma maioria de mulheres (~51% – quase 5 milhões de mulheres a mais do que os homens). Essa proporção também tem sido mais evidente nas áreas de saúde atualmente, e desde 2009 a taxa de mulheres médicas dobrou – de 133.000 para 260.000 em 2022.
Para 2035, espera-se um crescimento de cerca de 118% para esse grupo, comparado a expectativa de 62% para homens médicos.
Distribuição de médicos não será igual entre os estados do Brasil
Os dados de projeção indicam que a distribuição dos profissionais não será homogênea no país.
Enquanto a média deve se manter nos estados de Minas Gerais, Paraíba, Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina, acredita-se que no Distrito Federal a razão de médicos para cada 1.000 habitantes será de 8,29.
Em contraste, Maranhão, Amazonas, Acre e Paraná apresentam razões menores do que 2,1. Esses dados evidenciam que, embora o número de profissionais formado seja cada vez maior, a distribuição geográfica não acompanha os padrões, e o acesso à saúde em algumas regiões segue limitado.
Médicos especialistas – quais são as tendências?
No ano passado, pouco mais de 60% dos médicos brasileiros possuíam alguma especialização, comparado a todos os profissionais formados. Essa taxa vem crescendo nos últimos anos, e é esperado que essa tendência de crescimento se mantenha até 2035. Porém, de forma não tão evidente quanto o número de médicos generalistas.
A questão limitante, neste caso, é o número de vagas. Há um crescente aumento do número de vagas de graduação no país. Desde 2014, mais de 20 mil novas vagas em escolas médicas foram criadas – após a Lei Mais Médicos.
No entanto, as vagas para residência médica não acompanham a formação médica. Em 2021, por exemplo, houve uma oferta de pouco mais de 24 mil vagas de residência, comparado a mais de 35 mil médicos formados.
Ainda, aqui nos deparamos novamente com a questão da desigualdade: todas as vagas abertas na área médica nos últimos 10 anos, apenas 10% foram em instituições públicas. Desde 2014, a taxa de crescimento de vagas para medicina em universidades públicas foi de 2,4% ao ano, comparado a 10,8% em universidades particulares.
Como estamos em comparação com outros países?
Em janeiro desse ano, a razão de médicos brasileiros para cada 1.000 habitantes (de 2,26) ainda está abaixo da média mundial – 3,36. Nossos valores são próximos a de países como Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos e Canadá.
Os menores índices de médico/habitante são vistos na Indonésia, África do Sul e Índia, ressaltando a desigualdade dos serviços de saúde e atendimento médico conforme a distribuição geográfica numa escala global.
A média salarial é a menor vista desde 2012
Segundo a Receita Federal, a renda média do médico em 2020 foi de R$ 30.000, sendo maior para profissionais mais velhos, e 36% menor para mulheres. Também de forma desigual, o rendimento varia entre os estados brasileiros, com maiores rendimentos nas capitais, e menores no interior.
No sentindo inverso do crescimento da profissão, esse rendimento é o menor registrado desde 2012 – que era de R$ 34.100. Ao longo dos anos, a média de salário reduziu 11,2%. Em partes, pode-se justificar por todas as questões aqui mencionadas: maior número de estudantes de medicina, maior número de profissionais no mercado, profissionais mais jovens.
Confira mais dados em Demografia Médica no Brasil – 2023
A produção técnica desse ano produzida pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo está disponível online e contém todas as informações descritas nesse artigo, além de outras como consultas médicas e trabalho durante a pandemia de COVID-19. Acesse o link nas nossas referências.
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Referências:
SCHEFFER, M. et al. Demografia Médica no Brasil 2023. São Paulo, SP: FMUSP, AMB, 2023. 344 p. ISBN: 978-65-00-60986-8. https://www.fm.usp.br/fmusp/noticias/lancado-o-estudo-demografia-medica-no-brasil-2023
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